Existe vida (inteligente) além do computador?
INTRODUÇÃO É comum questionarmos sobre a existência de vida em outros planetas, vida após a morte, vida antes dessa vida, e, até mesmo se a vida que estamos vivendo é uma realidade concreta ou um sonho do qual um dia "acordaremos". Entre tão diversos questionamentos, a questão que se propõe é discutir uma incipiente forma de vida, possível apenas com o advento da sociedade em redes - a vida que existe além e através do computador. Por "além e através do computador" quer se dizer aqui, além dos sistemas e aplicativos que normalmente são executados ou processados através do uso de computador. Este artigo se propõe a explorar o tema dos relacionamentos virtuais como sendo expressões de vida além e através do computador. Participando de listas (mailing lists), grupos de discussão (newsgroups), bate-papos (IRCs - Internet Relay Chats), ou mesmo através de mecanismos relativamente simples como o correio eletrônico (e-mail), ou mais complexos, como os experimentos de realidade virtual conhecidos como MUDs (Multi User Dimension), a pessoa transcende aos aplicativos e sistemas que utiliza e estende seu viver individual, unindo-se com outros seres humanos em redes virtuais de compartilhamento de interesses. O artigo conta como, a partir do desenvolvimento da Internet e da invenção do e-mail e de outras formas de interação pessoa a pessoa através do computador, surgiu o conceito de comunidades virtuais. Na seqüência, relata resumidamente alguns casos de interações virtuais já experimentados na administração pública do Paraná, através da Celepar. Como conclusão, propõe o início de uma discussão da validade desse tipo de experiência na administração pública, e sobre possíveis formas de como melhor utilizá-las. No princípio, era o computador E o computador estava só. Mas em outubro de 1969 ele foi conectado a outro computador, formando o primeiro nó da ARPANET, uma rede experimental patrocinada pelo Departamento de Defesa dos EUA. Pouco importa que a conexão caiu ao ser enviada a letra "G" do primeiro "LOGIN", pois nos testes seguintes a conexão funcionou bem. Em Dezembro de 1969, a rede embrião da Internet de hoje já estava com computadores de 4 centros de pesquisa conectados. Quando o primeiro programa para enviar mensagens através da rede foi inventado (Ray Tolimson, 1971), a rede Arpanet já era composta de 15 computadores, cobrindo grande parte dos Estados Unidos. A invenção do e-mail (ou correio eletrônico), forneceu um grande impulso para o desenvolvimento da rede, pois imediatamente passou a dominar seu tráfego. Isto evidenciou a característica mais atrativa dessa rede, ou seja, a habilidade para promover a interação entre as pessoas. Em meados dos anos 80, a National Science Foundation (NSF) passou a custear a Arpanet. Essa rede original foi abandonada em 1990, substituída pelos backbones da NSF, que nessa época também passou a permitir seu uso comercial. Assim, a Internet saiu do circunscrito mundo acadêmico e militar, transformando-se nessa crescente rede mundial de computadores interligados ao redor do mundo. O início das comunidades virtuais Em paralelo aos esforços do Pentágono e das universidades de elite envolvidas no desenvolvimento de uma rede universal de computadores com acesso público dentro de "normas aceitáveis", uma contracultura computacional crescia nos EUA. Dois estudantes de Chicago, Ward Christensen e Randy Suess, inventaram o modem em 1978, quando tentavam descobrir um sistema para transferir programas de um microcomputador ao outro, através de uma linha de telefone comum. Eles entraram para a história do desenvolvimento das comunidades virtuais como criadores do primeiro BBS (Bulletin Board System, ou Quadro de Avisos por Computador). Com o nome BBS Chicago, era basicamente uma atividade exercida entre amigos, que deixavam seus micros disponíveis entre si, para acesso através de um modem. Os inventores difundiram o protocolo Xmodem numa conferência de usuários Unix em 1979. Essa tecnologia, que permitia que computadores transferissem arquivos diretamente, sem passar por um sistema principal, foi difundida sem nenhum custo, pois o objetivo era espalhar as capacidades de comunicação o máximo possível. Em 1979, quatro estudantes (Steve Bellovin, Jim Ellis, Tom Truscott e Steve Daniel) das Universidade de Duke e da Carolina do Norte, que não participavam da Arpanet, em seus estágios iniciais reservada para as universidades científicas de elite, criaram uma versão modificada do protocolo Unix, possibilitando a ligação de seus computadores por linha telefônica comum. Essa comunicação foi usada para iniciar um fórum de discussão sobre computadores, o USENET NEWS, que logo se tornou um dos primeiros sistemas de conversa eletrônica em larga escala. Os inventores do Usenet News também difundiram seu software gratuitamente, ampliando a utilização de sistemas de boletins informativos. Tanto o crescimento das redes de BBS, com seus "quadros de avisos eletrônicos" abrangendo todos os tipos de interesses e afinidades, como a expansão das redes que passaram a integrar a USENET, para trocar mensagens enquadradas numa hierarquia de tópicos mais estruturados, ajudaram a formar os primeiros conceitos de "comunidades virtuais". A