Flagrantes: Esposa amorosa manda uma banana para o marido

Autor: Pedro Luis Kantek Garcia Navarro

 

No sábado passado, a Fundação Celepar organizou mais uma das suas excursões inesquecíveis. O destino desta vez era o roteiro das cachoeiras no município de Corupá, Santa Catarina, a 150 Km de Curitiba. O passeio é massa, são 14 cachoeiras. O Rio Novo desce de 800m de altitude para pouco mais de 100m que é a altitude da sede do município. Esse desnível todo corre em pouco mais de 3Km que é o comprimento do canion que o rio forma. Está aí explicado o porquê das 14 cachoeiras. Tem lugar para muitas mais. Podiam ser 40 ou 50. Desnível é o que não falta.

Chegamos no lugar às 11h30, calçamos botas e tênis, carregamos as mochilas e, devidamente orientados por 3 guias, olhamos para o alto e: “cachoeiras, aqui vamos nós!” Ainda bem que o dia estava nublado e não era possível ver o tamanho da empreitada que nos esperava. Afinal, os 600 metros que subimos equivalem a um edifício de 200 andares, cerca de 3600 degraus, por baixo.

Trata-se de uma reserva particular, muito cuidada, com uma estrutura bem legal no início do passeio. Lá chegando fomos cercados por um sujeito falante que nos entregava material promocional e não cessava de louvar as delícias da cidade. Depois fomos descobrir que era o Secretário Municipal de Turismo de Corupá. Atuante o Secretário, não dá para negar.

49 celeparianos e agregados começaram o passeio. E tiveram de terminá-lo, não há como voltar no meio. É uma caminhada em fila indiana, atravessando pontes pênseis, desfiladeiros, trilhas rentes à montanha. Fotos e filmes aos montes. Todos contando as cachoeiras, o número mágico era 14. Quando chegamos na 13, houve um alívio geral: só faltava uma. Era só uma, a maior, a mais bonita e, obviamente, nem precisava falar, a mais difícil de chegar. Finalmente, por volta de 14h30, três horas depois de começar, chegamos nela. Um detalhe interessante, nestes tempos globalizados, é que no pé da última cachoeira, no meio do nada, distante 3 horas de caminhada de qualquer civilização, o sinal do celular era forte e presente. Em compensação, no início do parque, junto a toda a infra-estrutura existente, o telefone estava mudinho da silva, não tinha sinal. Sinal dos tempos, não há dúvida.

A volta foi por outro caminho, sem nenhuma cachoeira, mas com adrenalina de sobra. Para quem reclamou da subida, a descida foi pior, você tem de, literalmente, agarrar-se nos seus calçados, sob pena de despencar a ribanceira.

Às 17h00 chegamos, bebemos tonéis de água e embarcamos nos veículos para um delicioso café colonial que nos esperava logo alí na estrada. Foi o momento em que ocorreu o fato que dá título a esta crônica. Antes de contar o causo, uma constatação: a economia de Corupá gira em torno da banana. Vêem-se bananas e bananeiras para qualquer lado que se olhe.

Estava a “van” cheia de gente cansada e esfomeada, em direção a um maravilhoso café, quando nos vimos presos, numa estradinha vicinal, por um trator puxando um reboque cheio de bananas. O trator tinha duas características: era barulhento e lerdo, lerdo como só ele. Dirigia o trator o maridão, que ia tranquilo e sereno. Sentada na borda do reboque e olhando para trás, ia a esposa. Quando a “van” encostou no reboque, sem fazer alarde ou buzinar, a mulher do sujeito ficou algo incomodada: o trator ia muito devagar. Ela dirigiu um grito para o marido deixar passar a “van”. Quem disse que o marido ouviu? Cada vez mais incomodada, a mulher bateu na lata do reboque, fez um escarcéu danado, toda a “van” já acompanhava o desfecho e o maridão: nada. Dirigia no mundo da lua, conhece aquela estrada como a palma da mão, que pressa há de ter?

Gritos, escândalos, agitação de mãos e pés nada adiantou. Até que a mulher, que pelo visto tinha iniciativa, teve a grande idéia. Arrancou uma bananona, daquelas verdes, pôs-se de pé sobre o reboque, mirou certeira e ... pam, tascou a banana no maridão, que levou um susto, olhou para trás, tomou ciência da mulher e da “van”, nessa ordem, e finalmente saiu para o lado. A mulher abriu um sorrisão e deu tchau para todos. Foi aplaudidíssima.