CCBS - o ponto de encontro do micreiro
Autor: David de Carvalho
Você já deve ter notado a sigla CBBS , ou BBS, em algum publicação ou num bate-papo, e ficado “boiando”. CBBS significa Computer Bulletin Board System (Sistema de Quadro de Avisos Computadorizado). Não melhorou muito né? Então vamos falar um pouco mais a respeito.
Com a queda de preços dos modens, a partir da década de 70, e também com a possibilidade de ter um microcomputador em casa, logo os curiosos ( e qual o micreiro não é) tiveram a grande idéia de ligar os seus Apple ou TRS's pelo telefone, e foi o que fizeram.
O mais interessante é que o negócio funcionava. Um ligava o seu Apple em casa ( em cima de duas caixas de pizza e de um xerox do manual do Visicalc) com o micro de um amigo a enorme distância de 2 quadras, e dava até para trocar “figurinhas” pelo telefone. È lógico que, a 300 bps, era mais rápido pegar a bicicleta e levar a fita cassete ou o disquete (de 180 kB) do que transmitir, mas aí que graça tinha?
O tempo passou, os micros cresceram (PC com 256 kB, imaginem), e os modens também. Em meados dos anos 80, surgiram os discos rígidos, e a incrível possibilidade de colocar até 5 MB (isso mesmo, 5 MB!!!!) num só lugar. Para quem começou com fitas cassete, isso era o próprio paraíso.
Com essa estupenda capacidade de armazenamento, alguém teve a idéia de deixar um micro ligado a uma linha telefônica ( de madrugada, que senão a galera lá de casa não deixa) permitindo que os seus conhecidos se conectem e gravem ou leiam arquivos do disco.
Isso foram as primeiras BBS's, e até hoje o princípio é o mesmo, ou seja, um local onde as pessoas (se você achar que os micreiros se encaixam nessa classificação) podem trocar recados informações , dicas e até programas (“oficiais”, claro).
Hoje uma BBS (tupiniquim) comum se compõe de um micro (dizer que é com winchester é uma redundância), um modem com atendimento automático e uma linha telefônica, em geral dedicada.
Os micreiros ligam se cadastram, lêem e deixam mensagens a respeito de qualquer cosia, copiam novo programas ( em geral sbaeware e domínio público), rotinas e dicas.
Aqui surge uma importante figura da BBS: o SysOp ( operador do sistema), que é o manda-chuva da dita cuja. Sua função é gerenciar o acesso à BBS, não deixar que o nível das mensagens abaixe muito, colocar novas versões de programa, organizar e backupear o winchester, prevenir o sistema contra vírus, etc. Resumindo é responsável pelo bom funcionamento da BBS.
As BBS's em geral possuem duas áreas: mensagens e arquivos, ambas divididas por assunto. Por exemplo, o micreiro entra na área de CINEMA, e lê os comentários que outros aficionados colocaram lá desde o seu último acesso, e coloca também as suas opiniões sobre os filmes, atores, diretores, etc. Em discussão naquela área. Já para CLIPPER, ele lê uma nova rotina que algum outro louco deixou lá, e por sua vez deixa um programinha quente que ele encontrou outro dia com um colega da faculdade.
Algumas BBS's também têm serviços diversos, como programação de cinema, horóscopo ( tem micreiros mais e menos loucos), índices econômicos ( quando ainda preciso juntar para comprar os dólares do meu próximo winchester?), avisos, anúncios, etc.
Com esses e outros serviços, algumas BBS's são pagas, ou seja, o micreiro ( que não gastou todo o dinheiro em disquetes e revistas) contribui periodicamente para a manutenção do sistema. Nos EUA uma BBS é um meio de vida para muita gente, com o índice de profissionalismo correspondente. Aqui, por razões óbvias, as BBS's pagas são raras, e algumas são mistas, isto é, você pode ou não pagar, tendo mais ou menos direitos ( tempo de acesso, no de kB que podem ser copiados por dia) dentro dos sistema.
Aí alguém lembra: mas se uma BBS tiver muitos usuários cadastrados, a linha sempre vai dar ocupado. No começo era assim, mas hoje é comum as BBS terem 2 ou mais portas de entrada, em uma única ( como se fossem ramais) ou várias linhas telefônicas. Existe uma BBS americana que tem 230 (duzentas e trinta) portas de entrada. Isso significa que até 230 micreiros ou pessoas normais podem se conectar simultaneamente, e inclusive “conversar” entre si.
