EDI - Eletronic Data Interchange
Autores: Aldo do Couto Costa, Carlos Tadeu Mondini, Dante Carlos Antunes, José Juracy Macedo, Paulo Antonio Fuck de Oliveira e Rogério Ribeiro da Fonseca Mendes
O QUE É EDI
EDI é a sigla de Electronic Data Interchange, que em português significa Troca Eletrônica de Dados. É a troca de documentos via sistemas de teleinformática entre duas ou mais organizações de forma padronizada. Tem como um dos principais objetivos, ao substituir o fluxo de papéis entre elas, agilizar e reduzir os custos dos processos mercantis.
Tradicionalmente, no âmbito das relações comerciais, muitas das aplicações informatizadas de uma empresa geram documentos em papel que, após o trâmite burocrático interno, são encaminhados a outra empresa. Nesta outra empresa, tais documentos passam inicialmente por uma averiguação e então são digitados e introduzidos nos seus sistemas informatizados.
Existem informações nos dando conta de que 70% das entradas de dados do computador de uma empresa são originados pelas saídas de computadores de outras empresas e de que 25% do custo das transações derivam destas entradas.
O uso do EDI tem como proposta automatizar estas transações comerciais e eliminar este grande número de papéis que são trocados entre empresas. Para que se consiga isto, é necessário conectar diretamente os computadores das empresas que transacionam entre si.
Mas, esta não deve ser a principal motivação que empurra as empresas no sentido de implantar o EDI em seus negócios. A busca da competitividade empresarial deve ser esta referência. A agilidade e a produtividade são os dois pilares para que uma empresa consiga ser competitiva nestes tempo de economia globalizada e recessiva.
O uso de sistemas informatizados suportando as aplicações comerciais das grandes empresas já é uma rotina. Ninguém em sã consciência colocaria em dúvida a importância vital da informática no dia-a-dia destas organizações. O desafio que hoje se coloca é o de como interconectar estes sistemas tendo em vista a heterogeneidade dos ambientes computacionais que os suportam, visto que, há tempos atrás, cada empresa optou por uma determinada plataforma de hardware e software, a maioria das quais não se "conversam" entre si.
Na última década, vários esforços de padronização tem sido feitos buscando viabilizar a troca eletrônica de documentos. Esta difícil tarefa têm encontrado nos interesses e pontos de vista diferentes, e até mesmo em determinados momentos conflitantes, seus maiores entraves, além, é claro, dos elevados custos dos investimentos necessários.
Como ilustração do jogo de interesses existente, poderíamos citar o comportamento das grandes corporações exercendo seu poder de compra, quando acabam por impor, aos fornecedores, padrões que mais lhes são favoráveis.
A globalização da economia, entretanto, tem forçado os grandes blocos econômicos a se sentarem à mesa e negociarem um padrão aberto a nível mundial. O padrão de sintaxe de documentos chamado EDIFACT (EDI for Administration, Commerce and Transporte) criado em 1987 desponta como tal. Será praticamente impossível para uma grande empresa participar do mercado global, e e manter sua competitividade e agilidade, se não aderir e implementar o EDI como o meio de incrementar suas transações comerciais.
HISTÓRICO DO EDI
O EDI não é uma mensagem de correio eletrônico, cujo formato é livre. Sua forma pretende suportar as transações interempresariais, necessitando para tanto ser adotada a partir de formatos rígidos que, além de atenderem aos requisitos básicos de cada tipo de negócio, estejam adequado sob os aspectos legais e fiscais. Isto torna-se claro quando verificamos seu uso para a troca de documentos como faturas, cheques, ordens de pagamento, pedidos de compra, notas fiscais, etc...
A preocupação de padronizar as relações comerciais não é nova e antecede a tecnologia de comunicação de dados.
Em 1961, o Comitê para o Desenvolvimento do Comércio, da ONU, criou um grupo de trabalho para propor a simplificação e padronização dos documentos voltados ao comércio exterior. Em 1968 o Comitê de Coordenação de Transporte de Dados (TDCC) montou, como apoio do Departamento de Defesa Americano, um grupo para desenvolver padrões de mensagens entre empresas, dentro dos processos comerciais. Estes padrões de então ainda são utilizados por empresas de transporte de cargas internacional (ferroviário, rodoviário, oceânico a aéreo).