principal característica dessas comunidades virtuais é a capacidade das pessoas se relacionarem com outras pessoas que tenham os mesmos interesses, interagindo em espaços virtuais compartilhados. A seguir, apresentamos os principais serviços que têm sido utilizados para a interação entre as pessoas no mundo virtual, através de redes de computadores, principalmente a Internet. Correio Eletrônico (e-mail) É o serviço básico de comunicação em redes de computadores. Também conhecido como e-mail, ou simplesmente mail, o correio eletrônico permite que usuários da rede troquem mensagens via computador, usando um endereço eletrônico como referência para localização do destinatário da mensagem. Embora a grande maioria das mensagens trocadas via rede seja constituída por informação puramente textual, também pode-se usar esse serviço para transmitir outros tipos de informação, tais como sons e imagens. Através do correio eletrônico também é possível obter outros serviços de rede, tais como listas de discussão, grupos de discussão e archie1. 1Archie foi uma das primeiras ferramentas de busca de arquivos disponíveis nos computadores remotos, para serem recuperados através de FTP (File Transfer Protocol). Listas de Discussão É um serviço que permite o intercâmbio de mensagens entre vários usuários. Funciona como uma extensão do correio eletrônico, explorando uma facilidade conhecida como "alias" (um endereço fictício contendo uma lista com outros endereços eletrônicos). Usando esse recurso, qualquer mensagem enviada para o endereço "alias" é, automaticamente, reenviada para todos os endereços constantes da lista associada. As listas de discussão também podem ser implantadas através de programas conhecidos como servidores ou processadores de listas (listservers), usados originalmente na rede Bitnet2. Além do intercâmbio de mensagens entre os participantes da lista, os servidores de lista oferecem recursos adicionais, tais como consulta a registros de mensagens enviadas/recebidas, armazenamento e recuperação de documentos de interesse dos membros dos grupos de discussão e informações sobre os participantes da lista. 2BITNET (Because It's Time Network) - rede de computadores com participação de universidades e institutos de pesquisa dos EUA, baseado em sistemas mainframe IBM. A Bitnet não é considerada parte da Internet por não usar o protocolo TCP/IP. Seu legado mais duradouro foi o software Listserv (escrito por Eric Thomas, um estudante em Paris), que possibilitou a proliferação de redes baseadas em organização social. As listas de discussão ou conferências eletrônicas, como também são conhecidas, são comumente usadas como meio de comunicação entre os membros de um projeto ou entre pessoas interessadas em discutir temas específicos, podendo ser abertas ou fechadas quanto à participação de novos membros. Quando abertas, a inscrição de um novo membro na lista é feita através de um pedido de subscrição enviado pelo interessado para um endereço eletrônico diferente do endereço da lista, criado especialmente para esse fim. Existe uma infinidade de listas de discussão, sobre os mais variados assuntos, acessíveis via rede. Grupos de Discussão (USENET ou NETNEWS) Grupos de Discussão, Usenet Newsgroups, também conhecidos como Netnews, ou simplesmente news é um serviço de difusão e intercâmbio de mensagens semelhante ao das listas de discussão, porém com maior abrangência e facilidade de participação, além de ser operado de forma bastante diferente das listas. Se compararmos as listas de discussão (operadas através do software listserv) com uma agência de correio onde cada mensagem que chega é copiada e encaminhada para uma lista de destinatários individuais, os grupos de discussão podem ser vistos como uma biblioteca pública, na qual cada livro cobre a discussão de um tópico diferente. De forma simplificada, a Usenet pode ser definida como a rede de milhares de sites que disponibilizam um servidor newserver. Esses servidores ficam atualizando seus arquivos de news, repassando-os e recebendo os que estão sendo atualizados em outros sites, para serem lidos pelos seus usuários cadastrados nesse serviço. Então é necessário que o usuário se inscreva nos grupos de seu interesse. A diferença é que a inscrição à Usenet é feita pelo provedor de acesso à Internet do usuário e não através de e-mail. Os programas de leitura de news (também chamados newsreaders) atualmente já estão incorporados nos browsers mais populares. Os recursos básicos oferecidos por esses programas incluem seleção de newsgroups preferenciais, leitura de mensagens (com marcação de mensagens não lidas), trilhas de discussão (para refazer a seqüência de uma discussão), postagem de mensagens (para um dado newsgroup ou para o autor de uma dada mensagem). Como existem newsgroups funcionando regularmente há mais de 20 anos, alguns especialistas consideram que os arquivos desses grupos de discussão formam hoje a mais vasta experiência de participação coletiva de troca de idéias jamais vista no mundo. Uma forma fácil de conhecer alguns desses grupos é visitar pela web o site www.deja.com, especializado em manter um histórico vivo dessas discussões. Bate Papo (IRC - Internet Relay Chat) É um serviço que permite estabelecer uma conversação