Desktop - a janela para a alma do seu computador
Prezado leitor, esta é uma transcrição e tradução de um discurso pronunciado na Conferência Latino Americana de Software Livre - a Latinoware 2004.
John “Maddog” Hall
Bom dia.
I was asked to come here and talk about the importance of the desktop. And so I created a talk which I call “The Desktop - The window to your computer’s soul”.
Before we get started, I would like to tell you a story:
There was an episode of Star Trek, where Scotty, the chief engineer, have been tranported back in time to the XXI century. And he was asked to input some information into a computer system, on the desk. And he picked up the mouse and started talking into it. And the people told him, no, I’m afraid you have to type on the keyboard. And Scotty said: “How quaint!”, because he was used to been able to communicate with the computer by any way he wished, whether that was talking to it, pointing to some device, or motioning with his hands.
And so, when we talk about the desktop, we’re actually talking about one “motion” of communicating with the computer.
Now, my lawyers tell me that I have to remind you that Linux is a trademark of Linus Torvalds around the world.
In 1996, I was at a trade show called Uniforum, in San Francisco, and all of the large Unix vendors were there. I was working for Digital Equipment Corporation, and I had on my Digital Equipment Corporation shirt. By this time I had known about Linux for about two years, and I would walk up to the different booths of IBM, Hewlett-Packard and Sun, and I would tell them: don’t pay any atention to the Digital Equipment Corporation on my T-shirt, we really only have one enemy. And when I said that, we would all turn and look towards Microsoft. Because, in 1997, as an example, Microsoft ordered all computer vendors to remove all logos that represented themselves, and the first and only thing that people would see would be Microsoft.
And why did they do this? They did this because they only wanted people to think about Microsoft. So, why is the desktop important? Is important because it gives control, and also because it establishes volume. And in giving up the desktop to Microsoft, the major computer vendors, met their enemy, and it was them.
The desktop is important because it gives you control. It is typically the only thing that the management of the company sees. Most people think that the desktop PC is the only computer that they actually use. They do not know that the server system is a thing which may actually be doing the bulk of the processing. In fact, the only time they think of the server is when it stops functioning and therefore they can’t do their work. And this is why today most people could relate Microsoft and computing.
The second reason why the desktop is important is because of volume. You may only have one, two, or three servers in your company, but you’ll have ten, twenty, or fifty desktops. Now, when you talk to an independent software vendor, the person who builds software for computers, they never ask you how much, in the terms of money, do you sell, in the way of computers, they only ask you the number of units that you have.
And so, if you are selling computer systems, you may sell five servers that are worth a million dollars, but to an independent software vendor it is more important that you sell fifty desktops systems that are worth a lot less.
And so, by giving up the desktop to Microsoft, we reduce the volume of systems dramatically. The same is thing is true of people who sell you services. That’s why so many people are interested on whether their websites display well on Internet Explorer, and care to a lesser amount that it displays well with Netscape. Venture capitalists are also people who care strictly about volume. Retail stores care about volume, and training companies care about volume. So don’t talk to me about the quality of the software, or the difficulty of importing, the only thing that matters is volume, volume, volume, volume.
What mattters?
You got it.
So why doesn’t everybody learn to use the command line that we, as computer people, love? It is because their businnes is not to learn how to do computing, their businnes is to use the computer as a tool. And so they feel that they’re too busy to learn the interface that will save them time in the long run.
And the second reason is that they are too much like my parents, who at this point in their lives will never learn the glory of the grep command.
So we need a balance in the desktop between something that is easy to use, that is restrictive, in the point that it guides people to the proper way of using the software, but yet it is not constrictive, in the fact that it does not limit what you can do with the software. And therefore, it has to allow you to access the underlying command structure. And it has to work well not only on our desktop, but also on a PDA, it has to integrate our voice, whether at the desktop, at the PDA or over the telephone. It has to allow accessibility for people who otherwise cannot see, or speak, or hear. And in the future may even have to take into account motions of the body, and other inputs. I think that Gnome has made a tremendous step forward in allowing this to happen, and allowing us to replace that other operating system.
Thank you very much.
Tradução
Bom dia.
Fui chamado para vir aqui e falar sobre a importância do desktop. Assim, criei uma palestra que eu chamo de “O desktop - A janela para a alma do seu computador.”
Antes de começarmos, eu gostaria de contar uma história:
Houve um episódio de Star Trek no qual Scotty, o engenheiro-chefe, foi transportado para trás no tempo, para o século XXI. Pediram a ele que entrasse com alguns dados em um computador, que estava sobre uma mesa. Ele pegou o mouse e começou a falar nele, e as pessoas lhe disseram, “não é assim, acho que você precisa usar o teclado”, e Scotty disse, “que antiquado!”, porque ele estava acostumado a poder se comunicar com um computador por qualquer meio que ele quisesse, fosse falando com ele, apontando para algum dispositivo, ou movendo as suas mãos.