Em 1979, o Instituto Nacional Americano de Padrões (ANSI) montou o comitê X12 para desenvolver padrões para as transações comerciais eletrônicas. A sintaxe e a estrutura propostas pelo X12 basearam-se nos padrões do TDCC, sendo estendidos para os demais tipos de atividades.
O padrão X12 definiu o formato dos dados e delegou aos vários segmentos da atividade econômica o desenvolvimento dos dicionários para o uso e interpretação dos campos de dados. Participam destes trabalhos os segmentos do setor automotivo, comércio varejista, químico, elétrico, metalúrgico, papel, além do setor de produtos para escritório.
Em 1982, o TDCC publicou a primeira versão do UCS (Uniform Communication Standard) baseado no protocolo bissíncrono 2780/3780 a 2400 bps. A partir da ratificação pelo UCC (Uniform Code Comcil) em 1984 muitas empresas passam a usar este padrão, embora algumas tenham optado, ou sido forçadas, a utilizar padrões de terceiros (o padrão da McDonnel Douglas por exemplo). Até 1985 já havia padrões para cerca de 35 tipos de documentos.
Na Europa, ainda em 1983, as grandes indústrias de veículos automotivos formaram um comitê para desenvolver um padrão de troca eletrônica de documentos entre estas empresas e seus fornecedores e entre elas e seus distribuidores. Este comitê ficou conhecido como ODETTE (Organization for Data Exchange Through Teletransmission in Europe), tendo em 1985 apresentado o resultado de seus estudos, os quais estabeleceram os padrões para as empresas do setor.
Motivados pelos esforços empreendidos nos Estados Unidos e na Europa, representantes de 20 países iniciaram estudos voltados à unificação dos padrões de troca eletrônica de documentos, visando abranger todo o comércio internacional. Surgiu o SITPRO (Simplification of Internacional Trade Procedures Board) que gerou o padrão EDIFACT, cuja minuta foi publicada em setembro de 1987.
Após o surgimento do EDIFACT, vários países tem adotado este padrão, inclusive os Estados Unidos, sendo contudo sua migração lenta e gradual, visto ainda convivermos com os outros padrões criados em anos anteriores, e largamente difundidos pelo mundo.
Como fato positivo para a adoção de um padrão único, mundial, convém registrar a clara sinalização proveniente da comunidade empresarial americana, quando, por ocasião de uma votação promovida pelo comitê X12 do ANSI, 76% de um grupo significativo de empresários afirmou que as suas organizações adotariam o EDIFACT a partir da liberação da versão 4, prevista para 1997, da norma nacional que trata do assunto.
Face a este quadro, desde o final da década passada algumas das maiores empresas da área de informática, motivadas por esta tendência de padronização mundial, vêm anunciado pacotes de software para suportar o EDI, em várias plataformas dos mainframes aos microcomputadores. São exemplos a IBM, Digital, GE, entre outras.
No Brasil, em 1987, a ABAC (Associação Brasileira de Automação Comercial) deu início ao estudo das várias alternativas de padronização, tendo decidido adotar o padrão EDIFACT. Foram analisadas a sintaxe e estrutura dos seguintes tipos de documentos: ficha de produto, cadastro de empresas, lista de preços, pedido de compras, aviso de faturamento e embarque e o aviso de recebimento.
A ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), através do seu Comitê Brasileiro de Informática, o CB-21, iniciou, pela mesma época, estudos sobre o assunto, definindo-se também pelo padrão EDIFACT. Como conseqüência foi formado o Subcomitê de EDI, Elementos de Dados e Facilitação de Negócios (SC-21:07) para o aprofundamento e detalhamento do padrão escolhido.
A ABNT também criou, em 1988, uma comissão para estudar os Sistemas de Tratamento de Mensagens que, junto com um grupo de trabalho do Ministério das Comunicações, indicou como padrões a serem seguidos as normas da série X.400 do CCITT. Além disto a BRISA, um consórcio privado de empresas, que trata especificamente de padronização na comunicação de dados, definiu-se pelos padrões OSI (Open Systems Interconection) da ISO (Internacional Organization for Standartization).