simultânea entre dois ou mais usuários da rede, pelo teclado, independentemente de sua localização geográfica. As discussões através de IRC fazem uso do conceito de canal (trilha de conversação), podendo ser públicas ou privadas quanto à participação de novos membros. Os tópicos de discussão, assim como o idioma da conversação, são bastante variados. Os diversos servidores IRC existentes na rede estão interconectados, e apresentam continuamente aos usuários do serviço os canais e recursos do serviço em utilização. Por ser um meio onde a comunicação ocorre de maneira informal e bastante desestruturada, seu uso efetivo tem sido mais voltado para o relacionamento social descompromissado entre os participantes. MUD (Multi-User Dimensions) Também conhecidos como Multi User Dungeon, diferente das demais tecnologias já apresentadas, desenvolveu-se na Europa antes do que nos EUA. O primeiro MUD que se tem notícia foi desenvolvido por Roy Trubshaw, um estudante da universidade de Essex, na Inglaterra, em 1979, com a ajuda e posterior continuação de outro estudante, Richard Bartle. Basicamente, MUD é um ambiente on-line onde múltiplos jogadores podem se logar e interagir entre si. Além de interagir com os outros jogadores, é possível interagir com o ambiente virtual, explorando o mundo que ele representa, combatendo monstros, colecionando tesouros, tanto sozinho como em combinação com outros jogadores. Com a anuência da Universidade, que deixava disponível o servidor para os estudantes se conectarem e jogarem nos horários ociosos (finais de semana e madrugada), o interesse por esses jogos virtuais se difundiu rapidamente, espalhando-se por outras universidades, primeiro na Inglaterra, e depois nos EUA, onde também chegou comercialmente através da Compuserve, com o nome genérico de "British Legends". Em alguns MUDs o ambiente pode ser mudado e expandido pelos jogadores. Normalmente é necessário jogar o suficiente para evoluir para um nível de Mago, que tem o poder de manipular variáveis diferenciadas do jogo. Essa capacidade de permitir que os jogadores modifiquem e incluam coisas novas no jogo faz de cada MUD uma experiência nova e divertida. Cada MUD visitado pode ser diferente, de forma sutil ou dramática. Mais do que chats ou jogos em tempo real, MUDs são uma classe de experimentos com realidade virtual, executados através da Internet. Sua estrutura em múltiplas locações, representando jogos de aventura com combates, armadilhas, quebra-cabeças, magia, capacidade para caracterizar personagens e até mesmo construir mais classes de realidade virtual, indicam um potencial de aplicabilidade em áreas ainda pouco exploradas. Outros softwares para conexão virtual Com a evolução da Internet e seu crescimento exponencial, principalmente após o surgimento da WWW (Tim Berners-Lee, 1989), novas e criativas formas de comunicação virtual foram aparecendo. Um dos mais famosos, e que rapidamente conquistou (e continua conquistando) milhões de fãs, é o ICQ (I Seek You). Desenvolvido por 3 jovens israelenses (Sefi Vigiser, Arik Vardi e Yair Goldfinger, que muito apropriadamente deram o nome de Mirabilis a sua pequena empresa), esse software revolucionou a forma de se fazer comunicação instantânea na Internet. Ao apresentar dezenas de recursos novos, além de um visual encantador, esse tipo de comunicação passou a ser o preferido, em relação aos tradicionais chats. Seu sucesso foi imediato, repassado de boca-em-boca (melhor dizendo, de computador em computador), desde que foi lançado em novembro de 1996. Em maio de 1997 o ICQ já tinha 1 milhão de usuários cadastrados, e em dezembro de 1999, 50 milhões. Hoje (22/12/2000), o ICQ está com 86.573.775 usuários3 , como pode ser visto em sua página inicial, cujo número é constantemente atualizado. Como outras soluções revolucionárias que apareceram na Internet, fruto de mentes criativas e arrojadas, o ICQ acabou sendo adquirido por uma companhia maior. Em junho de 1998, a America Online (AOL), maior provedor Internet dos EUA, pagou 400 milhões de dólares por esse verdadeiro "milagre" juvenil. 3Esse número não considera os múltiplos cadastros feitos pela mesma pessoa. Por exemplo, eu devo ter 4 ou 5 UINs cadastrados no ICQ (dos quais não uso nenhum), fruto de mudanças de computador, perdas de winchester, esquecimento de senha, etc. A AOL já era proprietária de outro simples mas muito eficiente comunicador ponto a ponto, o AIM (Aol Instant Messenger). Atualmente esse software já vem embutido no browser Netscape (outra aquisição da poderosa AOL), e agora, em sua versão 6, conta com um recurso que pode fazer muitos antigos fãs desse browser voltarem a utilizá-lo. Ao receber um e-mail, o browser verifica e avisa se o emissário está on-line nesse momento, possibilitando que sua resposta seja imediata via o chat do AIM, numa conversação muito mais rica do que o assíncrono e-mail. O sucesso desses softwares de comunicação instantânea não podia passar despercebido pelos outros grandes da Internet. Assim, logo a Microsoft lançou o MSN Messenger Service, e a Yahoo! o seu Yahoo! Messenger. Até o UOL, maior provedor da Internet brasileira lançou o seu ComVC. Ao mesmo tempo que esse crescimento de comunidades usando softwares diferentes na Internet é um indicativo do