Flagrantes : O Dia da Neve
Autor: Pedro Luis Kantek Garcia Navarro
Em pleno verão, com 16º C, de uma terça-feira curitibana (isto é, fria, cinzenta e chuvosa) vem-me à lembrança o dia da neve aqui na CELEPAR. Foi um dia qualquer de julho de 1975, fazia um frio dos diabos, e o dia amanheceu branco como num postal suiço.
Como todos os dias vim trabalhar, mas já no trânsito da cidade deu pra perceber que aquele não era um dia como qualquer outro. As pessoas sorriam, se cumprimentavam, o trânsito estava impossível, super engarrafado, e todo mundo em vez de reclamar, buzinar e se pré-enfartar, ria aos borbotões, olhando para todos os lados. (Aliás, lembro de ter lido depois, que o número de pequenos acidentes de trânsito nesse dia foi um record — também... a massa só queria olhar pros lados).
Pois aqui na CELEPAR estava todo mundo elétrico. Foi como se Curitiba inteira estivesse em um disco voador que tinha acabado de ultrapassar a Galáxia. Tudo era motivo de comentário e todos precisavam saber. Nosso diretor técnico da época, era o Paulo Busnardo, um senhor sóbrio e carrancudo (depois vim a saber que ele era ótima pessoa... mas isso foi só depois), até ele se contagiou pelo clima reinante. Abriu sua sala para todos irmos apreciar a paisagem do Centro Cívico. Naquele tempo não havia nenhum prédio tampando a visão do Palácio Iguaçu. A visão do gramado e da rampa de acesso era preciosa: tudo branquinho. Foi a primeira vez na vida que entrei na sala do diretor técnico. (Muitas outras viriam depois, algumas delas não tão festivas como essa, mas isso também é outra história).
O melhor da história, foi às 11:30, no horário de saída, e quando a camada de neve atingiu sua maior altura. Nessa hora, o nosso estacionamento virou um campo de batalha, no qual o mais velho dos funcionários devia ter uns 10 anos de idade. Todo mundo voltou prazeirosamente à sua infância. De relance, me lembro de dois coordenadores (creio que eram o Ermelino e o Ubaldo, mas não posso afirmar com certeza), gentilmente se xingando e trocando bolas de neve, cada vez maiores e cada vez com mais fúria.
Me lembro também de uma programadora recém-contratada (nossa atual coordenadora de atendimento, a Elaine), que foi especialmente aguardada por todo pool de programação (mais ou menos uns 20 marmanjos), que saiu minutos antes para preparar e armazenar a munição. Quando a Elaine saiu, em direção à sua valorosa brasília amarela, a neve no estacionamento, redobrou de intensidade, agora vinha de lado, e sempre na direção dela.
É isso. Já se fazem mais de 20 anos. Como o tempo passa. Ou pensando melhor, como nós passamos pelo tempo.
Em pleno verão, com 16º C, de uma terça-feira curitibana (isto é, fria, cinzenta e chuvosa) vem-me à lembrança o dia da neve aqui na CELEPAR. Foi um dia qualquer de julho de 1975, fazia um frio dos diabos, e o dia amanheceu branco como num postal suiço.
Como todos os dias vim trabalhar, mas já no trânsito da cidade deu pra perceber que aquele não era um dia como qualquer outro. As pessoas sorriam, se cumprimentavam, o trânsito estava impossível, super engarrafado, e todo mundo em vez de reclamar, buzinar e se pré-enfartar, ria aos borbotões, olhando para todos os lados. (Aliás, lembro de ter lido depois, que o número de pequenos acidentes de trânsito nesse dia foi um record — também... a massa só queria olhar pros lados).
Pois aqui na CELEPAR estava todo mundo elétrico. Foi como se Curitiba inteira estivesse em um disco voador que tinha acabado de ultrapassar a Galáxia. Tudo era motivo de comentário e todos precisavam saber. Nosso diretor técnico da época, era o Paulo Busnardo, um senhor sóbrio e carrancudo (depois vim a saber que ele era ótima pessoa... mas isso foi só depois), até ele se contagiou pelo clima reinante. Abriu sua sala para todos irmos apreciar a paisagem do Centro Cívico. Naquele tempo não havia nenhum prédio tampando a visão do Palácio Iguaçu. A visão do gramado e da rampa de acesso era preciosa: tudo branquinho. Foi a primeira vez na vida que entrei na sala do diretor técnico. (Muitas outras viriam depois, algumas delas não tão festivas como essa, mas isso também é outra história).
O melhor da história, foi às 11:30, no horário de saída, e quando a camada de neve atingiu sua maior altura. Nessa hora, o nosso estacionamento virou um campo de batalha, no qual o mais velho dos funcionários devia ter uns 10 anos de idade. Todo mundo voltou prazeirosamente à sua infância. De relance, me lembro de dois coordenadores (creio que eram o Ermelino e o Ubaldo, mas não posso afirmar com certeza), gentilmente se xingando e trocando bolas de neve, cada vez maiores e cada vez com mais fúria.
Me lembro também de uma programadora recém-contratada (nossa atual coordenadora de atendimento, a Elaine), que foi especialmente aguardada por todo pool de programação (mais ou menos uns 20 marmanjos), que saiu minutos antes para preparar e armazenar a munição. Quando a Elaine saiu, em direção à sua valorosa brasília amarela, a neve no estacionamento, redobrou de intensidade, agora vinha de lado, e sempre na direção dela.
É isso. Já se fazem mais de 20 anos. Como o tempo passa. Ou pensando melhor, como nós passamos pelo tempo.