COMDEX: Arte e Tecnologia
Autores: Sara Fichman Raskin e Vidal Martins
A COMDEX/95 manteve seu padrão de qualidade como uma feira de mostra de tecnologia, onde um grande número de fabricantes concorriam entre si para apresentar ao público seus produtos, confinados em stands imensos e sofisticados. Apesar disso, o evento não mostrou muitas novidades. A maioria dos nossos fornecedores estava presente como Microsoft, IBM, Sybase, Xerox, HP, entre outros, e isto permitiu uma série de contatos importantes no sentido de busca de novas tecnologias para a CELEPAR.
Foram realizadas, também, diversas palestras técnicas, sendo a maioria delas uma abordagem introdutória e superficial a respeito das tecnologias emergentes. Assim sendo, optamos por compartilhar com vocês o que vimos e ouvimos sobre o projeto Portinari, que tem o agradável privilégio de usar como matéria-prima arte e tecnologia.
A palestra O PROJETO PORTINARI - DE BRODOWSKI À MULTIMÍDIA foi proferida por João Cândido Portinari, líder do projeto e filho do pintor Cândido Portinari (1903-1962), cuja obra se caracteriza por retratar a realidade brasileira, seu folclore, seus costumes, sua gente. É um projeto da Universidade Católica do Rio de Janeiro que vem se dedicando há 16 anos a pesquisa e catalogação da obra, vida e época do artista; modelo de pesquisa interdisciplinar, se tornou uma ponte entre as atividades de arte e cultura com ciência e tecnologia.
Seguindo o princípio de que um povo sem cultura e sem memória não tem personalidade, resgatando e catalogando a obra do pintor, o projeto contribui valiosamente para o registro da nossa história. Nascida e criada na universidade, a metodologia do projeto Portinari irá ajudar projetos similares focados no trabalho e vida de uma pessoa recuperando e disponibilizando conhecimento de gerações. O projeto pode ser dividido em três fases:
1. Localização e documentação das obras e documentos, envolvendo trabalho de pesquisa em todo o território nacional, mais vinte países das Américas, Europa e Oriente Médio.
2. Pesquisa e catalogação das obras e documentos, indexando e cruzando referências para validação das informações. Para isso foi criado um programa apoiado num banco de dados com características de hipertexto, armazenando todos os tipos de dados como data da obra, descrição sucinta e detalhada e referências à obra (artigos, livros, jornais) bem como sua imagem.
3. Divulgação do acervo (fase atual) com utilização de recursos multimídia, tornado-o acessível às instituições, pesquisadores e público em geral. Essa fase inclui a montagem de um catálogo RESUMME contendo as milhares obras do pintor. Este tipo de catálogo define um padrão para a apresentação da obra completa de um artista: cada objeto da obra deve aparecer no catálogo em ordem cronológica de produção, contendo uma série de informações adicionais, tais como data da produção, todas as pessoas que possuíram o objeto até o momento em que ele foi localizado, todas as referências feitas ao objeto em artigos de jornais, revistas, livros; uma descrição sucinta sobre o que ela descreve e uma descrição detalhada de cada elemento que compõe o objeto (cor, posição).
Apenas algumas centenas de artistas em todo o mundo possuem um catálogo RESUMME, e quando este projeto estiver concluído, Portirani será o primeiro artista brasileiro a possuir um catálogo dessa natureza.
As dificuldades encontradas no decorrer do projeto foram imensas, passando por períodos de crise principalmente por falta de financiamento, que com muita persistência foram atravessados. Atualmente, com investimentos de algumas empresas, foi fundado um Instituto de Pesquisa para viabilizar a continuidade do projeto Portinari, elaborando, entre outros, estudos que sustentem emissão de certificado de autenticidade das obras. Isso se dá através do uso de técnicas de reconhecimento de imagens (nesse caso, pinceladas), baseado nas leis da morfologia matemática. Particularmente o uso da transformada de Fourier permite que duas imagens obviamente diferentes mas semelhantes, possam ser reconhecidas por um programa, como tais.
A palestra foi concluída com um agradável visual das obras catalogadas do artista; a multimídia está sendo usada para mostrar a todos o resultado do projeto, uma bela apresentação do uso de tecnologia para disseminação da cultura de nosso país.