Todos estes posicionamentos apontam para que, no Brasil, os serviços de EDI venham a utilizar, como suporte de comunicação, os padrões OSI/CCITT, da família X.400, especificamente o X.435, para veicular troca de documentos.
Outro fato relevante ocorreu em 25 de novembro de 1992, quando da primeira assembléia do SIMPRO-BRASIL - Instituto Brasileiro para a Simplificação de Procedimentos Mercantis - organização criada para servir de instrumento de divulgação e fórum de debate dos estudos acerca do EDI e de outras tecnologias correlatas.
Recentemente, foi assinado um acordo entre o CB-21 e o SIMPRO-BRASIL, transferindo a responsabilidade de operação do Subcomitê 21:07 para esta entidade. Até o momento, são associados do SIMPRO vários bancos (segmento mais representativo), empresas de telecomunicação, prestadoras de serviço em informática, entidades normalizadoras e fabricantes de hardware e software.
É fundamental que os debates sobre o EDI no Brasil venham a contar com participação de representantes das indústrias, em especial de entidades como o CNAB, ABAC, ANFAVEA, SINDIPEÇAS etc. para que a tecnologia de troca eletrônica de documentos realmente se torne uma realidade no Brasil.
PADRÕES PARA EDI
ESTRUTURA GERAL DOS PADRÕES EDI
A base preferencial para o desenvolvimento das aplicações EDI é constituída pelos Serviços de Tratamento de Mensagens, padronizados pelas recomendações X.400 e F.400 da ISO, tendo sido estabelecido um protocolo específico para EDI na recomendação X.435 conhecido como PEDI.
Os níveis de padronização a serem considerados em relação ao EDI são os seguintes:
a) Nível de Aplicação - definido pelos parceiros comerciais que venham a transacionar.
b) Nível de Mensagens - definido pelas normas internacionais.
c) Nível de Sintaxe - definido nas normas internacionais EDIFACT e ANSI X.12. Neste nível se estabelece a seqüência correta e lógica com que as informações contidas num documento eletrônico vão sendo agrupadas para se montar uma transação que é trocada entre parceiros comerciais, via um meio de comunicação de dados.
d) Nível de Comunicação - definido nas normas ISO X.400 / X.435 e ANSI X.12.
e) Nível das VANs (Value Added Network - redes de valor agregado) - são as redes de comunicação de dados oferecidas por empresas públicas ou privadas e que oferecem vários serviços de conexão, com ênfase em padrões abertos.
Dos níveis de padronização, o mais importante para o EDI é o de SINTAXE, e foi onde as entidades de padronização mais se detiveram. Hoje em dia, os dois padrões de sintaxe que dominam as atenções são o EDIFACT e o ANSI/X.12. Futuramente, o EDIFACT deve despontar como o único padrão mundial.
Um intercâmbio de documento EDI apresenta a estrutura esquemática mostrada a seguir.
Notam-se três níveis de envelopamento de um intercâmbio EDI:
I - O nível de ENVELOPE DE INTERCÂMBIO que é o mais geral e envolve todos os outros envelopes contendo os grupos funcionais. Este envelope identifica o emissor e o receptor do intercâmbio EDI.
II - O nível de ENVELOPE DE GRUPO FUNCIONAL que envolve os documentos de um mesmo tipo ou finalidade (ordens de compra ou faturas ou ordens de pagamento, etc). Podem existir vários envelopes de grupos funcionais em um envelope de intercâmbio.
III - O nível de ENVELOPE DE TRANSAÇÃO que encapsula um único documento. Podem haver vários destes envelopes em um envelope de grupo funcional.
O EDI SOBRE X.400
No âmbito do modelo OSI, existem as recomendações da série X.400 que têm como função definir e padronizar os Serviços de Tratamento de Mensagens ou Correio Eletrônico como é conhecido popularmente.
Estas recomendações descrevem as regras a que os produtos que desejam implementar um correio eletrônico aberto devem obedecer. Definem os mapeamentos físicos e organizacionais, estabelecem as formas de nomeação e endereçamento das mensagens, enfim estabelecem as condições e requisitos para a utilização do Modelo de Referência OSI.