quanto a "vida" se prolifera em terreno fértil, também traz consigo um perigo de isolamento, de formação de comunidades isoladas, como foi o surgimento político das nações no mundo concreto. Alguns esforços estão se fazendo, para que essas comunidades virtuais possam interagir, independente do software que estejam utilizando. Entretanto, ainda não se chegou a um acordo sobre protocolos de comunicação comum, o que garantiria a intercomunicabilidade entre as diferentes comunidades. Independente desses protocolos, as comunidades que tenham como base um forte interesse comum florescem. Um caso mais do que curioso, que ainda está com decisão pendente nos tribunais dos EUA é o da "Napster". Outra criação de um jovem (Shawn Fanning, 19 anos), esse software permite a troca de arquivos de música diretamente entre os computadores dos usuários, sem ficar nada de comprometimento com o sistema central, que apenas viabiliza as conexões entre os interessados (fazer chat on-line e pesquisar nos diretórios de arquivos MP3 compartilhados). Essa troca "livre" de músicas pela Internet abalou a indústria da música, acostumada com seus lucros fabulosos, levando-a a acionar o Napster, para tentar impedir a continuidade desse revolucionário serviço gratuito de facilitar as pessoas criarem seus portfólios musicais, sem pagar direitos autorais. E já começaram a surgir no mesmo caminho sites especializados em intermediar a troca de filmes pela Internet... EXPERIMENTANDO RELAÇÕES VIRTUAIS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Celepar BBS A primeira experiência de comunidade virtual na administração pública do Paraná foi o legendário "Celepar BBS", inaugurado no dia 24 de novembro de 1994. O Celepar BBS era um serviço de informações públicas, que ficava disponível 24 horas por dia, através de um microcomputador 486 e uma linha telefônica, operando na velocidade de 14.400 bps. O BBS dispunha de áreas locais para disseminar realizações do Serviço Público Estadual, bem como áreas de mensagens entre usuários e para a Central de Atendimento ao Cliente. Esse serviço funcionou por algum tempo, até ser desativado ao se tornar obsoleto, pela chegada da Internet com sua capacidade de oferecer serviços muito mais completos. Para saber mais sobre o BBS Celepar, veja os artigos escritos na época para o BateByte, pelo seu principal mentor, nosso colega Palhares, aqui da GPT:
Listas de Discussão Ao pesquisar sobre a existência de listas de discussão no servidor de listas da Celepar, encontrei 13 listas registradas. Exceto uma lista de teste e outras duas de uso exclusivo da produção (FTP e acesso discado). Para saber como estava sendo a utilização dessas listas, fiz uma rápida pesquisa com os seus usuários, e obtive algumas respostas bem interessantes. Por exemplo, um dos usuários da Universidade do Campo considera que a lista "foi intensamente utilizada no início do programa Universidade do Campo (1995 até 1998), quando era preciso pensar. Atualmente é muito pouco usada... Poucos respondem utilizando o endereço ggestao. A necessidade de pensar aumentou, mas devemos reconhecer que estamos compartilhando menos nossas idéias e não é pela falta de tecnologia...". Se essa é a opinião dos usuários sobre a lista que tem o mais elevado índice de utilização, como seria em relação às demais listas, algumas das quais claramente não passaram da fase "balão de ensaio", e que nunca decolaram como grupos de discussão virtual? Nas poucas respostas obtidas, as pessoas consideram "a lista de discussão um meio eficiente de compartilhamento de idéias, captação de opiniões, construção de visão dominante de um grupo sobre determinado assunto, transmissão rápida de notícias, auxílio mútuo na busca de soluções, enfim um meio de comunicação eficiente e ágil", e também que são "muito úteis, pois nos possibilitam estarmos atualizados quanto aos assuntos relativos a o quê nossos colegas estão pensando da e na Instituição...". E no caso da lista com um potencial de interesse pessoal muito grande (redutor Iapar) há posições aparentemente contraditórias. Umas das pessoas considera que a lista "tem servido bem ao seu propósito de circular informações e idéias sobre os problemas salariais da instituição, abrindo espaços para manifestações de pessoas que dificilmente participam de discussões "ao vivo"", enquanto que outra acha que "a lista redutor tem servido mais como um muro de lamentações e não tem contribuído em nada. Muitos nem sabem utilizá-la ou a utilizam indevidamente.". Na verdade, é esperado que surjam essas diferenças de opinião dentro das discussões. Pois é a partir de visões diferentes que novas opiniões podem ser construídas em conjunto. Se todos têm a mesma opinião, não há o que ser discutido. Entretanto, houve uma unanimidade muito importante. Praticamente todas as respostas alertavam para alguns problemas que prejudicam o funcionamento das listas. Trata-se das mensagens fora do contexto, como a transmissão de correntes ou assuntos particulares, de pouco ou nenhum interesse para a maioria. E parece que isso independe do nível de escolaridade ou intelectual do grupo, pois mesmo em grupos de reconhecida capacidade o mesmo problema aparece, como pode ser visto nos seguintes trechos, retirados da opinião de duas pessoas