FISL 6.0: O futuro é livre

O futuro é livre - 5 mil participantes. 300 palestras. FISL 6.0 se consagra como principal evento mundial de software livre

 

Autor: Luiz Fernando Esteche

Um público eclético, a maioria formada por jovens entre 18 e 30 anos. À primeira vista, quem passou rapidamente pelo Centro de Eventos da PUC do Rio Grande do Sul entre os dias 1° e 4 de junho, deve ter tido a impressão de tratar-se de um congresso de estudantes reunidos para discutir o futuro do ensino e do país. É bem verdade que muitos dos participantes eram estudantes. Mas entre eles havia muitos empresários, executivos governamentais e gerentes que deixaram ternos e gravatas de lado e vestiram camisetas ou roupas mais despojadas. Mas o tema que levou cerca de 5 mil pessoas de 35 países a Porto Alegre é o mesmo que desde a década de 70 vem mobilizando jovens do mundo inteiro: a liberdade. Só que neste caso a liberdade que se busca é mais específica, solidária e tecnológica. Trata-se da liberdade de poder desenvolver, copiar, aperfeiçoar e distribuir sistemas de computador, através dos quais todos possam se comunicar e compartilhar conhecimentos. Alguém duvida que isto pode ajudar a melhorar o mundo?

Pelos corredores dezenas de stands, todos equipados com computadores de última geração, disputavam a atenção dos participantes. Até uma TV Digital foi montada para transmitir on-line as palestras e debates. O 6° Fórum Internacional de Software Livre (FISL 6.0) foi um dos mais importantes momentos de reflexão, elaboração e promoção do software de código aberto em todo o mundo. E quem disse isso foi nada menos que Jon Maddog Hall, o presidente da Fundação Linux, organização que controla a distribuição do sistema operacional no mundo. Com seu jeito de papai noel - barriga saliente, longas barbas brancas, cabeça calva e mochila nas costas - Maddog é uma espécie de pop star dos aficcionados pelo software livre. Por onde passa causa frisson, distribui autógrafos e não se cansa de tirar fotografia ao lado dos fãs. No palco, tal como um ídolo pop, cada frase de efeito é acompanhada de ovações do público.

O FISL é um evento com a cara da sociedade civil, não governamental, sob a coordenação de ativistas preocupados com a independência em relação às instituições oficiais. Apesar da forte presença de empresários privados (nacionais e globais) e dos principais elaboradores/executores de políticas governamentais na área de tecnologia. Neste ano, foram cerca de trezentos painéis sobre os mais variados temas relacionados à tecnologia da informação e experiências sobre o uso do software livre em diversos setores públicos e privados. Ou como dizem seus organizadores: “nosso objetivo é fomentar a articulação para a produção e qualificação do conhecimento local a partir de um novo paradigma de desenvolvimento sustentado e de uma nova postura, que insere a questão tecnológica no contexto da construção de um mundo com inclusão social e igualdade de acesso aos avanços tecnológicos”.

Para a edição deste ano, o Fórum promoveu uma chamada aberta para a apresentação de palestras. Muitas propostas, apesar de reconhecida qualidade, não puderam ser incluídas na programação. Paralelamente, a Mostra de Soluções se consolidou como um espaço para pequenas e médias empresas e grupos da comunidade exibirem as suas soluções livres. Outro evento paralelo, o Worshop Software Livre, organizado pela Sociedade Brasileira de Computação (SBC), reuniu mais de 100 universidades de vários países para a divulgação de suas pesquisas.

O ponto alto do Fórum foi a grande mesa "O Futuro do Software Livre no Brasil", onde representantes da esfera governamental, entre eles o presidente da Companhia de Informática do Paraná, Marcos Mazoni, empresários e membros da comunidadade software livre trocaram opiniões, estabeleceram elos comuns em relação às prioridades para o próximo período e também apontaram as lacunas e as diferenças existentes para consolidação do software livre no mundo. Tudo isso na frente de uma platéia animada, questionadora e participativa.