Flagrantes: Analista da Celepar programa criança
Autora: Sirley Sbeghen - GSR
Fevereiro de 1988.
Mãe de primeira viagem, tive alguns problemas para administrar a maternidade.
Quando cheguei em casa, filha nos braços, descobri algumas coisas irregulares, entre elas a inexistência do botão liga/desliga. Manual de operação e assistência técnica, então, nem pensar.
Todo santo dia, às três horas da matina, o despertador chorava, digo, a minha filha despertava.
Quando era novamente acordada, pela manhã, o espelho me maldizia por ter ido àquela festa na noite anterior e, ainda por cima, por eu ter bebido todas. Meu espelho já não era mais o mesmo, não entendia como, em tão pouco tempo, eu conseguira amassar minha cara daquele jeito.
Para que a Paola dormisse a noite toda pendurei um cartaz, em local estratégico, onde se lia: "Querida, favor dormir a noite toda". Lembro que até então todos só me falavam maravilhas desta fase, salvo uma amiga. Já em final de gestação eu dissera que não aguentava mais o peso da barriga, blá, blá, blá, ao que ela respondeu: - deixa ela aí na sua barriga, guardadinha, que enquanto isso não tem xixi, cocô e não chora, vai ver o que a espera mais tarde.
Fui à agência do banco, na CELEPAR e, acidentalmente - este acidentalmente dura em média 2 anos-, o meu bebê necessitava de troca de fraldas. Não achando local apropriado alí, fui ao quarto andar onde consegui resolver a situação. Conversa vai, conversa vem, contei que a minha filha era uma santinha, boa de gênio, que eu estava realizada como mãe, mas ... a preferência por acordar de madrugada era uma atitude que eu não aprovava.
Em qualquer situação de emergência, aqui na Celepar, sempre tem um analista de plantão. O dito analista ficou escutando, atentamente, as minhas reclamações.
Para minha surpresa, disse que conhecia uma solução para resolver o caso, alguns passos a saber:
1 – pegue uma cueca do marido, coloque-a sob o lençol do berço;
2 - coloque o bebê para dormir;
3 - acorde o bebê, no dia seguinte.
Não vou citar o nome do analista, mas posso garantir que é pessoa de alto nível, professor universitário, vários livros publicados, formado em matemática pura, grande inclinação para as letras - freqüentador assíduo do Bbyte-, pombas! E ainda conhecedor de psicologia infantil (is the best).
Fácil, fácil. A família preparando-se para dormir e eu fui executar o programa "Fazer Criança Dormir". Tudo direitinho, passo a passo, finalmente ia dormir o sono dos deuses.
Parece praga de madrinha, nesta madrugada o meu bebê acordou duas vezes. Vou matar um analista, o programa deu pau duas vezes.
Pela manhã volto à CELEPAR reclamando que o programa estava furado. O analista taxativo: - Em algum passo, você errou! Consulta vai, consulta vem, a explicação é simples: - A cueca não deveria estar lavada, era para ser a do dia, aquela que o marido tira quando vai para o banho. - Nossa!
Para dar certo o marido não poderia saber e, claro, eu jamais contaria, já soube de mulher internada em hospício por muito menos.
Volto para casa pensando que a coisa não era tão simples. Toca distrair o marido e afanar a cueca, antes de esta ir para o tanque. E se ele der por falta da cueca? Aí a história se complica. Fico frestando, tentando achar o momento oportuno. A necessidade obriga você a achar uma solução.
Após dois longos e intermináveis meses, o programa foi implantado com sucesso. Demorou, mas valeu a insistência.
Até hoje me pergunto: será que foi o programa? Não teria o analista passado um trote numa mãe em desespero? Ou é assim em todas as famílias e o analista levou os louros?
Nem interessa. Hoje tenho uma grande amiga que, desde que foi programada, assiste filme legendado sem me puxar pelo braço quando não consegue ler o frase toda. Se desprogramar, fica em casa.
