Fenasoft 1993

Autor: Rogério Ribeiro da Fonseca Mendes


UM ALERTA ÀS EMPRESAS PRESTADORAS DE SERVIÇOS DE INFORMÁTICA

Nos dias 20 a 23 de julho de 1993 participei da Fenasoft 93 - feira e congresso -, o que possibilita uma avaliação sobre o "estado da arte" na área de informática.

Por mais estereotipada que esta visão possa ser, deturpada pelas variáveis muitas vezes desconhecidas (ou desconsideradas) do ser humano, tais como o medo do futuro e o apego ao presente - que é "conhecido" - por mais ancorado que eu possa estar nos meus referenciais, ..., mesmo assim, o que presenciei em termos de fatos reais, concretos, funcionando, apontam para as empresas prestadoras de serviço na área de informática que não tenham a necessária flexibilidade como uma lâmpada vermelha. Uma sirene de alerta num submarino nuclear: CUIDADO - PERIGO IMINENTE, EMERGÊNCIA - REAÇÃO RÁPIDA E PRECISA, ...

Algumas chamadas da revista Informática Exame de julho deste ano:

- FENASOFT - Uma viagem ao mundo da tecnologia (capa);
- O aumento da concorrência e a variedade da oferta agitam o mercado, e as empresas voltam a crescer e a ter lucros (capa);
- Primeiro grande evento do setor depois da abertura do mercado, a Fenasoft faz uma festa de lançamentos em máquinas e programas (pág. 92);
- Os principais destaques são o Windows NT, programas para Mac e uma leva tardia de editores de texto para DOS (pág. 97);
- Windows NT - Sistema operacional de 32 bits da Microsoft que combina a versatilidade da interface Windows com recursos dos grandes computadores (pág. 98); e
- DECpc Digital - Máquina Digital que utiliza o chip Alpha de 64 bits, com velocidade de 150 Mhz, e incorpora o Windows NT (pág. 105).
As palavras de ordem na Fenasoft:
- Objeto, análise orientada a objeto, programação orientada a objeto;
- Downsizing, ou melhor Rightsizing;
- Multimídia;
- Arquitetura Client/Server;
- Rede Local; e
- Reengenharia de processos, de sistemas e do próprio negócio da empresa.

A questão a ser respondida é: QUAL É O DISCURSO DA SUA EMPRESA SOBRE O ESTADO DA ARTE NA ÁREA DE INFORMÁTICA E INFORMAÇÃO?

Discurso, neste texto, não deve ser entendido como um mero falar (dizer, mas não fazer).

Discurso é norte, é rumo da empresa, é conhecimento difundido entre todos os empregados, enfim, é o credo da empresa.

Salvo por mero acaso, uma empresa não sobreviverá sem discurso. É necessário estabelecer esta linguagem comum para que todos os empregados saibam dissertar sobre o negócio da empresa (o que e como ela faz e o que ela não se dispõe a fazer) e saibam reagir - usando métodos, técnicas e ferramentas - aos fatos com que se deparam durante o desempenho de suas atividades. Só assim objetivos e metas começam a adquirir razoável grau de possibilidade factual.

O primeiro passo é conceituar as palavras de ordem da atualidade. Mesmo que não se consiga um conceito universalmente aceito sobre algumas destas "palavras informáticas", o que é bastante provável, é necessário ter presente o conceito da sua empresa.

Este conceito será defendido na comunidade, evitando o falso conforto da estagnação, e servirá como balizador para o processo de reengenharia do negócio, dos produtos e serviços, da metodologia do processo produtivo e, com o devido destaque, do plano de capacitação dos agentes deste processo (empregados da empresa) que são seres humanos e, como já foi dito, têm medo do futuro e se apegam ao presente, aos referenciais conhecidos e dominados.

Por isto, também com destaque é necessário compreender que a tecnologia de informática evolui com velocidade vertiginosa nos últimos anos, o que nos remete a estabelecer umas nova questão: Estes operadores estão apegados ao presente (estado da arte hoje) ou ao passado (estado da arte dos anos 80, por exemplo)?

Quem responder agora, sem grande hesitação, qual é o impacto financeiro na receita da sua empresa após aplicar, em seu maior sistema, uma reengenharia para rightsizing, em arquitetura Cliente/Servidor suportada por redes locais (e quem sabe, se couber, um mainframe) não negue este conhecimento à comunidade: escreva sobre isto. Da mesma forma, quem responder - agora ou depois, com ou sem hesitação - sobre os impactos tecnológicos no quadro de recursos humanos das empresas prestadoras de serviço na área de informática, em especial sob aspectos de quantidade e perfil requerido.

É preciso falar disto. O momento (ainda) é agora.