Pombos de Orissa vão ficar 'desempregados'

O serviço de pombos-correio da polícia do Estado de Orissa, na Índia, pode ser extinto. Há mais de 50 anos, o serviço tem garantido as comunicações durante as freqüentes enchentes na região.

Os pombos-correio costumavam fazer a ligação entre as delegacias mesmo em áreas mais remotas quando as formas de comunicação mais tradicionais eram afetadas por tempestades.

Mas o departamento de auditoria do governo acredita que o serviço, que emprega cerca de 800 aves, se tornou desnecessário com o desenvolvimento do e-mail e das comunicações eletrônicas em geral.

O serviço de pombos-correio, fundado em 1946, um ano antes da independência da Índia, hoje custa aos cofres públicos cerca de US$ 10 mil por ano.

Mensagens

O p-mail, como o serviço começou a ser chamado na Índia, foi muito usado em Orissa durante as enchentes de 1982 e após um ciclone, em 1999, depois que foram interrompidas as comunicações por rádio.

Pombos treinados podem voar até 500 km sem interrupção.

Os pombos podem voar centenas de quilômetros para transportar mensagens antes de retornarem à base.

Eles são usados na Índia há centenas de anos e já foram retratados em pinturas da dinastia Mogul, que dominou a região de 1526 a 1707, levando mensagens de amor para haréns e instruções militares secretas a soldados no campo de batalha.

O ornitólogo Rajat Bhargava não concorda com a extinção do serviço de pombos-correio. "A criação de pombos é uma arte que remonta aos dias da dinastia Mogul. O imperador Shah Jahan foi um grande criador de pombos. A tradição deveria ser preservada", disse Bhargava.

Mas o superintendente de sinais no quartel-general do serviço de pombos em Cuttack, B.N. Das, disse que os policiais encarregados dos pombos em distritos mais remotos vêem a tarefa como uma punição.

Os pombos aposentados serão entregues ao departamento de vida silvestre do Estado de Orissa, segundo a Agência de Notícias Indo-Asiática.

Referência

Disponível no endereço: <http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/>, 26 de março de 2002.