Flagrantes: Zuzubem!!
Autor: Pedro Colodi - GSO
Este é o nome do grupo de teatro amador, composto por associados da Fundação CELEPAR. Ou, como diz a Tânia - Grupo de Teatro e Outras Encenações.
O grupo supera todas as expectativas que se possa ter de união, camaradagem, ajuda mútua, compreensão, amizade, etc., parece até uma família sem sogra, cunhado ou aquele irmão pentelho.
O destaque é a dedicação dos componentes em prol de um "grande espetáculo" (pelo menos para não fazer muito feio...). Certa vez, dois funcionários foram vistos sentados no banco do jardim da empresa, na hora do almoço, fazendo largos gestos e altas ameaças, brandindo, ao que parecia, um escudo, discutindo, berrando e, claro, já chegou a turma do deixa disso - e não era nada disto mesmo, era puro ensaio.
Uma outra personagem, uma das mais dedicadas, diga-se de passagem, não só com o seu papel, mas com toda a produção de qualquer dos trabalhos do grupo, foi vista em companhia de mais dois personagens, de cestinha na mão, fazendo compras em um Sex Shop, em busca de adereços para compor o figurino da peça - que mico, heim!?
A peça "O Bonifácio" representada no nosso jantar de final de ano, em dezembro de 1998, seria novamente representada no final de julho de 1999, só que desta vez no Teatro Guaíra (lógico que no pequeno auditório, mas sabe o que isto significou?). A emoção tomou conta do povo, afinal seria a primeira vez que pisaríamos num palco de teatro de verdade, onde as pessoas que por ventura fossem assistir à peça, iriam só para isso, não teria jantar, baile, garçom transitando com bandejas ou distribuição de prêmios. Seria a glória total!!
Não é preciso nem dizer que os ensaios foram levados muito a sério para fazer bonito pois, afinal, os parentes, amigos e quem sabe a TV, certamente estariam lá.
A 2 semanas da estréia, o nervosismo bateu desesperadamente à porta e todos ficaram malucos, ensaiando todas as noites para nada dar errado. Para se ter uma idéia, a marcação de luzes dos personagens no palco pode durar até 12 horas - coisa de louco (o que todos nós temos um pouco!!).
Caprichamos no figurino, caprichamos no cenário, gravamos até um CD com todos os sons, que, com muita competência, o nosso diretor escolheu para dar mais vida e representatividade a algumas cenas. E, por uma mera questão de economia, o próprio diretor iria operar a sonoplastia, o que, geralmente, requer um técnico.
Bem, aquele 30 de julho parecia ser sempre amanhã, tal a ansiedade do povo. Mas a ansiedade terminou exatamente às 21 horas daquele dia da estréia, quando só restou o pânico. Mas nosso diretor reuniu o grupo momentos antes de iniciar o espetáculo e disse:
- Temos de entrar em cena e fazer aquilo que sabemos ou podemos, não temos mais tempo, nem para o pânico, meus amigos !! Vocês estão ótimos, vai ser "barbada" (palavras dele, talvez só para nos animar). - Mas em todo caso, segura na mão de Deus e vai!! (palavras dele também, talvez retratando nossa real situação!!)
Esse foi o último conselho antes de entrarmos em cena. Casa cheia, atores "afliados" (não é erro de grafia, é a contração de aflitos + afiados), público animado, som afinado, todos a postos e o espetáculo inicia.
Numa das primeiras cenas um dos atores deveria identificar-se como o manda-chuva do pedaço e para isso, deveria encher os pulmões de ar e elevar os ombros, franzir a testa, cerrar os lábios e no momento em que soltaria o ar, o som do rugido de um leão acompanharia a sonoplastia para convencer da sua superioridade. O ator até que fez tudo direitinho, só que não imaginava que em vez do rugido do leão ouviria a campainha de um telefone. Bom de improviso, o ator não teve dúvida, na tentativa de não deixar o público perceber a falha da sonoplastia, corre para o telefone e no momento em que ele leva a mão para atendê-lo, o telefone ruge como uma fera para ele como se fosse o rei da selva. Rebuscando no fundo do baú e continuando o improviso, o ator diz:
- Acho que não vou atender, deve ser do imposto de renda.
