Coluna do estagiário celepariano

Estagiário faz cada uma!

 

Autor:

Wilson Mauri de Bonfim - GPS
   
Lembram de uma coluna antiga, de uma revista mais antiga ainda, que se intitulava: "criança diz cada uma"?

Pois é, aproveitando o embalo, estagiário também diz e, principalmente, faz cada uma que é digna de registro. Como eles e elas já passaram da idade de ir para a coluna do, se não me engano, Pedro Bloch, vamos publicar nesta aqui.

Pedimos licença à coluna Flagrantes e ao Kantek por invadir um pouco a sua seara relatando alguns "flagrantes" dos estagiários.

Bom, chega de blá-blá-blá e vamos ao que interessa:


OS DEFEITOS DO CANDIDATO À ESTÁGIO

Nas nossas entrevistas com candidatos a estágio costumamos perguntar o que eles avaliam como suas próprias qualidades, deficiências, seus "hobbies" favoritos, etc.

Quanto às qualidades não temos problema algum pois todos, com raras exceções, são verdadeiros anjos de pureza. A dificuldade fica por conta das deficiências, pois normalmente eles têm muita dificuldade de lembrar alguma no momento da entrevista.

Há uns dois anos, quando perguntado, um estagiário respondeu que tinha um defeito terrível, pois odiava a falta de pontualidade de tal forma que chegava a se tornar um chato com relação ao horário, pois não importava o assunto ou a importância, se o compromisso existia, na hora marcada ele estava lá.

Com um defeito tão acintoso perguntei o que ele pretendia fazer a respeito, ao que ele respondeu na bucha: Podem ter certeza que se eu entrar na CELEPAR isto não vai acontecer...


EXTREMAMENTE TÍMIDO

Outra época, outra entrevista, outra turma, e o Hiroshi, candidato a estágio, atribuiu à timidez o seu maior defeito, dizendo que não se sentia a vontade em frente a outras pessoas.

Pergunta vai, resposta vem, e lá pelas tantas perguntei o que ele fazia nas horas de lazer, e ele, todo lampeiro e cheio de orgulho, tascou com toda a ênfase que a sua timidez já anunciada permitia:

  • Adoro cantar em karaôke...(ponha timidez nisso.)

É NA ENTREVISTA QUE SE MOSTRA O CONHECIMENTO

O candidato estava indo muito bem nas suas respostas. Depois de uma chuva de termos como "downsizing", "pró-ativo", "encapsular objetos" e outros menos votados, quase ao final da entrevista deixou cair esta pérola:

  • "Pois devemos sempre desenvolver novos paradigmas."

Curioso e até impressionado com o bom conhecimento e uso dos termos em voga da informática, que como todos sabem, a cada dia incorpora novas palavras na nossa já rica linguagem, além, é claro, do bom uso da última flor do Lácio, coisa rara entre os jovens de hoje em dia, pedi para o candidato explicar o seu entendimento sobre o termo tão usado atualmente, ou seja, que falasse sobre o significado da palavra "paradigma".

Encabulou e desconversou, sendo encorajado então a procurar o dicionário e descobrir o significado da palavra.

Alguns dias depois o candidato se apresentou na minha sala para completar a documentação para o estágio e antes de sair fez questão falar:

  • Pode perguntar que agora eu já sei com certeza o que significa "PARADOXO".

APRIMORANDO O APRENDIZADO

Há algum tempo, recebemos uma nova turma de estagiários. Como de praxe, após o treinamento básico, enquanto preparávamos a alocação definitiva, eles ficavam isolados em uma sala de reunião.

Passamos algumas orientações, dando ênfase ao fato que agora eles estavam em um ambiente profissional e deviam comportar-se de acordo.

Falamos também que enquanto aguardavam podiam aproveitar para aprimorar o que aprenderam no treinamento, ler alguma coisa, estudar, enfim, aguardar pacientemente serem chamados.

Após as recomendações saí da sala com o costumeiro "fiquem à vontade".

Até hoje tenho a impressão que dei mais ênfase ao "fiquem à vontade" do que ao resto das recomendações pois, passado algum tempo, escutei uma algazarra acima do normal.


Aproximei-me da sala e qual não foi o meu espanto quando dei com a turma toda amontoada em um canto da mesa enquanto um deles, de pé, em cima da cadeira, berrava a plenos pulmões: TRUCO, SEU FIO D´UMA ÉGUA...

APRENDENDO REDES


A Mara, estagiária ativa e responsável, apareceu na minha sala alegando que queria desenvolver novos conhecimentos e gostaria de trabalhar com redes, pois estava estudando esta disciplina na faculdade e sentia-se em condições de dar a sua contribuição nesta área.

Foi como um achado. Naquela manhã eu tinha recebido uma solicitação de um núcleo de informática que necessitava com urgência de um novo estagiário para trabalhar com redes.

Informei que tinha a pessoa certa, dinâmica e capaz, e o melhor de tudo, já tinha algum conhecimento na área pois estava estudando o assunto.

Ajeitamos a mudança e lá se foi ela, toda faceira, para o seu primeiro dia no novo núcleo.

O Edson, administrador de rede do núcleo, recebeu a estagiária e falou que sabia das suas qualidades, que ela seria muito útil, etc. etc.

Em seguida, enquanto apontava para um monte de computadores e impressoras empilhados em um canto, avisou que necessitava que ela começasse a fazer TP e que o endereço já estava anotado nos papéis colados aos mesmos.

A nossa heroína se aproximou dos equipamentos e cada um deles tinha alguma anotação mais ou menos assim: 4A -S15.

A Mara ficou apavorada, pois estava chegando agora e já estavam solicitando que ela fizesse TP, logo ela que não tinha a mínima noção de como trabalhar com Teleprocessamento.

Após as devidas explicações e uma tarde cheia de trabalho, no final do dia a Mara estava exausta, porém, agora sabia como ninguém fazer o tal de TP.

O cliente tinha recebido uma grande quantidade de micros e impressoras que deviam ser distribuídos entre as diversas salas. Afinal o terrível TP nada mais era do que TRANSPORTAR PERIFÉRICOS.

Ah, antes que me esqueça, o endereço acima indicava o local da instalação - 4º andar, sala 15.

O INCOMPETENTE

O Silva era um estagiário super competente, boa praça, bem educado, um gentleman enfim. Tinha lá seus defeitos aos quais já estávamos acostumados. Um deles era torcer para o Grêmio, mas afinal, ninguém é perfeito.

O outro, se é que podíamos chamar de defeito, é que quando sentava em frente ao microcomputador entrava em "estado alfa" e desligava do resto do mundo. Começava a resmungar em algo que soava como uma linguagem estranha e incompreensível.

Naquele dia em especial o Silva estava inspirado. Resmungava, batia na mesa, digitava furiosamente, compilava o pro-grama no qual trabalhava, executava, olhava e lá vinha aquela chuvarada de resmungos.

Lá pelas tantas, todo mundo parou e ficou observando aquelas explosões temporárias, e o Silva estranhando o repentino silêncio, parou, girou a cadeira e deu de cara com todos olhando para ele.

Como se sentisse na obrigação de dar alguma explicação pronunciou :

É este computador burro e incompetente que não entende nada do que eu digo...

Dito isto girou a cadeira e, como se nada tivesse acontecido, recomeçou a trabalhar. Imediatamente alguém respondeu:

Também, pudera! Nem nós... (gargalhada geral)