Uma ótima aplicação para a BBS, são os clientes de uma empresa. Por exemplo você compra um software (lá...) e recebe um número telefônico e uma senha de entrada na BBS do fabricante, para tirar dúvidas, conhecer outros usuários do mesmo software, e por aí vai.
Outras BBS's são parecidas, ou seja orientadas a uma máquina/software, mas mantidas por grupos de usuários e micreiros, com apoio ou não dos fabricantes.
Como se pode observar, as possibilidades são muitas, só depende da imaginação.
Aí vem pergunta: o que eu preciso para acessar uma BBS?
Antes de mais nada, outra vantagem das BBS's é que não importa qual a sua máquina ( eniac, Apple, C64, MSX, PC, Amiga, Atari, Mac, etc.): com um modem padrão e o software da máquina é possível acessar a maioria. É claro que se o micreiro tem um Mac e retira um programa do PC, o programa não vai rodar, apenas os textos (normalmente em ASCII) são comuns a todos. E, a bem dizer da verdade, é o suficiente para manter ótimas papos. Ainda assim, as BBS's costumam ter áreas dedicadas a cada máquina ( se a própria BBS já não for), com os programas compatíveis, oficiais ou oficiosos.
Assim, se você tem um micro, um software, um modem e uma linha telefônica sem adolescentes, já está capacitado a acessar qualquer BBS. Sendo calouro que é, as BBS's têm um tratamento todo especial para você. Não, não é anda tão ruim como você pensou. Apenas são mostradas as regras do cadastro dos seus dados pessoais e outras “cositas más”.
E desse momento em diante você vai descobrir que existe todo um mundo a ser percorrido, dólares a serem gastos e noites a serem perdidas. Seja bem-vindo
P.S. Se você tem interesse e deseja saber mais, a dica é o livro “Guia do CBBS”, de Sérgio Gallo. É uma excelente fonte de informações (inclusive deste texto), com linguagem simples, clara e didática. Em São Paulo, existem cerca de 30 BBS's, e no Rio, um pouco menos.
Alguns de Curitiba são os seguintes:
SampaSul – 262-4201 – 24h
InfoUFPR – 267-5244 23h-07h ( fim de semana 14h sáb-07-seg)
TeleSucesu – 222-4837 24h
Você já deve ter notado a sigla CBBS , ou BBS, em algum publicação ou num bate-papo, e ficado “boiando”. CBBS significa Computer Bulletin Board System (Sistema de Quadro de Avisos Computadorizado). Não melhorou muito né? Então vamos falar um pouco mais a respeito.
Com a queda de preços dos modens, a partir da década de 70, e também com a possibilidade de ter um microcomputador em casa, logo os curiosos ( e qual o micreiro não é) tiveram a grande idéia de ligar os seus Apple ou TRS's pelo telefone, e foi o que fizeram.
O mais interessante é que o negócio funcionava. Um ligava o seu Apple em casa ( em cima de duas caixas de pizza e de um xerox do manual do Visicalc) com o micro de um amigo a enorme distância de 2 quadras, e dava até para trocar “figurinhas” pelo telefone. È lógico que, a 300 bps, era mais rápido pegar a bicicleta e levar a fita cassete ou o disquete (de 180 kB) do que transmitir, mas aí que graça tinha?
O tempo passou, os micros cresceram (PC com 256 kB, imaginem), e os modens também. Em meados dos anos 80, surgiram os discos rígidos, e a incrível possibilidade de colocar até 5 MB (isso mesmo, 5 MB!!!!) num só lugar. Para quem começou com fitas cassete, isso era o próprio paraíso.
Com essa estupenda capacidade de armazenamento, alguém teve a idéia de deixar um micro ligado a uma linha telefônica ( de madrugada, que senão a galera lá de casa não deixa) permitindo que os seus conhecidos se conectem e gravem ou leiam arquivos do disco.
Isso foram as primeiras BBS's, e até hoje o princípio é o mesmo, ou seja, um local onde as pessoas (se você achar que os micreiros se encaixam nessa classificação) podem trocar recados informações , dicas e até programas (“oficiais”, claro).
Hoje uma BBS (tupiniquim) comum se compõe de um micro (dizer que é com winchester é uma redundância), um modem com atendimento automático e uma linha telefônica, em geral dedicada.
Os micreiros ligam se cadastram, lêem e deixam mensagens a respeito de qualquer cosia, copiam novo programas ( em geral sbaeware e domínio público), rotinas e dicas.