diferentes: "Por outro lado, às vezes aparecem pessoas que não entenderam o objetivo da lista e enviam mensagens pessoais sobre outros assuntos. Acho que a "mídia" Internet ainda não é bem entendida por muitas pessoas, mesmo as de nível relativamente alto, como é o caso do Iapar." "... mesmo um grupo com essas características a participação é muito restrita e o papo às vezes aborrece. No Iapar existe um grupo de discussão Funciona há uns três anos. Só tem papo careca." Entretanto, a avaliação final é positiva, e há um desejo latente de que essa forma de comunicação aconteça de forma mais ampla: "No balanço geral acho o processo muito produtivo e penso que deveria ser utilizado para a discussão de outros assuntos de interesse corporativo...". No meu entendimento, o que impediu um crescimento e maior desenvolvimento das listas na administração pública foi a implantação do Lotus Notes. Pela sua facilidade de criar grupos de usuários e endereçar mensagens para todos os inscritos nos grupos, pelo menos na administração pública, esse serviço de listas já acontece via Lotus Notes. Entretanto, apesar de terem sido criados muitos grupos no Address Book do Estado, não sabemos da existência de um intercâmbio contínuo de mensagens entre esses grupos. Esses endereçamentos até são utilizados, mas como estão embutidos nos processos produtivos diários, praticamente não são percebidos como um grupo exclusivo dentro da administração pública. A razão principal disso é que, a maioria dos grupos é formada por pessoas da mesma empresa, da qual quase sempre representam uma parte do organograma. Assim, essa comunicação é vista como formal e estruturada, não facilitando uma troca espontânea de idéias fora desses limites. Consulta a Especialistas Uma experiência de colaboração virtual simples (em termos de tecnologia), mas muito interessante pelos seus resultados, é o serviço "Consulte Especialistas", coordenado pela Universidade do Campo. Através de seu web site (www.ucampo.pr.gov.br), a Universidade do Campo criou um cadastro com centenas de especialistas que respondem perguntas relacionadas às mais diversas áreas da agricultura. Atualmente são 496 especialistas, que atuam em 62 empresas diferentes, e que têm conhecimento em mais de 500 assuntos diferentes. E esse cabedal fantástico de conhecimento está disponível gratuitamente, para um intenso intercâmbio entre agentes de agronegócios. No primeiro semestre deste ano foram realizadas 634 consultas a esses especialistas. A Tabela 2 mostra a quantidade de consultas realizadas no segundo semestre.
Tabela 2 - Consultas aos Especialistas de julho a dezembro de 2000 ** até o dia 21 O ponto alto dessa aplicação é exatamente esse vasto potencial de conhecimento, enquanto que, seu ponto fraco é ainda não dispor de um banco de dados com todas as perguntas já realizadas, perguntas mais freqüentes, e, principalmente, não prover nenhum mecanismo para os especialistas trocarem idéias entre si. Ou seja, transformar o Consulte Especialistas em um Grupo de Discussão. Grupos de Discussão Usando a facilidade de criar grupos de discussão com o Lotus Notes, diversos desses grupos já foram disponibilizados na administração pública do Paraná. Alguns nem tinham o formato de um grupo de discussão, mas dos clássicos Quadros de Avisos do Lotus Notes. Um desses exemplos foi o "QA-Reduzidos", da Celepar. Embora de pouca participação opinativa (poucas pessoas expuseram suas opiniões), esse QA era acompanhado pelos interessados com grande ansiedade e expectativa (muitas pessoas reliam as poucas mensagens diariamente). Mesmo com a limitação de participação, esse instrumento serviu como uma espécie de ponto de convergência entre as pessoas interessadas, até a solução final do assunto. Outra forma de utilização de grupos de discussão foi tentada ao se criar um fórum vinculado ao aplicativo "Portfólio de Tecnologias". Até agora esse fórum está sendo usado basicamente pela administração da aplicação, para arquivar os informativos enviados periodicamente aos usuários. Um fórum que está sendo bem utilizado é o que foi criado para apoiar o Grupo de Estudos em Gerência de Projetos "PMBOK". Um grupo de funcionários da Celepar reúne-se regularmente para assimilar e internalizar os conceitos de Gerência de Projeto, segundo os princípios do PMBOK (literalmente, Corpo de Conhecimento de Gerência de Projetos). É objetivo da Celepar internalizar procedimentos de gestão de projetos, conforme preconiza o PMBOK, através de experimentos com casos reais de projetos do cliente, adequando os procedimentos à realidade do Estado e da Celepar. O Fórum PMBOK tem servido para apoiar as atividades do grupo, principalmente como repositório dos documentos produzidos e das atas das reuniões. Os trabalhos de tradução e produção do material são elaborados pelos membros individualmente e apresentados nas reuniões. As tomadas de decisões acontecem somente nas reuniões presenciais. Como tudo fica registrado no fórum, este está se tornando uma espécie de base de conhecimento sobre o assunto, além de servir como memória organizacional do trabalho elaborado. A "SEAB" (Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná) também está realizando um experiência de usar um grupo de discussão através do Lotus Notes. Com