Outra cena: mãe e filha começam uma discussão em segundo plano. Ao fundo deveria haver o som de diversas galinhas cacarejando. No momento certo, eis que se ouve o barulho de copos quebrando!! Já dá para imaginar o som que apareceu quando o mordomo derrubou a bandeja de copos, não??
Na cena da discussão entre pai e filha, era para correr algo bem do tipo "novela mexicana", assim que entrasse a música que havia sido escolhida para dar mais "dramaticidade" ao momento. Só que a música levou 45 segundos para começar e lá estavam os atores em cena, parados como estátua, esperando a sonoplastia...
Novamente o pânico tomou conta do grupo, pois ninguém podia prever o que aconteceria no próximo momento. Os personagens seguintes a entrar seriam o padre (ao som de badaladas de sino) e a enfermeira masoquista, vestida de "tiazinha" (ao som de "Guerra nas Estrelas"). Já pensou se as músicas se invertessem?? E o final da peça: um ator entrando caracterizado de "Indiana Jones" e em vez da música tema se ouvisse "...E o Vento Levou" (fundo musical de outra personagem em momento de sonho)?? Ainda bem, graças às nossas rezas à Santo Expedito (o santo das causas urgentes), estas sonoplastias entraram corretas!!
O ocorrido foi devidamente explicado pelo nosso diretor, após o espetáculo:
Ele estava com a lista dos sons, todos numerados, era só apertar o número da música no momento certo e pronto. Mas alguém havia mexido no equipamento e desprogramou tudo (desculpa dele????), pois parecia que aquele equipamento tinha vida própria. O sonoplasta apertava a música n. 2 o aparelho tocava a 5, apertava a 5 ele tocava a 8. (Seria Santo Expedito tentando ajudar mas não muito atualizado com o equipamento??)
Imaginem o desespero e o suador que o diretor passou até descobrir ativada aquela maldita tecla "Random", que era o problema de tudo. (Valeu Santo Expedito!!).
O povo que assistiu à peça naquele dia de estréia, gostou e se divertiu muito, e aqueles que voltaram a ver a peça em outro dia da temporada, até comentaram que preferiram a versão "escracho" do primeiro dia.
Bem, o diretor do grupo ainda é o mesmo até hoje, mas, por via das dúvidas, ele está "proibido" de fazer a sonoplastia das nossas próximas peças!!
Este é o nome do grupo de teatro amador, composto por associados da Fundação CELEPAR. Ou, como diz a Tânia - Grupo de Teatro e Outras Encenações.
O grupo supera todas as expectativas que se possa ter de união, camaradagem, ajuda mútua, compreensão, amizade, etc., parece até uma família sem sogra, cunhado ou aquele irmão pentelho.
O destaque é a dedicação dos componentes em prol de um "grande espetáculo" (pelo menos para não fazer muito feio...). Certa vez, dois funcionários foram vistos sentados no banco do jardim da empresa, na hora do almoço, fazendo largos gestos e altas ameaças, brandindo, ao que parecia, um escudo, discutindo, berrando e, claro, já chegou a turma do deixa disso - e não era nada disto mesmo, era puro ensaio.
Uma outra personagem, uma das mais dedicadas, diga-se de passagem, não só com o seu papel, mas com toda a produção de qualquer dos trabalhos do grupo, foi vista em companhia de mais dois personagens, de cestinha na mão, fazendo compras em um Sex Shop, em busca de adereços para compor o figurino da peça - que mico, heim!?