Fevereiro de 1988.
Mãe de primeira viagem, tive alguns problemas para administrar a maternidade.
Quando cheguei em casa, filha nos braços, descobri algumas coisas irregulares, entre elas a inexistência do botão liga/desliga. Manual de operação e assistência técnica, então, nem pensar.
Todo santo dia, às três horas da matina, o despertador chorava, digo, a minha filha despertava.
Quando era novamente acordada, pela manhã, o espelho me maldizia por ter ido àquela festa na noite anterior e, ainda por cima, por eu ter bebido todas. Meu espelho já não era mais o mesmo, não entendia como, em tão pouco tempo, eu conseguira amassar minha cara daquele jeito.
Para que a Paola dormisse a noite toda pendurei um cartaz, em local estratégico, onde se lia: "Querida, favor dormir a noite toda". Lembro que até então todos só me falavam maravilhas desta fase, salvo uma amiga. Já em final de gestação eu dissera que não aguentava mais o peso da barriga, blá, blá, blá, ao que ela respondeu: - deixa ela aí na sua barriga, guardadinha, que enquanto isso não tem xixi, cocô e não chora, vai ver o que a espera mais tarde.
Fui à agência do banco, na CELEPAR e, acidentalmente - este acidentalmente dura em média 2 anos-, o meu bebê necessitava de troca de fraldas. Não achando local apropriado alí, fui ao quarto andar onde consegui resolver a situação. Conversa vai, conversa vem, contei que a minha filha era uma santinha, boa de gênio, que eu estava realizada como mãe, mas ... a preferência por acordar de madrugada era uma atitude que eu não aprovava.
Em qualquer situação de emergência, aqui na Celepar, sempre tem um analista de plantão. O dito analista ficou escutando, atentamente, as minhas reclamações.
Para minha surpresa, disse que conhecia uma solução para resolver o caso, alguns passos a saber:
1 – pegue uma cueca do marido, coloque-a sob o lençol do berço;
2 - coloque o bebê para dormir;
3 - acorde o bebê, no dia seguinte.
Não vou citar o nome do analista, mas posso garantir que é pessoa de alto nível, professor universitário, vários livros publicados, formado em matemática pura, grande inclinação para as letras - freqüentador assíduo do Bbyte-, pombas! E ainda conhecedor de psicologia infantil (is the best).
Fácil, fácil. A família preparando-se para dormir e eu fui executar o programa "Fazer Criança Dormir". Tudo direitinho, passo a passo, finalmente ia dormir o sono dos deuses.
Parece praga de madrinha, nesta madrugada o meu bebê acordou duas vezes. Vou matar um analista, o programa deu pau duas vezes.
Pela manhã volto à CELEPAR reclamando que o programa estava furado. O analista taxativo: - Em algum passo, você errou! Consulta vai, consulta vem, a explicação é simples: - A cueca não deveria estar lavada, era para ser a do dia, aquela que o marido tira quando vai para o banho. - Nossa!
Para dar certo o marido não poderia saber e, claro, eu jamais contaria, já soube de mulher internada em hospício por muito menos.
Volto para casa pensando que a coisa não era tão simples. Toca distrair o marido e afanar a cueca, antes de esta ir para o tanque. E se ele der por falta da cueca? Aí a história se complica. Fico frestando, tentando achar o momento oportuno. A necessidade obriga você a achar uma solução.
Após dois longos e intermináveis meses, o programa foi implantado com sucesso. Demorou, mas valeu a insistência.
Até hoje me pergunto: será que foi o programa? Não teria o analista passado um trote numa mãe em desespero? Ou é assim em todas as famílias e o analista levou os louros?
Nem interessa. Hoje tenho uma grande amiga que, desde que foi programada, assiste filme legendado sem me puxar pelo braço quando não consegue ler o frase toda. Se desprogramar, fica em casa.