Empresas Estaduais de informática de amanhã
Autor: Vanderlei Vilhanova Ortêncio
Há uns dois meses atrás, enquanto desocupava algumas gavetas de minha mesa de trabalho, para mudança, me deparei entre outras coisas com um rascunho que utilizei em meados de 1986 para responder a um questionário que fora distribuído na empresa, para coleta de idéias em forma de sugestões.
Li os itens propostos, imaginando as possíveis reações dos leitores a cada item. Uma das sugestões que pode ter hilariado o pessoal na tabulação daqueles questionários, era no sentido de que a Celepar deveria pensar em preparar suas redes e bases de dados para conexão de microcomputadores pessoais, de cidadãos interessados em informações que poderiam ser supridas pelo setor público.
Certamente, hoje este assunto será visto com muita naturalidade, e a adoção desta sugestão já não terá igual chance de originalidade, embora em contrapartida tenha toda possibilidade tecnológica para implementação. Tenho notícias de que algumas empresas de telecomunicações estão implantando uma infra-estrutura de telecomunicação justamente para viabilizar prestação de serviços através de rede, com preços acessíveis à população, e com velocidade que permitirá, em breve, até mesmo tratamento de imagem para multimídia. Estas empresas deverão oferecer alguns serviços seus através deste meio, e abrirão também para outros fornecedores de serviços, o que poderá nos colocar diante de algumas oportunidades dentro deste contexto.
Se os anos setenta foram marcados pelos avanços na área dos sistemas operacionais, redes e gerenciadores de banco de dados, os anos oitenta serão lembrados pela evolução e consolidação de todas estas coisas, principalmente relacionadas com a explosão da microinformática que está promovendo uma verdadeira revolução na sociedade. Apoiada nestes aspectos, a década de noventa é, sem dúvida, a década da integração.
Do ponto de vista de tecnologia de uso, a informática que cada vez mais permeia todas as atividades humanas, evoluindo em áreas de aplicações específicas - como computação gráfica, cartografia, tratamento de imagem, inteligência artificial, processamento de dados, etc - intensifica a exploração dos benefícios pela fusão do potencial de cada domínio de aplicação e proporciona novos recursos poderosos como multimídia, geoprocessamento, etc.
Do ponto de vista de aplicações empregando tecnologia de telecomunicações, a tendência é de que num curto espaço de tempo praticamente todas as transações entre instituições - empresas, órgão públicos, pessoas, etc - dispensarão os documentos baseados em papel e se modificarão substancialmente. O fluxo de dados se dará diretamente entre ambientes de computadores, diferentemente de hoje onde um dado é capturado, tratado e participa de várias transformações cujo resultado é, geralmente, editado em papel quando se destina a uso por outros de fora da organização.
Do ponto de vista social, a informática já se banalizou. A integração do homem com a máquina está evoluindo para permitir que qualquer pessoa - até mesmo analfabetos, deficientes, etc - possam utilizar terminais de computadores. O uso da informática passa a ser completamente democratizado, a exemplo do que aconteceu com o telefone. A informatização das organizações leva o computador para as áreas fim, e elimina muitas atividades que vão se tornando obsoletas - como arquivistas, datilógrafos, etc, bem como as chefias e supervisões correspondentes - promovendo verdadeiros "down-sizing" de decisão na estrutura organizacional, com enxugamento e conseqüente diminuição de níveis hierárquicos.
Não podemos pensar em empresas estaduais de informática de amanhã sem considerarmos este quadro de tendências, ou corremos o risco de tentar caminhar na contramão da história. A sobrevivência de uma instituição se dá na medida que ela seja necessária ao sistema. As empresas estaduais de informática deverão se posicionar de modo a se tornarem agentes integradores dentro do estado. Isto significa ocupar um espaço não apenas de integração entre órgãos do poder executivo, mas entre todos os poderes - legislativo, executivo, judiciário, e tantos outros quantos venham a existir - e ainda com outras esferas do setor público tanto a nível federal como municipal. Mais importante ainda é a integração entre o estado e o cidadão.
Uma atuação competente da informática dentro deste conceito poderá ampliar magnificamente a capacidade de ação do setor público em benefício da população, proporcionando possibilidades de aumento de produtividade e qualidade no campo e na indústria - a partir de acesso a informações mais precisas de mercado, clima, treinamento, etc - o que poderá influenciar positivamente no custo de vida.