Os elementos que participam de um intercâmbio de mensagens em um serviço de correio eletrônico são:
- o Usuário que deseja enviar ou vai receber uma mensagem através de terminais de entrada/saída de dados.
- o Agente do Usuário (UA - user agent) que é o elemento ao qual o usuário entrega a sua mensagem para que este a envie através de uma rede ao seu destino. Também é o elemento que entrega ao destinatário a mensagem a ele enviada através da rede. Comparando com o serviço postal, o Agente do Usuário desempenha o mesmo papel da agência de correio mais próxima, onde um cidadão entrega ou recebe correspondências.
- os Agentes de Transferência de Mensagem (MTA - Message Transfer Agent) que são os nós intermediários da rede por onde circula a mensagem entregue por um usuário (a um determinado UA), até que esta chegue ao destinatário. Um MTA é capaz de rotear uma mensagem, isto é, passá-la para outro MTA, até que esta chegue a um UA conectado ao destinatário.
Uma das características marcantes de um serviço de correio eletrônico é que não se trata de conexão em tempo real, pois as mensagens são passadas de nó em nó, onde são armazenadas temporariamente. É o que chamamos de store and forward.
No mundo, existem hoje vários serviços de correio eletrônico, com vários formatos diferentes, alguns circunscritos no âmbito de uma organização, outros conectando duas ou mais organizações.
As recomendações X.400, como foi descrito acima, buscam criar um padrão único mundial. Como fato positivo, convém ressaltar que o número de usuários que já utilizam produtos que implementam este padrão é considerável. Nada mais natural, então, do que a tendência mundial de utilizar este serviço de troca de mensagens como o suporte ideal para os serviços EDI, pois aproveita-se de infra-estruturas já prontas e de uma linguagem comum a muitas organizações.
Dentro desta filosofia, procura-se, em um primeiro momento, encapsular padrões ANSI-X.12 e EDIFACT, que definem a sintaxe dos intercâmbios EDI, nos conteúdos das mensagens X.400 e assim já ir utilizando o correio eletrônico. A médio/longo prazo, entretanto, a tendência é a utilização de padrões do tipo X.435 que já incorpora sintaxes de documentos EDI, reduzindo a quantidade de redundâncias de campos.
As mensagens X.400 são compostas por um envelope e um tipo de conteúdo.
O protocolo P1 é o responsável pelo envelope, ou seja, pela transferência das mensagens. Tal como um envelope comum de correspondência, o protocolo P1 contém o nome e endereço do remetente e do destinatário e outras informações necessárias para o roteamento da mensagem.
O protocolo P2 é o responsável pela definição dos tipos de conteúdo, que atendem às necessidades de comunicações interpessoais. É composto de um cabeçalho e um corpo da mensagem.
Enquanto se aguarda a adesão à recomendação X.435, fato que só deve ocorrer a médio e longo prazo, os serviços EDI podem fazer uso dos protocolos P1 e P2 da seguinte forma:
. O envelope, ou protocolo P1, é utilizado sem modificações.
. O conteúdo, ou protocolo P2, é utilizado de duas formas possíveis:
- Utiliza-se o cabeçalho como previsto na recomendação e encapsula-se o documento EDIFACT ou X.12 no corpo da mensagem. É como se pretende utilizar o X.400 na Europa a curto prazo.
- Ou, enxerga-se o conteúdo P2 como um campo só, não distinguindo cabeçalho e corpo de mensagem. Neste campo, é transmitido qualquer tipo de mensagem a nível binário sendo que a codificação/decodificação fica a cargo dos parceiros. Esta forma de uso é chamada de "P0". É como se pretende utilizar o X.400 para suportar o EDI nos EUA a curto prazo.
A recomendação X.435, surgida em 1990 para permitir troca de mensagens especificamente para serviços EDI, incorpora a maioria dos elementos previstos nos padrões X.12 e EDIFACT a nível de cabeçalho. O nível de transferência de mensagem (o envelope) não é modificado, apenas o conteúdo do envelope o é. O protocolo definido pela recomendação é conhecido como P-edi. O corpo do P-edi é semelhante ao corpo de mensagem do protocolo P2 com a possibilidade de incluir uma parte que define o tipo de transação (ou documento).