quase dois meses de uso, o Fórum já mostrou que tem um grande potencial, como pode ser visto pela avaliação feita pelo seu gerente, o Humberto Bernardes Jr: "Creio no potencial deste grupo de discussão inclusive porque para nós ele serve não apenas para assuntos diversos, curiosidades mas também para Trabalho. Um de nossos departamentos, o DERAL, Departamento de Economia Rural, está utilizando bastante com a tendência de aumentar mais, pois muitos núcleos regionais ainda não foram apresentados ao fórum." Um dos motivos pelo qual esse fórum foi criado, foi diminuir o excesso de informações nas caixas postais Notes individuais. "Com este mecanismo reduzimos em muito o envio das informações, pois as mesmas ficam postadas alguns dias na base e depois são eliminadas", explica Humberto. Ele complementa que a atualização de antivírus também ficou muito facilitada através do Fórum. A SEAB também está fazendo um uso personalizado do ICQ, com um servidor exclusivo e clientes nos escritórios regionais, facilitando em muito a comunicação interna, em detrimento do uso de telefone. Essa versão corporativa do ICQ permite conectar até 200 clientes, sendo que atualmente a SEAB está com 72 usuários cadastrados, dos quais uma média de 17 pessoas usa diariamente. Como o ICQ é considerado de baixa segurança, a intenção em médio prazo é implementar uma intranet, para facilitar ainda mais a comunicação entre os funcionários, sendo que nesse caso, o acesso ao Notes pelos escritórios regionais deverá ser feito via browser, com o uso de autenticação. A Celepar também agiu de forma bastante inovadora, ao criar o "Fórum de Discussão ABEP via Internet", para estabelecer um mecanismo de cooperação entre as companhias estaduais de informática afiliadas. Esse fórum, implementado em Lotus Notes 5 com interface web, foi criado em maio deste ano, e a partir de julho começou efetivamente a ter uma participação mais intensa. No início foram cadastrados apenas os diretores técnicos e, posteriormente, os presidentes e os diretores administrativos-financeiros. Com a intensificação de uso, agora em dezembro foram recebidas várias solicitações para cadastramento de assessores e técnicos de informática, o que demonstra a aceitação do fórum como mecanismo de cooperação entre as associadas. Hoje, 25 das 27 empresas afiliadas a ABEP participam, com um total de 77 pessoas cadastradas. O suporte para o funcionamento deste Fórum é feito pela Celepar, porém cada item de discussão é gerido diretamente por seus participantes, cabendo ao propositor de cada novo tema uma certa coordenação. Além da troca de idéias e compartilhamento de interesses, a vantagem é que mesmo as discussões laterais entre empresas podem ser acompanhadas pelas demais. Assim, por exemplo, se a Prodeba da Bahia oferece alguma solução em resposta a um pedido da Prodam do Amazonas, todas as demais empresas estaduais sabem onde buscar esse tipo de solução. Um Grupo de Discussão muito especial Não poderia ficar fora desse artigo a história do "Fórum SPAM, HOAX, etc.", um polêmico grupo de discussão, que funcionou por um ano entre os funcionários da administração pública do Paraná. Esse fórum mereceria um artigo em separado, até porque a motivação para escrever sobre "a existência de vida (inteligente) além do computador" veio da minha participação nesse fórum. Mas, pelo menos um resumo será apresentado neste já extenso artigo. O Fórum Spam foi criado em 9 de novembro de 1999, com o propósito de ser o ponto de encontro de todos os interessados em trocar idéias e opiniões sobre spams, cartas correntes, trotes e outras "tranqueiras" que aparecem diariamente nas caixas postais, seja do Lotus Notes, seja da Internet. Inicialmente, de forma experimental, o fórum foi divulgado somente para os funcionários da Celepar. Nessa fase, o uso e acesso ao fórum aconteceu de forma bastante modesta. Embora com alguma participação, uma massa crítica consistente de usuários não foi conseguida. Como a base não era fechada, se algum funcionário de outro órgão "descobrisse" o aplicativo no catálogo de aplicações do servidor Notes, poderia participar sem problemas. E isso realmente aconteceu, pois algumas pessoas de fora da Celepar chegaram a incluir documentos. Isso demonstrava que fora do âmbito da Celepar poderia existir um público bem mais interessado nesse tipo de interação virtual. Assim, em 24/02/2000, a existência do fórum foi divulgada aos demais usuários do Estado. Aos poucos, o Fórum Spam começou a ganhar um ímpeto de participação diversificada e bem ativa. No início, as pessoas não faziam mais do que repassar mensagens que recebiam e achavam interessantes, com um predomínio daquelas glamurosas apresentações animadas em Power Point, e muitas mensagens otimistas e divulgação de ideais elevados. Como pessoas se conhecendo aos poucos num lugar semi-público, o que se buscava era mostrar aos outros um "eu ideal". Logo as pessoas foram perdendo a timidez, e começaram a usar o fórum como um ponto virtual de socialização, troca de informações, compartilhamento de interesses mais pontuais, enfim, de um relacionamento social mais amplo. Nessa fase, um processo mais complexo de socialização iniciou. Mesmo com o "eu idealizado" ainda presente, e um constante espírito de