Benefícios a empresas poderão estar vinculados a mecanismos de aferição contábil embutidos em sistemas padrão de contabilidade, com possibilidades de aumento de arrecadação a custos muito baixos e ainda de fiscalização muito mais criteriosa e justa. Cada cidadão poderá acompanhar andamento de processos de seu interesse sem ter que ir a qualquer dos muitos endereços de órgãos públicos. Mapas das cidades poderão ser acessados com atualidade praticamente absoluta e compartilhados por sistemas que os utilizem para definição de rotas e auxílio a motoristas.
Policiais poderão ter informações precisas para abordagem a suspeitos, dentro de viaturas em movimento, e viaturas - policiais, de bombeiros, ambulâncias, transportadores de valores - podem ser rastreados por radar. Sistemas especialistas poderão auxiliar em procedimentos de primeiros socorros nas casas, e o contato com médico pode ser acionado por computador. São pequenos exemplos de possibilidades que começam a se tornar viáveis hoje com tecnologia disponível e a custos cada vez menores.
Este objetivos demandam conjugação de esforços e investimentos muitas vezes inviáveis para cada órgão ou área de governo, mas possível em termos corporativos. São necessários instrumentos de coordenação e operação dos mecanismos necessários à integração. Para tanto é fundamental a adoção, pelas empresas estaduais de informática, de um comportamento extremamente empreendedor. Isto pode ser alcançado explorando o potencial de conhecimento que possui sobre o negócio do estado e modificando padrões metodológicos ou políticas de atuação diante dos clientes.
Nos dias de hoje, cada vez menos pessoas se dispõe a esperar meses pelas soluções que solicitam - mesmo porque suas necessidades se modificam com o tempo. Por isso devemos propor soluções ajustáveis que se apliquem aos problemas que conhecemos em vez de nos empenharmos em extrair dos clientes as suas percepções sobre estes problemas para então propor alternativas de soluções que levarão meses ou anos para serem implementadas. Isto significa, no mínimo, passarmos a dispor de produtos "com pronta entrega" o que demanda novas abordagens no contexto de desenvolvimento e gestão de sistemas de informação.
O paradigma da orientação por objetos, que durante duas décadas foi sufocado pelo predomínio das técnicas estruturadas, recobrou o fôlego e iniciou os anos 90 assumindo posições irreversíveis, determinando uma nova tendência. Esta tendência, emergente da evolução na engenharia de software, é de que os software sejam modelados em blocos funcionais com capacidades e comportamentos que poderão se combinados como mosaicos na construção de soluções. Isto permitirá que em diversos níveis de abstração os softwares sejam manipulados de maneira semelhante como o são os componentes de hardware. Nesta similaridade de enfoque, os sistemas poderão ser compostos de elementos como se fossem "placas" de software, que por sua vez se constituem de elementos como se fossem "chips" de software, os quais agregarão estruturas com alta densidade de código e dados encapsulados.
A forma de construir sistemas deverá ser transformada drasticamente, e possivelmente os critérios para caracterizar os contornos dos sistemas serão muito diferentes de hoje.
A função de administração de dados deverá ser exigida de forma crescente, e sua missão de promover integração e compartilhamento de dados assumirá proporções exponenciais de importância e complexidade. Terá de prover mecanismo para gestão de objetos de dados que têm comportamentos, ciclo de vida, comunicam-se entre si i não ficam mais apenas armazenados passivamente em arquivos ou banco de dados, mas fluem através das redes, suprem diferentes áreas de aplicação (PD, IA, Geoprocessamento, etc), e resultam em apresentações ricamente mimetizadas pela multimídia.
A postura das empresas estaduais de informática nos estados deve ser de vanguarda. O discurso oriundo dos princípios de Qualidade Total, além de totalmente aderente ao objeto destas proposições, poderá também ser explorado como produto de consultoria ou ainda para agregar valor aos seus produtos e serviços.
É claro que qualquer mudança passa por alterações de postura do corpo funcional e isto deve ser buscado, prestigiando comportamentos pró-ativos de seus funcionários, de modo a incorporá-los como comportamento da organização, extrapolando para os clientes. Não tenho dúvidas de que as empresas estaduais de informática de amanhã para terem sucesso, deverão trilhar caminhos neste sentido.