O QUE É EDI
EDI é a sigla de Electronic Data Interchange, que em português significa Troca Eletrônica de Dados. É a troca de documentos via sistemas de teleinformática entre duas ou mais organizações de forma padronizada. Tem como um dos principais objetivos, ao substituir o fluxo de papéis entre elas, agilizar e reduzir os custos dos processos mercantis.
Tradicionalmente, no âmbito das relações comerciais, muitas das aplicações informatizadas de uma empresa geram documentos em papel que, após o trâmite burocrático interno, são encaminhados a outra empresa. Nesta outra empresa, tais documentos passam inicialmente por uma averiguação e então são digitados e introduzidos nos seus sistemas informatizados.
Existem informações nos dando conta de que 70% das entradas de dados do computador de uma empresa são originados pelas saídas de computadores de outras empresas e de que 25% do custo das transações derivam destas entradas.
O uso do EDI tem como proposta automatizar estas transações comerciais e eliminar este grande número de papéis que são trocados entre empresas. Para que se consiga isto, é necessário conectar diretamente os computadores das empresas que transacionam entre si.
Mas, esta não deve ser a principal motivação que empurra as empresas no sentido de implantar o EDI em seus negócios. A busca da competitividade empresarial deve ser esta referência. A agilidade e a produtividade são os dois pilares para que uma empresa consiga ser competitiva nestes tempo de economia globalizada e recessiva.
O uso de sistemas informatizados suportando as aplicações comerciais das grandes empresas já é uma rotina. Ninguém em sã consciência colocaria em dúvida a importância vital da informática no dia-a-dia destas organizações. O desafio que hoje se coloca é o de como interconectar estes sistemas tendo em vista a heterogeneidade dos ambientes computacionais que os suportam, visto que, há tempos atrás, cada empresa optou por uma determinada plataforma de hardware e software, a maioria das quais não se "conversam" entre si.
Na última década, vários esforços de padronização tem sido feitos buscando viabilizar a troca eletrônica de documentos. Esta difícil tarefa têm encontrado nos interesses e pontos de vista diferentes, e até mesmo em determinados momentos conflitantes, seus maiores entraves, além, é claro, dos elevados custos dos investimentos necessários.
Como ilustração do jogo de interesses existente, poderíamos citar o comportamento das grandes corporações exercendo seu poder de compra, quando acabam por impor, aos fornecedores, padrões que mais lhes são favoráveis.
A globalização da economia, entretanto, tem forçado os grandes blocos econômicos a se sentarem à mesa e negociarem um padrão aberto a nível mundial. O padrão de sintaxe de documentos chamado EDIFACT (EDI for Administration, Commerce and Transporte) criado em 1987 desponta como tal. Será praticamente impossível para uma grande empresa participar do mercado global, e e manter sua competitividade e agilidade, se não aderir e implementar o EDI como o meio de incrementar suas transações comerciais.
HISTÓRICO DO EDI
O EDI não é uma mensagem de correio eletrônico, cujo formato é livre. Sua forma pretende suportar as transações interempresariais, necessitando para tanto ser adotada a partir de formatos rígidos que, além de atenderem aos requisitos básicos de cada tipo de negócio, estejam adequado sob os aspectos legais e fiscais. Isto torna-se claro quando verificamos seu uso para a troca de documentos como faturas, cheques, ordens de pagamento, pedidos de compra, notas fiscais, etc...
A preocupação de padronizar as relações comerciais não é nova e antecede a tecnologia de comunicação de dados.
Em 1961, o Comitê para o Desenvolvimento do Comércio, da ONU, criou um grupo de trabalho para propor a simplificação e padronização dos documentos voltados ao comércio exterior. Em 1968 o Comitê de Coordenação de Transporte de Dados (TDCC) montou, como apoio do Departamento de Defesa Americano, um grupo para desenvolver padrões de mensagens entre empresas, dentro dos processos comerciais. Estes padrões de então ainda são utilizados por empresas de transporte de cargas internacional (ferroviário, rodoviário, oceânico a aéreo).
