Flagrantes: Uma lagartixa atrevida
Autor: Pedro Luis Kantek Garcia Navarro- GAC
Preciso cuidar para não ser chulo ou desrespeitoso, mas esta história é muito boa para não ser contada. Vamos a ela:
Colega nossa, inteligente e decidida, volta e meia me manda uns notes demandando providências e ai de quem não atender, tem exatamente essa função em importante área da CELEPAR: garantir que ninguém esqueça de fazer a sua parte e bem feita (ia dizer não deixar ninguém fazer xixi fora do pinico, mas decidi não usar a frase, já verão o porquê).
Dia desses, fazia um calor infernal, este foi o janeiro mais quente dos últimos 37 anos, o jornal falou, e ela, em pleno almoço, pediu para a empregada fazer suco de laranja. Huummm, que gostoso este suco, dá-lhe tomar copos e copos da beberagem.
Não sei se o prezado leitor sabe, mas um dos melhores diuréticos naturais é a laranjada (o outro é a cerveja, mas essa é outra história). Atrasada, a nossa colega correu para o carro, enfrentou bravamente o engarrafamento da Mateus Leme, a subida da rampa, a corrida até a mesa, a largada da bolsa, e... um banheiro, pelo amor de Deus, que a bexiga estava a arrebentar.
Ela foi ao banheiro que fica ao lado do aquário, aquele que por muitos anos foi masculino e de uns tempos para cá, sofreu mudança de sexo: agora é feminino. Esse banheiro sempre fica com as janelas abertas e ele dá para um bosquezinho de eucaliptos, e não sei se sabem, eucaliptos atraem lagartixas, e pronto: todas as condições do causo estão armadas.
Pois na pressa, a bexiga mandando mensagens flamantes, veementes e urgentes, nossa colega entrou, fechou a porta, ajeitou-se toda e… ufa… que alívio, poucas coisas na natureza dão tamanho prazer, é ou não é, leitor, me responda, a sério, sem preconceitos.
Estava ela, naquele momento de abandono e júbilo, quando sentiu mais do que ouviu uma coisa estranha. Ponha estranha nisso! Alguma coisa dentro da bacia de louça estava querendo sair. Oh!!! Que horror! ela pensou, antigamente essas coisas eram inanimadas, como o mundo está mudado. Quieta, enregelada, paralisada, aguçou o ouvido: Era perfeitamente nítido o chap chap de algo se debatendo.
Respirou fundo, criou coragem, e… olhou pra dentro da bacia: lá estava a lagartixinha toda atrapalhada. Tivemos uma ligação de um funcionário do Shopping Muller perguntando o que havia sido aquele grito. Toda a CELEPAR ouviu, as janelas tremeram, os papéis voaram, até a pobre bichinha ficou, agora sim, aterrorizada.
Bom, depois de se acalmar, a nossa colega até acabou achando graça. Principalmente do mestre Muller, quando este contou que depois, vira a lagartixa nadando com uma única mãozinha. A outra segurava as narinas tampadas, que não estava fácil.
É isso, vivendo, trabalhando e rindo um pouco, que não paga imposto e não faz mal a ninguém.