Há uns dois meses atrás, enquanto desocupava algumas gavetas de minha mesa de trabalho, para mudança, me deparei entre outras coisas com um rascunho que utilizei em meados de 1986 para responder a um questionário que fora distribuído na empresa, para coleta de idéias em forma de sugestões.
Li os itens propostos, imaginando as possíveis reações dos leitores a cada item. Uma das sugestões que pode ter hilariado o pessoal na tabulação daqueles questionários, era no sentido de que a Celepar deveria pensar em preparar suas redes e bases de dados para conexão de microcomputadores pessoais, de cidadãos interessados em informações que poderiam ser supridas pelo setor público.
Certamente, hoje este assunto será visto com muita naturalidade, e a adoção desta sugestão já não terá igual chance de originalidade, embora em contrapartida tenha toda possibilidade tecnológica para implementação. Tenho notícias de que algumas empresas de telecomunicações estão implantando uma infra-estrutura de telecomunicação justamente para viabilizar prestação de serviços através de rede, com preços acessíveis à população, e com velocidade que permitirá, em breve, até mesmo tratamento de imagem para multimídia. Estas empresas deverão oferecer alguns serviços seus através deste meio, e abrirão também para outros fornecedores de serviços, o que poderá nos colocar diante de algumas oportunidades dentro deste contexto.
Se os anos setenta foram marcados pelos avanços na área dos sistemas operacionais, redes e gerenciadores de banco de dados, os anos oitenta serão lembrados pela evolução e consolidação de todas estas coisas, principalmente relacionadas com a explosão da microinformática que está promovendo uma verdadeira revolução na sociedade. Apoiada nestes aspectos, a década de noventa é, sem dúvida, a década da integração.
Do ponto de vista de tecnologia de uso, a informática que cada vez mais permeia todas as atividades humanas, evoluindo em áreas de aplicações específicas - como computação gráfica, cartografia, tratamento de imagem, inteligência artificial, processamento de dados, etc - intensifica a exploração dos benefícios pela fusão do potencial de cada domínio de aplicação e proporciona novos recursos poderosos como multimídia, geoprocessamento, etc.
Do ponto de vista de aplicações empregando tecnologia de telecomunicações, a tendência é de que num curto espaço de tempo praticamente todas as transações entre instituições - empresas, órgão públicos, pessoas, etc - dispensarão os documentos baseados em papel e se modificarão substancialmente. O fluxo de dados se dará diretamente entre ambientes de computadores, diferentemente de hoje onde um dado é capturado, tratado e participa de várias transformações cujo resultado é, geralmente, editado em papel quando se destina a uso por outros de fora da organização.
Do ponto de vista social, a informática já se banalizou. A integração do homem com a máquina está evoluindo para permitir que qualquer pessoa - até mesmo analfabetos, deficientes, etc - possam utilizar terminais de computadores. O uso da informática passa a ser completamente democratizado, a exemplo do que aconteceu com o telefone. A informatização das organizações leva o computador para as áreas fim, e elimina muitas atividades que vão se tornando obsoletas - como arquivistas, datilógrafos, etc, bem como as chefias e supervisões correspondentes - promovendo verdadeiros "down-sizing" de decisão na estrutura organizacional, com enxugamento e conseqüente diminuição de níveis hierárquicos.
Não podemos pensar em empresas estaduais de informática de amanhã sem considerarmos este quadro de tendências, ou corremos o risco de tentar caminhar na contramão da história. A sobrevivência de uma instituição se dá na medida que ela seja necessária ao sistema. As empresas estaduais de informática deverão se posicionar de modo a se tornarem agentes integradores dentro do estado. Isto significa ocupar um espaço não apenas de integração entre órgãos do poder executivo, mas entre todos os poderes - legislativo, executivo, judiciário, e tantos outros quantos venham a existir - e ainda com outras esferas do setor público tanto a nível federal como municipal. Mais importante ainda é a integração entre o estado e o cidadão.
Uma atuação competente da informática dentro deste conceito poderá ampliar magnificamente a capacidade de ação do setor público em benefício da população, proporcionando possibilidades de aumento de produtividade e qualidade no campo e na indústria - a partir de acesso a informações mais precisas de mercado, clima, treinamento, etc - o que poderá influenciar positivamente no custo de vida.