A COMDEX/95 manteve seu padrão de qualidade como uma feira de mostra de tecnologia, onde um grande número de fabricantes concorriam entre si para apresentar ao público seus produtos, confinados em stands imensos e sofisticados. Apesar disso, o evento não mostrou muitas novidades. A maioria dos nossos fornecedores estava presente como Microsoft, IBM, Sybase, Xerox, HP, entre outros, e isto permitiu uma série de contatos importantes no sentido de busca de novas tecnologias para a CELEPAR.
Foram realizadas, também, diversas palestras técnicas, sendo a maioria delas uma abordagem introdutória e superficial a respeito das tecnologias emergentes. Assim sendo, optamos por compartilhar com vocês o que vimos e ouvimos sobre o projeto Portinari, que tem o agradável privilégio de usar como matéria-prima arte e tecnologia.
A palestra O PROJETO PORTINARI - DE BRODOWSKI À MULTIMÍDIA foi proferida por João Cândido Portinari, líder do projeto e filho do pintor Cândido Portinari (1903-1962), cuja obra se caracteriza por retratar a realidade brasileira, seu folclore, seus costumes, sua gente. É um projeto da Universidade Católica do Rio de Janeiro que vem se dedicando há 16 anos a pesquisa e catalogação da obra, vida e época do artista; modelo de pesquisa interdisciplinar, se tornou uma ponte entre as atividades de arte e cultura com ciência e tecnologia.
Seguindo o princípio de que um povo sem cultura e sem memória não tem personalidade, resgatando e catalogando a obra do pintor, o projeto contribui valiosamente para o registro da nossa história. Nascida e criada na universidade, a metodologia do projeto Portinari irá ajudar projetos similares focados no trabalho e vida de uma pessoa recuperando e disponibilizando conhecimento de gerações. O projeto pode ser dividido em três fases:
1. Localização e documentação das obras e documentos, envolvendo trabalho de pesquisa em todo o território nacional, mais vinte países das Américas, Europa e Oriente Médio.
2. Pesquisa e catalogação das obras e documentos, indexando e cruzando referências para validação das informações. Para isso foi criado um programa apoiado num banco de dados com características de hipertexto, armazenando todos os tipos de dados como data da obra, descrição sucinta e detalhada e referências à obra (artigos, livros, jornais) bem como sua imagem.
3. Divulgação do acervo (fase atual) com utilização de recursos multimídia, tornado-o acessível às instituições, pesquisadores e público em geral. Essa fase inclui a montagem de um catálogo RESUMME contendo as milhares obras do pintor. Este tipo de catálogo define um padrão para a apresentação da obra completa de um artista: cada objeto da obra deve aparecer no catálogo em ordem cronológica de produção, contendo uma série de informações adicionais, tais como data da produção, todas as pessoas que possuíram o objeto até o momento em que ele foi localizado, todas as referências feitas ao objeto em artigos de jornais, revistas, livros; uma descrição sucinta sobre o que ela descreve e uma descrição detalhada de cada elemento que compõe o objeto (cor, posição).
Apenas algumas centenas de artistas em todo o mundo possuem um catálogo RESUMME, e quando este projeto estiver concluído, Portirani será o primeiro artista brasileiro a possuir um catálogo dessa natureza.
As dificuldades encontradas no decorrer do projeto foram imensas, passando por períodos de crise principalmente por falta de financiamento, que com muita persistência foram atravessados. Atualmente, com investimentos de algumas empresas, foi fundado um Instituto de Pesquisa para viabilizar a continuidade do projeto Portinari, elaborando, entre outros, estudos que sustentem emissão de certificado de autenticidade das obras. Isso se dá através do uso de técnicas de reconhecimento de imagens (nesse caso, pinceladas), baseado nas leis da morfologia matemática. Particularmente o uso da transformada de Fourier permite que duas imagens obviamente diferentes mas semelhantes, possam ser reconhecidas por um programa, como tais.
A palestra foi concluída com um agradável visual das obras catalogadas do artista; a multimídia está sendo usada para mostrar a todos o resultado do projeto, uma bela apresentação do uso de tecnologia para disseminação da cultura de nosso país.