Em 1979, o Instituto Nacional Americano de Padrões (ANSI) montou o comitê X12 para desenvolver padrões para as transações comerciais eletrônicas. A sintaxe e a estrutura propostas pelo X12 basearam-se nos padrões do TDCC, sendo estendidos para os demais tipos de atividades.
O padrão X12 definiu o formato dos dados e delegou aos vários segmentos da atividade econômica o desenvolvimento dos dicionários para o uso e interpretação dos campos de dados. Participam destes trabalhos os segmentos do setor automotivo, comércio varejista, químico, elétrico, metalúrgico, papel, além do setor de produtos para escritório.
Em 1982, o TDCC publicou a primeira versão do UCS (Uniform Communication Standard) baseado no protocolo bissíncrono 2780/3780 a 2400 bps. A partir da ratificação pelo UCC (Uniform Code Comcil) em 1984 muitas empresas passam a usar este padrão, embora algumas tenham optado, ou sido forçadas, a utilizar padrões de terceiros (o padrão da McDonnel Douglas por exemplo). Até 1985 já havia padrões para cerca de 35 tipos de documentos.
Na Europa, ainda em 1983, as grandes indústrias de veículos automotivos formaram um comitê para desenvolver um padrão de troca eletrônica de documentos entre estas empresas e seus fornecedores e entre elas e seus distribuidores. Este comitê ficou conhecido como ODETTE (Organization for Data Exchange Through Teletransmission in Europe), tendo em 1985 apresentado o resultado de seus estudos, os quais estabeleceram os padrões para as empresas do setor.
Motivados pelos esforços empreendidos nos Estados Unidos e na Europa, representantes de 20 países iniciaram estudos voltados à unificação dos padrões de troca eletrônica de documentos, visando abranger todo o comércio internacional. Surgiu o SITPRO (Simplification of Internacional Trade Procedures Board) que gerou o padrão EDIFACT, cuja minuta foi publicada em setembro de 1987.
Após o surgimento do EDIFACT, vários países tem adotado este padrão, inclusive os Estados Unidos, sendo contudo sua migração lenta e gradual, visto ainda convivermos com os outros padrões criados em anos anteriores, e largamente difundidos pelo mundo.
Como fato positivo para a adoção de um padrão único, mundial, convém registrar a clara sinalização proveniente da comunidade empresarial americana, quando, por ocasião de uma votação promovida pelo comitê X12 do ANSI, 76% de um grupo significativo de empresários afirmou que as suas organizações adotariam o EDIFACT a partir da liberação da versão 4, prevista para 1997, da norma nacional que trata do assunto.
Face a este quadro, desde o final da década passada algumas das maiores empresas da área de informática, motivadas por esta tendência de padronização mundial, vêm anunciado pacotes de software para suportar o EDI, em várias plataformas dos mainframes aos microcomputadores. São exemplos a IBM, Digital, GE, entre outras.
No Brasil, em 1987, a ABAC (Associação Brasileira de Automação Comercial) deu início ao estudo das várias alternativas de padronização, tendo decidido adotar o padrão EDIFACT. Foram analisadas a sintaxe e estrutura dos seguintes tipos de documentos: ficha de produto, cadastro de empresas, lista de preços, pedido de compras, aviso de faturamento e embarque e o aviso de recebimento.
A ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), através do seu Comitê Brasileiro de Informática, o CB-21, iniciou, pela mesma época, estudos sobre o assunto, definindo-se também pelo padrão EDIFACT. Como conseqüência foi formado o Subcomitê de EDI, Elementos de Dados e Facilitação de Negócios (SC-21:07) para o aprofundamento e detalhamento do padrão escolhido.
A ABNT também criou, em 1988, uma comissão para estudar os Sistemas de Tratamento de Mensagens que, junto com um grupo de trabalho do Ministério das Comunicações, indicou como padrões a serem seguidos as normas da série X.400 do CCITT. Além disto a BRISA, um consórcio privado de empresas, que trata especificamente de padronização na comunicação de dados, definiu-se pelos padrões OSI (Open Systems Interconection) da ISO (Internacional Organization for Standartization).