Benefícios a empresas poderão estar vinculados a mecanismos de aferição contábil embutidos em sistemas padrão de contabilidade, com possibilidades de aumento de arrecadação a custos muito baixos e ainda de fiscalização muito mais criteriosa e justa. Cada cidadão poderá acompanhar andamento de processos de seu interesse sem ter que ir a qualquer dos muitos endereços de órgãos públicos. Mapas das cidades poderão ser acessados com atualidade praticamente absoluta e compartilhados por sistemas que os utilizem para definição de rotas e auxílio a motoristas.
Policiais poderão ter informações precisas para abordagem a suspeitos, dentro de viaturas em movimento, e viaturas - policiais, de bombeiros, ambulâncias, transportadores de valores - podem ser rastreados por radar. Sistemas especialistas poderão auxiliar em procedimentos de primeiros socorros nas casas, e o contato com médico pode ser acionado por computador. São pequenos exemplos de possibilidades que começam a se tornar viáveis hoje com tecnologia disponível e a custos cada vez menores.
Este objetivos demandam conjugação de esforços e investimentos muitas vezes inviáveis para cada órgão ou área de governo, mas possível em termos corporativos. São necessários instrumentos de coordenação e operação dos mecanismos necessários à integração. Para tanto é fundamental a adoção, pelas empresas estaduais de informática, de um comportamento extremamente empreendedor. Isto pode ser alcançado explorando o potencial de conhecimento que possui sobre o negócio do estado e modificando padrões metodológicos ou políticas de atuação diante dos clientes.
Nos dias de hoje, cada vez menos pessoas se dispõe a esperar meses pelas soluções que solicitam - mesmo porque suas necessidades se modificam com o tempo. Por isso devemos propor soluções ajustáveis que se apliquem aos problemas que conhecemos em vez de nos empenharmos em extrair dos clientes as suas percepções sobre estes problemas para então propor alternativas de soluções que levarão meses ou anos para serem implementadas. Isto significa, no mínimo, passarmos a dispor de produtos "com pronta entrega" o que demanda novas abordagens no contexto de desenvolvimento e gestão de sistemas de informação.
O paradigma da orientação por objetos, que durante duas décadas foi sufocado pelo predomínio das técnicas estruturadas, recobrou o fôlego e iniciou os anos 90 assumindo posições irreversíveis, determinando uma nova tendência. Esta tendência, emergente da evolução na engenharia de software, é de que os software sejam modelados em blocos funcionais com capacidades e comportamentos que poderão se combinados como mosaicos na construção de soluções. Isto permitirá que em diversos níveis de abstração os softwares sejam manipulados de maneira semelhante como o são os componentes de hardware. Nesta similaridade de enfoque, os sistemas poderão ser compostos de elementos como se fossem "placas" de software, que por sua vez se constituem de elementos como se fossem "chips" de software, os quais agregarão estruturas com alta densidade de código e dados encapsulados.
A forma de construir sistemas deverá ser transformada drasticamente, e possivelmente os critérios para caracterizar os contornos dos sistemas serão muito diferentes de hoje.
A função de administração de dados deverá ser exigida de forma crescente, e sua missão de promover integração e compartilhamento de dados assumirá proporções exponenciais de importância e complexidade. Terá de prover mecanismo para gestão de objetos de dados que têm comportamentos, ciclo de vida, comunicam-se entre si i não ficam mais apenas armazenados passivamente em arquivos ou banco de dados, mas fluem através das redes, suprem diferentes áreas de aplicação (PD, IA, Geoprocessamento, etc), e resultam em apresentações ricamente mimetizadas pela multimídia.
A postura das empresas estaduais de informática nos estados deve ser de vanguarda. O discurso oriundo dos princípios de Qualidade Total, além de totalmente aderente ao objeto destas proposições, poderá também ser explorado como produto de consultoria ou ainda para agregar valor aos seus produtos e serviços.
É claro que qualquer mudança passa por alterações de postura do corpo funcional e isto deve ser buscado, prestigiando comportamentos pró-ativos de seus funcionários, de modo a incorporá-los como comportamento da organização, extrapolando para os clientes. Não tenho dúvidas de que as empresas estaduais de informática de amanhã para terem sucesso, deverão trilhar caminhos neste sentido.