Assim, quando falamos a respeito do desktop, estamos na verdade falando a respeito de uma das maneiras de comunicação com o computador.
Bem, meus advogados me dizem que eu preciso lembrar a vocês que Linux é uma marca registrada por Linus Torvalds em todo o mundo.
Em 1996 eu estava em uma feira chamada Uniforum, em San Francisco, e todos os grandes fornecedores de Unix estavam lá. Eu trabalhava para a Digital Equipment Corporation, e estava usando minha camiseta da Digital. Naquela época eu já conhecia Linux há cerca de dois anos, e eu ia até os stands da IBM, da HP, e da Sun, eu dizia a eles: “não se preocupem com o logo da Digital na minha camiseta, nós temos realmente apenas um inimigo”. E quando eu dizia aquilo, nós todos nos virávamos na direção do stand da Microsoft. Porque, em 1997, por exemplo, a Microsoft fez com que todos os fornececedores removessem os seus logos, e a primeira e única coisa que as pessoas veriam seria “Microsoft”.
E por que eles fizeram isso? Porque eles queriam que as pessoas pensassem apenas sobre a Microsoft. Assim, por que o desktop é importante? Ele é importante porque ele dá controle, mas também porque ele estabelece volume. E em abandonando o desktop para a Microsoft, os grandes fornecedores criaram seu próprio inimigo.
O desktop é importante porque ele dá a você controle. Ele é tipicamente a única coisa que o corpo gerencial de uma empresa vê. A maioria das pessoas pensa que PC é o único computador que eles realmente usam. Eles não sabem que um sistema de servidores é algo que pode na verdade estar fazendo a maior parte do processamento. Na realidade, o único momento no qual eles pensam sobre o servidor é quando ele pára de funcionar e eles então não podem fazer o seu trabalho. E este é o motivo pelo qual hoje a maioria das pessoas poderia relacionar Microsoft e computação.
O segundo motivo pelo qual o desktop é importante é o volume. Você pode ter apenas um, dois ou três servidores em sua empresa, mas você terá dez, vinte ou cinquenta desktops. Agora, quando você conversa com um fornecedor independente de software, a pessoa que faz software para computadores, ele nunca irá lhe perguntar quanto, em termos de dinheiro, você vende em computadores. Eles apenas perguntam o número de unidades que você tem.
Assim, se você vende sistemas, você pode vender cinco servidores que valem um milhão de dólares, mas para um fornecedor independente de software, é mais importante que você venda 50 desktops, que valem bem menos que isso.
E assim, abandonando o desktop para a Microsoft, nós reduzimos o volume de sistemas dramaticamente. O mesmo é verdade para pessoas que vendem serviços. Este é o motivo porque tantas pessoas estão interessadas em ter seus websites aparecendo bem no Internet Explorer, e menos preocupadas se isso também acontece com o Netscape.
Os investidores também são pessoas que se preocupam estritamente com volume. Lojas de varejo estão interessadas em volume, e empresas de treinamento estão interessadas em volume. Portanto, não me falem sobre a qualidade do software, ou sobre as dificuldades de importação, a única coisa que interessa é volume, volume, volume, volume.
O que é que interessa?
Vocês pegaram a idéia.
Então porque todo mundo não aprende a usar a linha de comando que nós, da área da computação, amamos? É porque o negócio delas não é aprender computação, o negócio delas é usar o computador como uma ferramenta. E assim eles sentem que eles estão muito ocupados para aprender uma interface que lhes pouparia tempo a longo prazo.
E a segunda razão é que eles são muito parecidos com meus pais, que neste ponto de suas vidas jamais aprenderão a glória do comando grep.
Portanto, nós precisamos de um equilíbrio no desktop entre algo que seja fácil de usar, que seja restritivo, no sentido de guiar as pessoas para a maneira correta de usar o software, mas que não seja constritivo, no sentido que ele não limite o que seja possível fazer com o computador. E desta forma, ele tem de permitir acesso à estrutura de comando subjacente, e tem de funcionar bem não apenas em nossos desktops, mas também em um PDA, ele tem de integrar voz, seja no desktop, em um PDA ou em telefones. Tem de permitir acessibilidade a pessoas que não podem de outra forma ver, falar ou escutar. E no futuro pode mesmo ter de levar em consideração movimentos do corpo, e outras formas de comunicação. Acredito que o Gnome deu realmente um grande passo a frente para possibilitar que isso aconteça, e para possibilitar que nós substituamos aquele outro sistema operacional.
Muito obrigado.
Quero deixar um agradecimento especial para o Sergio Luiz F. da Rosa/Celepar e para o Cesar Brod/Brod Tecnologia.
Referência
1 HALL., J.M. Discurso pronunciado na Conferência Latino Americana de Software Livre. Tradução: ROSA, S. L. F., mais uma fita cassete sonoro, mono.