Flagrantes: Uma Secretária Avoada...
Avoada é pouco. Ela era elétrica, meio sonsa, adoidada, confusa, embrulhona e "otras cositas más"... Não está mais entre nós aqui na Celepar e já se passaram 10 anos, portanto, os causos podem ser contados. A pudicícia impede de citar o nome dela, mas vamos chamá-la (nome fictício, é claro) de Márcia.
Pois a Márcia era um terror. Figura cativante, falava pelos cotovelos, tudo era nota 10 pra ela, só que na maior parte do tempo ela raciocinava com os hormônios em vez de com o cérebro. Um dia, havia um grupo de senhores engravatados esperando na frente do elevador para uma reunião aqui no quarto andar. A Márcia passou por eles, e com uma cara de quem havia visto o galã da novela das 8 em carne e osso, entrou na sala dela dizendo (bem alto), MAS... QUE PEDAÇO DE HOMEM... O azar (ou sorte, sabe-se lá), é que o diabo do homem entrou em seguida e estava 50 cm atrás dela durante a exclamação. Foi um tal de nego jogar copo de café, chaveiro, teclado, o que estivesse à mão no chão, pra poder se abaixar e estourar de rir sem dar muito na vista. Vocês pensam que ela perdeu a tramontana ? Que nada, virou e na maior cara de pau largou um "oi..., pode entrar por aqui que a reunião é na próxima sala".
Um dia eu pedi pra ela me copiar um livro, e depois encadernar a cópia com garras. Na semana seguinte eu entreguei um segundo livro (bem raro e caro por sinal) e falei pra ela: "Márcia, faz favor: o mesmo serviço da semana passada". E, o que fez a Márcia ? Simplesmente passou a guilhotina no livro raro e caro e botou uma linda garra no original, me entregando com a cara mais lavada do mundo, dizendo "Não ficou bonito assim ?" Lá fui eu me explicar com a bibliotecária que havia emprestado em confiança o livro raro e caro e que agora estava devidamente "engarrado".
Vê-la levemente embriagada era um espetáculo à parte. Se no normal ela já não tinha muitas travas na língua, depois do 2o chope era digna de figurar no Guiness Book. Devíamos ter gravado em vídeo algumas performances. Mas o caso que vai se contar aqui é o do "rabo quente".
Nessa época, aqui na GPT, estávamos numa fase meio mística. Era um tal de chá de ervas da Amazônia, Oriental, do Paquistão e de Campo Largo, que não acabava mais. O caso é que lá pelas tantas, sentimos falta daquele dispositivo prosaico que serve para ferver água a partir de uma tomada elétrica e que atende pelo singelo nome de "rabo quente". Como ela era a nossa secretária, coube a ela fazer uma pesquisa de preços nas diversas lojas que vendiam a tralha.
Sabendo dos seus antecedentes, logo que se espalhou a notícia de que a Márcia ia fazer uma enquete pra achar o rabo quente mais barato, começaram a chegar pessoas que a conheciam pra assistir aos telefonemas. Vendo a torcida se formar, a Márcia teve um repentino ataque de recato e sacou logo do Aurélio pra achar o nome científico (digamos assim) do aparelho. O nome certo era "ebulidor". Já se ouviram uns muxoxos na platéia. Não ia ter diversão! Mas, quem conhecia a Márcia de verdade, acalmou os mais próximos. Deixasse estar, que na hora H ela não havia de nos faltar. Não deu outra. Ela ligou pra primeira loja e perguntou "vocês têm ebulidor ?" - "sim"- " e quanto custa?" - "custa tanto", - "é bom?" - "excelente" - "tem bastante aí na loja ?" - "tem...", e ela esticando a conversa, com o rabo quente preso na língua, estourando de vontade de pular fora. Aí veio o toque de mestre: vendo que não podia desapontar a massa que bebia o telefonema, ela não resistiu e tascou "mas, vem cá... esse troço que você está me oferecendo é um eficiente dum rabo quente não é ?". Não sabemos o que o pobre vendedor respondeu, as gargalhadas do lado de cá não deixaram ouvir.