Flagrantes: O caso das galinhas assassinas
Autor: Pedro Luis Kantek Garcia Navarro
O CASO DAS GALINHAS ASSASSINAS
Esta veio nas asas da Internet. Mandada por um leitor da coluna, o ________________, ao qual de antemão agradeço (alô, alô leitores, compartilhem conosco suas histórias), e foi apenas um pouco, digamos, romanceada por mim. Ao estilo dos contos de Edgar Poe ou de Conan Doyle, podemos chamá-lo do "Caso das galinhas assassinas".
Faz algum tempo, uma bonita capital brasileira, da qual não podemos dar o nome, dizendo apenas que dela se tem uma vista maravilhosa dos arredores, sofreu uma inesperada praga: uma invasão de escorpiões. O bicho além de nojento é perigoso. Pode matar.
A secretaria municipal ficou com o abacaxi de exterminar milhares desses desprezíveis e mortais seres. Imediatamente se instalou a controvérsia: como liquidá-los. Houve diversas sugestões, desde veneno (é perigoso para as pessoas), passando por armadilhas caça escorpião (o que usar como isca ?), até umas idéias meio malucas de engenharia genética... A idéia salvadora veio não se sabe donde. Alguém descobriu que o inimigo natural do escorpião é a galinha. A simples, prosaica e penosa galinha. Segundo os entendidos, a galinha olha para um escorpião como olhamos para uma picanha dourada, com alguns grãos de sal sobre um confortador braseiro. Idéia salvadora, pois além de segura seria barata.
Imediatamente, como se tratava de órgão público, toca a fazer uma licitação para comprar milhares de galinhas. Especifica o objeto, mobiliza os fornecedores, pede paciência à população, que essas coisas demoram, e enfim eis as engrenagens da máquina compradora do Estado em ação.
Os trâmites até que correram rápido, em função do caráter de saúde pública da aquisição. Tão rápido, que um belo dia, chegou a data da entrega da mercadoria. Tudo pronto para receber e distribuir as penosas, agentes de saúde mobilizados, campanha esclarecedora pronta para ir às ruas, quando... Encosta o caminhão.
Primeira coisa estranha: era um caminhão frigorífico, mas como fazia muito calor, tal esquisitice ficou por conta do cuidado com as galináceas, ou da falta de caminhão mais apropriado, ou das idéias de alguém meio desligado, sabe-se lá.
Não era ninguém desligado não. O fornecedor estava entregando milhares de galinhas congeladas, mortinhas da silva, prontas para irem para a frigideira. A explicação? Nas páginas e mais páginas do edital, alguém esqueceu de dizer que queria as galinhas vivinhas, prontas para traçarem os escorpiões. Na falta dessa informação, o vendedor não teve dúvidas: tascou um monte de frangos congelados.