cooperação, simpatia, e construção de amizades, aos poucos foi aparecendo também o lado irônico, engraçado, sarcástico, e até mesmo o preconceituoso (homens x mulheres; piadas de loira; rivalidades esportivas, etc.). Enfim, o fórum começou a ficar muito humano, com toda a riqueza de comportamentos e opiniões que somente a ampla diversidade de seres humanos reais é capaz de expressar. O acesso ao fórum cresceu de forma acelerada, e parece que ele passou a ter uma certa importância na vida diária das pessoas. Por exemplo, no dia 6 de abril, por um problema de hardware, o fórum ficou fora do ar, e antes que pudesse ser restaurado com o back-up do dia anterior, a minha caixa postal estava cheia de mensagens perguntando sobre o que tinha acontecido. Outro exemplo, é que cada dia, havia uma certa disputa sobre quem era o primeiro a entrar e o último a deixar o fórum. Os excessos também não demoraram a aparecer. Primeiro, em forma de piadas em que já não distinguia humor picante de baixaria, logo seguidas por figuras e fotos não condizentes com um espaço público, a maioria enviada por usuários anônimos, a partir de caixas postais coletivas. Sem falar na inclusão de arquivos "pesados" (em ambos os sentidos), contendo jogos, protetores de tela e outras imagens. Com isso, um trabalho mais criterioso precisou ser realizado pelo administrador do fórum. Geralmente os próprios usuários do fórum alertavam quando um documento impróprio era colocado, caracterizando uma espécie de autogestão, mesmo que indireta. Em agosto (mês de cachorro-louco?;-) um novo problema se caracterizou. Com uma média acima de 700 acessos diários (num acesso podem ser lidos diversos documentos), um acompanhamento estatístico de 5 dias mostrou que, apenas 10 a 12 pessoas eram responsáveis pela inclusão de mais de 65 % dos documentos. Ou seja, o fórum começou a ser monopolizado por um grupo muito restrito dos seus membros. Ao analisar esses documentos, viu-se que o fórum - que deveria ser um grupo de discussão, com contribuições de textos que supostamente deveriam ter uma certa durabilidade - , estava virando um ponto de bate-papo, em seqüências intermináveis de diálogos monossilábicos (um uso muito inadequado para uma base Lotus Notes, com sua estrutura de documentos e vínculos de seqüência de respostas). Junto com os chats, um espírito tribal começou a prevalecer. Os "timinhos" se formaram, as rivalidades apareceram, cantadas, ciúmes, discussões inócuas, formação de lideranças e rearranjos dinâmicos que mereceriam uma tese de mestrado. Sem contar com as relações que devem ter extrapolado ao mundo virtual, que esse tipo de iniciativa favorece acontecer, e das quais até hoje nunca fomos oficialmente informados... Com essa polarização, muitas pessoas que gostavam de participar por causa dos assuntos de interesse mais geral se inibiram, e praticamente desistiram de acompanhar o fórum. Quando a situação ficou insustentável pelos excessos cometidos, o acesso de algumas pessoas precisou ser tirado temporariamente. E cada reativação de acesso foi negociada individualmente. Por uns dias a situação melhorou, mas não demorou para que novamente se agravasse. Embora esse relacionamento informal entre as pessoas até tivesse o seu aspecto positivo (o fórum estava aproximando as pessoas e dando um "sentido de pertencer" ao funcionalismo público), ele fugia do propósito para o qual a base fora criada. Por recomendação da área responsável pela infra-estrutura de redes, que via com preocupação uma única base sobrecarregar o tráfego da rede num servidor de produção, o fórum acabou sendo desativado, tendo sua mensagem final sido postada no dia 14 de novembro (1 ano e 5 dias após seu início). Quando o fórum foi desativado, a participação estava sendo tão intensa, que, somente nesse dia, um total de 1.160 mensagens foram incluídas... 149 das quais de um único autor! RESULTADOS DA EXPERIÊNCIA Exageros a parte, numa avaliação final, a experiência foi muito válida. Tanto que o próprio fórum várias vezes serviu para um primeiro alerta sobre um novo vírus realmente perigoso (I Love You), e foi o único ponto virtual onde participo que discutiu o trote contra a Ericsson (sobre doação de telefones celulares pelo repasse de e-mails) de forma investigativa e concludente. Alguns outros casos também foram memoráveis, como quando a crítica foi geral para desacreditar o trote absurdo dos hambúrgueres do McDonald's serem feitos de "vultos sem patas e sem cornos, que são alimentados por meio de tubos ligados ao estômago e que de fato não têm ossos, mas sim, um pouco de cartilagens que nunca chegam a desenvolver-se". Esse trote até incentivou que, quando um primeiro grupo se formou espontaneamente e marcou um encontro para almoçar juntos, o local escolhido foi um McDonald's de um shopping (documentado com fotos e compartilhado com o Fórum), mais por farra do que por um gosto alimentar... Além de muitos assuntos interessantes terem sido discutidos no fórum, também houve uma evolução em relação a se questionar o conteúdo dos spams e cartas correntes. Muitas dúvidas sobre o funcionamento do Lotus Notes também foram resolvidas, e muitos recursos do Notes antes desconhecidos foram assimilados. Mesmo com alguma melhoria vislumbrada quanto ao discernimento do que