Todos estes posicionamentos apontam para que, no Brasil, os serviços de EDI venham a utilizar, como suporte de comunicação, os padrões OSI/CCITT, da família X.400, especificamente o X.435, para veicular troca de documentos.
Outro fato relevante ocorreu em 25 de novembro de 1992, quando da primeira assembléia do SIMPRO-BRASIL - Instituto Brasileiro para a Simplificação de Procedimentos Mercantis - organização criada para servir de instrumento de divulgação e fórum de debate dos estudos acerca do EDI e de outras tecnologias correlatas.
Recentemente, foi assinado um acordo entre o CB-21 e o SIMPRO-BRASIL, transferindo a responsabilidade de operação do Subcomitê 21:07 para esta entidade. Até o momento, são associados do SIMPRO vários bancos (segmento mais representativo), empresas de telecomunicação, prestadoras de serviço em informática, entidades normalizadoras e fabricantes de hardware e software.
É fundamental que os debates sobre o EDI no Brasil venham a contar com participação de representantes das indústrias, em especial de entidades como o CNAB, ABAC, ANFAVEA, SINDIPEÇAS etc. para que a tecnologia de troca eletrônica de documentos realmente se torne uma realidade no Brasil.
PADRÕES PARA EDI
ESTRUTURA GERAL DOS PADRÕES EDI
A base preferencial para o desenvolvimento das aplicações EDI é constituída pelos Serviços de Tratamento de Mensagens, padronizados pelas recomendações X.400 e F.400 da ISO, tendo sido estabelecido um protocolo específico para EDI na recomendação X.435 conhecido como PEDI.
Os níveis de padronização a serem considerados em relação ao EDI são os seguintes:
a) Nível de Aplicação - definido pelos parceiros comerciais que venham a transacionar.
b) Nível de Mensagens - definido pelas normas internacionais.
c) Nível de Sintaxe - definido nas normas internacionais EDIFACT e ANSI X.12. Neste nível se estabelece a seqüência correta e lógica com que as informações contidas num documento eletrônico vão sendo agrupadas para se montar uma transação que é trocada entre parceiros comerciais, via um meio de comunicação de dados.
d) Nível de Comunicação - definido nas normas ISO X.400 / X.435 e ANSI X.12.
e) Nível das VANs (Value Added Network - redes de valor agregado) - são as redes de comunicação de dados oferecidas por empresas públicas ou privadas e que oferecem vários serviços de conexão, com ênfase em padrões abertos.
Dos níveis de padronização, o mais importante para o EDI é o de SINTAXE, e foi onde as entidades de padronização mais se detiveram. Hoje em dia, os dois padrões de sintaxe que dominam as atenções são o EDIFACT e o ANSI/X.12. Futuramente, o EDIFACT deve despontar como o único padrão mundial.
Um intercâmbio de documento EDI apresenta a estrutura esquemática mostrada a seguir.
Notam-se três níveis de envelopamento de um intercâmbio EDI:
I - O nível de ENVELOPE DE INTERCÂMBIO que é o mais geral e envolve todos os outros envelopes contendo os grupos funcionais. Este envelope identifica o emissor e o receptor do intercâmbio EDI.
II - O nível de ENVELOPE DE GRUPO FUNCIONAL que envolve os documentos de um mesmo tipo ou finalidade (ordens de compra ou faturas ou ordens de pagamento, etc). Podem existir vários envelopes de grupos funcionais em um envelope de intercâmbio.
III - O nível de ENVELOPE DE TRANSAÇÃO que encapsula um único documento. Podem haver vários destes envelopes em um envelope de grupo funcional.
O EDI SOBRE X.400
No âmbito do modelo OSI, existem as recomendações da série X.400 que têm como função definir e padronizar os Serviços de Tratamento de Mensagens ou Correio Eletrônico como é conhecido popularmente.
Estas recomendações descrevem as regras a que os produtos que desejam implementar um correio eletrônico aberto devem obedecer. Definem os mapeamentos físicos e organizacionais, estabelecem as formas de nomeação e endereçamento das mensagens, enfim estabelecem as condições e requisitos para a utilização do Modelo de Referência OSI.
