Flagrantes: Se Meu Táxi Falasse
Autor: Pedro Luis Kantek Garcia Navarro- GAC
Final de tarde, alto da rampa da sede da CELEPAR. Um táxi, chamado a buscar uma encomenda, estaciona na rampinha em frente à entrada dos funcionários. O motorista, pára e desce para buscar o pacote. Mas, o carro tinha outros planos: ajudado pela lei da gravidade, e considerando que estava numa rampa e com um freio de mão puxado sem muita ênfase, o carro pensou: "E, por que não?".
Dito e feito, lá veio o carro pimpão e faceiro descendo a rampinha. Quando chegou na hora de escolher a estrada ou a escada, o carro, como já havia dispensado a figura do motorista, resolveu embarafustar escada abaixo, afinal, a estrada é para viaturas guiadas por humanos.
O carro desceu se chacoalhando todo. Um pouco na escada e um pouco na grama, indeciso. Testemunhas dizem que - acredite se quiser - desviava obstáculos. Passou entre um poste e uma torre de iluminação deixando 5 cm de cada lado. Se estivesse com motorista não faria melhor. Deve ser um caso de usucapião automotivo. De tanto ser dirigido o carro aprendeu! A cada degrau era um pulinho, parecia um caso de solução (soluço grande).
Embaixo da escada, temos uma guarita. Ontem era dia de treinamento de um guardião novo, recém-contratado. Estava com ele um outro profissional, este já bem experiente. Alertados pela visão periférica de que algo estranho (muito estranho) ocorria, ambos ergueram juntos a cabeça e viram a viatura descendo por ali.
O pior é que alguns segundos antes, uma analista passou por eles subindo a escada. Os guardas correram avisar a mulher, ia ser atropelada. A pobre, ia olhando um diagrama temporal de fluxo de dados, troço complicado este, matutando com seus neurônios, subindo desligada e lentamente. Testemunhas não localizadas dizem que o carro buzinou para ela sair da frente. Não se sabe se o carro ou os guardas avisaram, mas a infeliz ergueu os olhos, teve um sobressalto, deu um grito, jogou o papel pra cima, agarrou a bolsa e se atirou no muro. Como anda maluco o trânsito - pensou num átimo - nem na escada dá pra relaxar. O carro ainda desviou dela, resvalou numa azaléia e mudou de idéia, resolvendo entrar na estrada.
O primeiro guarda gritou: o carro vai entrar na estrada, vou abrir a cancela. O segundo guarda, puxou o colega pelo braço e ordenou: que abrir a cancela que nada, quer provocar uma hecatombe na Mateus Leme? Mas, vai amassar e arrancar a cancela... Enquanto os dois guardas discutiam, numa cena meio pastelão, o carro mudou novamente de idéia, o volúvel: esse negócio de andar na grama estava bem mais divertido do que andar no asfalto. Atravessou a estrada e subiu no jardim do outro lado. Na travanca, o capô abriu, e fechou, e abriu e fechou: parecia que o carro latia, o danado!
Nessa altura do campeonato as janelas já tinham assistentes, alguns passando mal de estupor e riso. O motorista saiu da recepção com um pacotinho pequeno no bolso, assobiando alegre e, cadê o carro?, perguntou em voz alta a um passante. Este respondeu singelo: desceu a escadaria, por alí, apontando a dita cuja.
Como terminou a história? O carro estacionado ao lado da caixa d'água perto da rua. Desceu uns 60 metros, desviou postes, árvores, analistas. Driblou guardas, atravessou a estrada e parou lindamente no fim do passeio. Horas depois, viu-se um motorista avexado e um robusto guincho. Dizem que o motorista, além dos consertos na lata inferior, vai mandar olhar o freio de mão.
Final de tarde, alto da rampa da sede da CELEPAR. Um táxi, chamado a buscar uma encomenda, estaciona na rampinha em frente à entrada dos funcionários. O motorista, pára e desce para buscar o pacote. Mas, o carro tinha outros planos: ajudado pela lei da gravidade, e considerando que estava numa rampa e com um freio de mão puxado sem muita ênfase, o carro pensou: "E, por que não?".
Dito e feito, lá veio o carro pimpão e faceiro descendo a rampinha. Quando chegou na hora de escolher a estrada ou a escada, o carro, como já havia dispensado a figura do motorista, resolveu embarafustar escada abaixo, afinal, a estrada é para viaturas guiadas por humanos.
O carro desceu se chacoalhando todo. Um pouco na escada e um pouco na grama, indeciso. Testemunhas dizem que - acredite se quiser - desviava obstáculos. Passou entre um poste e uma torre de iluminação deixando 5 cm de cada lado. Se estivesse com motorista não faria melhor. Deve ser um caso de usucapião automotivo. De tanto ser dirigido o carro aprendeu! A cada degrau era um pulinho, parecia um caso de solução (soluço grande).
Embaixo da escada, temos uma guarita. Ontem era dia de treinamento de um guardião novo, recém-contratado. Estava com ele um outro profissional, este já bem experiente. Alertados pela visão periférica de que algo estranho (muito estranho) ocorria, ambos ergueram juntos a cabeça e viram a viatura descendo por ali.
O pior é que alguns segundos antes, uma analista passou por eles subindo a escada. Os guardas correram avisar a mulher, ia ser atropelada. A pobre, ia olhando um diagrama temporal de fluxo de dados, troço complicado este, matutando com seus neurônios, subindo desligada e lentamente. Testemunhas não localizadas dizem que o carro buzinou para ela sair da frente. Não se sabe se o carro ou os guardas avisaram, mas a infeliz ergueu os olhos, teve um sobressalto, deu um grito, jogou o papel pra cima, agarrou a bolsa e se atirou no muro. Como anda maluco o trânsito - pensou num átimo - nem na escada dá pra relaxar. O carro ainda desviou dela, resvalou numa azaléia e mudou de idéia, resolvendo entrar na estrada.
O primeiro guarda gritou: o carro vai entrar na estrada, vou abrir a cancela. O segundo guarda, puxou o colega pelo braço e ordenou: que abrir a cancela que nada, quer provocar uma hecatombe na Mateus Leme? Mas, vai amassar e arrancar a cancela... Enquanto os dois guardas discutiam, numa cena meio pastelão, o carro mudou novamente de idéia, o volúvel: esse negócio de andar na grama estava bem mais divertido do que andar no asfalto. Atravessou a estrada e subiu no jardim do outro lado. Na travanca, o capô abriu, e fechou, e abriu e fechou: parecia que o carro latia, o danado!
Nessa altura do campeonato as janelas já tinham assistentes, alguns passando mal de estupor e riso. O motorista saiu da recepção com um pacotinho pequeno no bolso, assobiando alegre e, cadê o carro?, perguntou em voz alta a um passante. Este respondeu singelo: desceu a escadaria, por alí, apontando a dita cuja.
Como terminou a história? O carro estacionado ao lado da caixa d'água perto da rua. Desceu uns 60 metros, desviou postes, árvores, analistas. Driblou guardas, atravessou a estrada e parou lindamente no fim do passeio. Horas depois, viu-se um motorista avexado e um robusto guincho. Dizem que o motorista, além dos consertos na lata inferior, vai mandar olhar o freio de mão.