Aqui surge uma importante figura da BBS: o SysOp ( operador do sistema), que é o manda-chuva da dita cuja. Sua função é gerenciar o acesso à BBS, não deixar que o nível das mensagens abaixe muito, colocar novas versões de programa, organizar e backupear o winchester, prevenir o sistema contra vírus, etc. Resumindo é responsável pelo bom funcionamento da BBS.
As BBS's em geral possuem duas áreas: mensagens e arquivos, ambas divididas por assunto. Por exemplo, o micreiro entra na área de CINEMA, e lê os comentários que outros aficionados colocaram lá desde o seu último acesso, e coloca também as suas opiniões sobre os filmes, atores, diretores, etc. Em discussão naquela área. Já para CLIPPER, ele lê uma nova rotina que algum outro louco deixou lá, e por sua vez deixa um programinha quente que ele encontrou outro dia com um colega da faculdade.
Algumas BBS's também têm serviços diversos, como programação de cinema, horóscopo ( tem micreiros mais e menos loucos), índices econômicos ( quando ainda preciso juntar para comprar os dólares do meu próximo winchester?), avisos, anúncios, etc.
Com esses e outros serviços, algumas BBS's são pagas, ou seja, o micreiro ( que não gastou todo o dinheiro em disquetes e revistas) contribui periodicamente para a manutenção do sistema. Nos EUA uma BBS é um meio de vida para muita gente, com o índice de profissionalismo correspondente. Aqui, por razões óbvias, as BBS's pagas são raras, e algumas são mistas, isto é, você pode ou não pagar, tendo mais ou menos direitos ( tempo de acesso, no de kB que podem ser copiados por dia) dentro dos sistema.
Aí alguém lembra: mas se uma BBS tiver muitos usuários cadastrados, a linha sempre vai dar ocupado. No começo era assim, mas hoje é comum as BBS terem 2 ou mais portas de entrada, em uma única ( como se fossem ramais) ou várias linhas telefônicas. Existe uma BBS americana que tem 230 (duzentas e trinta) portas de entrada. Isso significa que até 230 micreiros ou pessoas normais podem se conectar simultaneamente, e inclusive “conversar” entre si.
Uma ótima aplicação para a BBS, são os clientes de uma empresa. Por exemplo você compra um software (lá...) e recebe um número telefônico e uma senha de entrada na BBS do fabricante, para tirar dúvidas, conhecer outros usuários do mesmo software, e por aí vai.
Outras BBS's são parecidas, ou seja orientadas a uma máquina/software, mas mantidas por grupos de usuários e micreiros, com apoio ou não dos fabricantes.
Como se pode observar, as possibilidades são muitas, só depende da imaginação.
Aí vem pergunta: o que eu preciso para acessar uma BBS?
Antes de mais nada, outra vantagem das BBS's é que não importa qual a sua máquina ( eniac, Apple, C64, MSX, PC, Amiga, Atari, Mac, etc.): com um modem padrão e o software da máquina é possível acessar a maioria. É claro que se o micreiro tem um Mac e retira um programa do PC, o programa não vai rodar, apenas os textos (normalmente em ASCII) são comuns a todos. E, a bem dizer da verdade, é o suficiente para manter ótimas papos. Ainda assim, as BBS's costumam ter áreas dedicadas a cada máquina ( se a própria BBS já não for), com os programas compatíveis, oficiais ou oficiosos.
Assim, se você tem um micro, um software, um modem e uma linha telefônica sem adolescentes, já está capacitado a acessar qualquer BBS. Sendo calouro que é, as BBS's têm um tratamento todo especial para você. Não, não é anda tão ruim como você pensou. Apenas são mostradas as regras do cadastro dos seus dados pessoais e outras “cositas más”.
E desse momento em diante você vai descobrir que existe todo um mundo a ser percorrido, dólares a serem gastos e noites a serem perdidas. Seja bem-vindo
P.S. Se você tem interesse e deseja saber mais, a dica é o livro “Guia do CBBS”, de Sérgio Gallo. É uma excelente fonte de informações (inclusive deste texto), com linguagem simples, clara e didática. Em São Paulo, existem cerca de 30 BBS's, e no Rio, um pouco menos.
Alguns de Curitiba são os seguintes:
SampaSul – 262-4201 – 24h
InfoUFPR – 267-5244 23h-07h ( fim de semana 14h sáb-07-seg)
TeleSucesu – 222-4837 24h