Os elementos que participam de um intercâmbio de mensagens em um serviço de correio eletrônico são:
- o Usuário que deseja enviar ou vai receber uma mensagem através de terminais de entrada/saída de dados.
- o Agente do Usuário (UA - user agent) que é o elemento ao qual o usuário entrega a sua mensagem para que este a envie através de uma rede ao seu destino. Também é o elemento que entrega ao destinatário a mensagem a ele enviada através da rede. Comparando com o serviço postal, o Agente do Usuário desempenha o mesmo papel da agência de correio mais próxima, onde um cidadão entrega ou recebe correspondências.
- os Agentes de Transferência de Mensagem (MTA - Message Transfer Agent) que são os nós intermediários da rede por onde circula a mensagem entregue por um usuário (a um determinado UA), até que esta chegue ao destinatário. Um MTA é capaz de rotear uma mensagem, isto é, passá-la para outro MTA, até que esta chegue a um UA conectado ao destinatário.
Uma das características marcantes de um serviço de correio eletrônico é que não se trata de conexão em tempo real, pois as mensagens são passadas de nó em nó, onde são armazenadas temporariamente. É o que chamamos de store and forward.
No mundo, existem hoje vários serviços de correio eletrônico, com vários formatos diferentes, alguns circunscritos no âmbito de uma organização, outros conectando duas ou mais organizações.
As recomendações X.400, como foi descrito acima, buscam criar um padrão único mundial. Como fato positivo, convém ressaltar que o número de usuários que já utilizam produtos que implementam este padrão é considerável. Nada mais natural, então, do que a tendência mundial de utilizar este serviço de troca de mensagens como o suporte ideal para os serviços EDI, pois aproveita-se de infra-estruturas já prontas e de uma linguagem comum a muitas organizações.
Dentro desta filosofia, procura-se, em um primeiro momento, encapsular padrões ANSI-X.12 e EDIFACT, que definem a sintaxe dos intercâmbios EDI, nos conteúdos das mensagens X.400 e assim já ir utilizando o correio eletrônico. A médio/longo prazo, entretanto, a tendência é a utilização de padrões do tipo X.435 que já incorpora sintaxes de documentos EDI, reduzindo a quantidade de redundâncias de campos.
As mensagens X.400 são compostas por um envelope e um tipo de conteúdo.
O protocolo P1 é o responsável pelo envelope, ou seja, pela transferência das mensagens. Tal como um envelope comum de correspondência, o protocolo P1 contém o nome e endereço do remetente e do destinatário e outras informações necessárias para o roteamento da mensagem.
O protocolo P2 é o responsável pela definição dos tipos de conteúdo, que atendem às necessidades de comunicações interpessoais. É composto de um cabeçalho e um corpo da mensagem.
Enquanto se aguarda a adesão à recomendação X.435, fato que só deve ocorrer a médio e longo prazo, os serviços EDI podem fazer uso dos protocolos P1 e P2 da seguinte forma:
. O envelope, ou protocolo P1, é utilizado sem modificações.
. O conteúdo, ou protocolo P2, é utilizado de duas formas possíveis:
- Utiliza-se o cabeçalho como previsto na recomendação e encapsula-se o documento EDIFACT ou X.12 no corpo da mensagem. É como se pretende utilizar o X.400 na Europa a curto prazo.
- Ou, enxerga-se o conteúdo P2 como um campo só, não distinguindo cabeçalho e corpo de mensagem. Neste campo, é transmitido qualquer tipo de mensagem a nível binário sendo que a codificação/decodificação fica a cargo dos parceiros. Esta forma de uso é chamada de "P0". É como se pretende utilizar o X.400 para suportar o EDI nos EUA a curto prazo.
A recomendação X.435, surgida em 1990 para permitir troca de mensagens especificamente para serviços EDI, incorpora a maioria dos elementos previstos nos padrões X.12 e EDIFACT a nível de cabeçalho. O nível de transferência de mensagem (o envelope) não é modificado, apenas o conteúdo do envelope o é. O protocolo definido pela recomendação é conhecido como P-edi. O corpo do P-edi é semelhante ao corpo de mensagem do protocolo P2 com a possibilidade de incluir uma parte que define o tipo de transação (ou documento).