seja um spam ou um hoax, como todo fórum sempre tem gente nova entrando, não ficamos isentos de assistir várias vezes aparecer a mesma carta corrente sobre o menino (menina?), morrendo de câncer no Hospital Albert Einstein, desejar "dizer a todos que vivam plenamente as suas vidas, já que ela nunca terá oportunidade para o fazer", e que "a Associação Americana contra o Câncer doará, para o seu tratamento, 3 centavos para cada nome desta corrente"... Pobre Dr. Dennis Shields, Professor do Departmento de Biologia Molecular do Albert Einstein College of Medicine of Yeshiva University, cujo e-mail jamais ficará isento de por muitos anos continuar recebendo mensagens perguntando sobre a veracidade dessa corrente. Pobre de milhares de ingênuos que não percebem, que nesse spam há um outro agravante mais sutil, pois a universidade Yeshiva pertence a comunidade judaica, o que implica, com certeza, em mais um preconceito recorrente. Entretanto, algumas contribuições foram realmente muito valiosas. Mesmo assuntos de trabalho eventualmente eram resolvidos pelo fórum, como por exemplo, quando alguém precisava da cópia de algum decreto ou resolução governamental, sempre existia alguém solidário e pronto para ajudar. Sem falar nos textos irônicos e criativos criados por alguns "personagens especiais" do fórum. Tenho até hoje guardados os 9 capítulos da saga "Juquinha, o destemido", reservados para serem lidos num momento oportuno. A produção coletiva superava em muito a pretensão de alguém querer acompanhar tudo o que rolava no fórum. Um fruto desse fórum, e que responde parcialmente o título desse artigo, é que novas pessoas passaram a fazer parte dos relacionamentos de cada um. Em se tratando de pessoas humanas e não máquinas, com todas as características e potenciais humanos para desenvolver afetos e desafetos. Então muitos desses relacionamentos se caracterizaram por uma troca monossilábica de saudações e insultos, diálogos essencialmente humanos, que mesmo os computadores mais poderosos ainda não conseguem reproduzir (quer dizer, podem até reproduzir, mas sem compreender e vivenciar o sentido). Agora, se isso demonstra a existência de vida virtual inteligente, não sou eu quem vai julgar. No meu entender, esse "sentido de pertencer", de que todos faziam parte da administração pública do Paraná tem um benefício inigualável, cujo valor não pode ainda ser dimensionado. É exatamente esse sentido de pertencer que pode ser melhor explorado em experiências futuras, talvez melhor estruturadas. Quem sabe? Desde seu encerramento, no dia 14/11, o fórum deixou um grande vazio. Além dos protestos solidários de alguns4, todos os dias a base ainda recebe em média de 10 a 15 visitantes, que, com certeza, estão como eu, saudosos, esperando que um dia ele seja reativado. 4Um pedagogo da SEED escreveu um memorando de três veementes páginas, defendendo a cultura diária que o fórum produzia. Outros passaram a mandar mensagens para "seu" grupo de pessoas, diretamente nas caixas postais, por algum tempo. CONCLUSÃO Este artigo se propôs a explorar o tema dos relacionamentos virtuais, como sendo "expressões de vida além e através do computador". Os principais tipos de mecanismos que facilitam a interação pessoa a pessoa através do computador foram descritos, e a história do início das comunidades virtuais foi contada. Também foi feito um resgate de alguns casos de interações virtuais já experimentados na administração pública do Paraná, destacando-se a história do Fórum Spam, Hoax, etc., uma polêmica base de dados Lotus Notes, que por mais de um ano serviu de ponto de encontro e compartilhamento de interesses ente os funcionários da administração pública do Paraná. Como continuidade deste artigo, sugiro que se inicie uma discussão sobre o uso de mecanismos de interação virtual na administração pública, e me proponho a centralizar as informações e idéias sobre esse assunto que me forem enviadas. Para iniciar esse debate, encerro com a seguinte colocação:
O estado é um sistema hierarquizado. Entretanto, a vida como um todo (e sua inteligência imanente) se expressa e evolui em redes interrelacionadas e interdependentes (A teoria geral dos sistemas, de Von Bertalanffy). A qualidade do serviço que o estado presta aos cidadãos depende de infra-estrutura e, principalmente, do funcionário que em última instância executa o serviço. Essa pessoa é o elemento mais importante nesse ciclo de serviço. O ser humano não é um ser compartimentado. Mesmo quando assume papéis, em essência a pessoa é sempre a mesma. Ao possibilitar que um funcionário da administração pública estenda seu viver através de redes de interação virtual, ele começa a se ver, não somente como um "tijolinho" numa pirâmide, mas com um elo vivo, ligado a milhares de outros elos de uma vasta rede, com acesso a espaços de informações compartilhadas e a uma memória organizacional viva. Esses espaços digitais compartilhados não somente tem um papel importante como agentes de conservação do conhecimento organizacional, como também facilitam as mudanças organizacionais. A essência dessa discussão é, qual estado queremos para o próximo milênio? Um estado hierarquizado ou uma organização em redes? REFERÊNCIAS
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