A peça "O Bonifácio" representada no nosso jantar de final de ano, em dezembro de 1998, seria novamente representada no final de julho de 1999, só que desta vez no Teatro Guaíra (lógico que no pequeno auditório, mas sabe o que isto significou?). A emoção tomou conta do povo, afinal seria a primeira vez que pisaríamos num palco de teatro de verdade, onde as pessoas que por ventura fossem assistir à peça, iriam só para isso, não teria jantar, baile, garçom transitando com bandejas ou distribuição de prêmios. Seria a glória total!!
Não é preciso nem dizer que os ensaios foram levados muito a sério para fazer bonito pois, afinal, os parentes, amigos e quem sabe a TV, certamente estariam lá.
A 2 semanas da estréia, o nervosismo bateu desesperadamente à porta e todos ficaram malucos, ensaiando todas as noites para nada dar errado. Para se ter uma idéia, a marcação de luzes dos personagens no palco pode durar até 12 horas - coisa de louco (o que todos nós temos um pouco!!).
Caprichamos no figurino, caprichamos no cenário, gravamos até um CD com todos os sons, que, com muita competência, o nosso diretor escolheu para dar mais vida e representatividade a algumas cenas. E, por uma mera questão de economia, o próprio diretor iria operar a sonoplastia, o que, geralmente, requer um técnico.
Bem, aquele 30 de julho parecia ser sempre amanhã, tal a ansiedade do povo. Mas a ansiedade terminou exatamente às 21 horas daquele dia da estréia, quando só restou o pânico. Mas nosso diretor reuniu o grupo momentos antes de iniciar o espetáculo e disse:
- Temos de entrar em cena e fazer aquilo que sabemos ou podemos, não temos mais tempo, nem para o pânico, meus amigos !! Vocês estão ótimos, vai ser "barbada" (palavras dele, talvez só para nos animar). - Mas em todo caso, segura na mão de Deus e vai!! (palavras dele também, talvez retratando nossa real situação!!)
Esse foi o último conselho antes de entrarmos em cena. Casa cheia, atores "afliados" (não é erro de grafia, é a contração de aflitos + afiados), público animado, som afinado, todos a postos e o espetáculo inicia.
Numa das primeiras cenas um dos atores deveria identificar-se como o manda-chuva do pedaço e para isso, deveria encher os pulmões de ar e elevar os ombros, franzir a testa, cerrar os lábios e no momento em que soltaria o ar, o som do rugido de um leão acompanharia a sonoplastia para convencer da sua superioridade. O ator até que fez tudo direitinho, só que não imaginava que em vez do rugido do leão ouviria a campainha de um telefone. Bom de improviso, o ator não teve dúvida, na tentativa de não deixar o público perceber a falha da sonoplastia, corre para o telefone e no momento em que ele leva a mão para atendê-lo, o telefone ruge como uma fera para ele como se fosse o rei da selva. Rebuscando no fundo do baú e continuando o improviso, o ator diz:
- Acho que não vou atender, deve ser do imposto de renda.
Outra cena: mãe e filha começam uma discussão em segundo plano. Ao fundo deveria haver o som de diversas galinhas cacarejando. No momento certo, eis que se ouve o barulho de copos quebrando!! Já dá para imaginar o som que apareceu quando o mordomo derrubou a bandeja de copos, não??
Na cena da discussão entre pai e filha, era para correr algo bem do tipo "novela mexicana", assim que entrasse a música que havia sido escolhida para dar mais "dramaticidade" ao momento. Só que a música levou 45 segundos para começar e lá estavam os atores em cena, parados como estátua, esperando a sonoplastia...
Novamente o pânico tomou conta do grupo, pois ninguém podia prever o que aconteceria no próximo momento. Os personagens seguintes a entrar seriam o padre (ao som de badaladas de sino) e a enfermeira masoquista, vestida de "tiazinha" (ao som de "Guerra nas Estrelas"). Já pensou se as músicas se invertessem?? E o final da peça: um ator entrando caracterizado de "Indiana Jones" e em vez da música tema se ouvisse "...E o Vento Levou" (fundo musical de outra personagem em momento de sonho)?? Ainda bem, graças às nossas rezas à Santo Expedito (o santo das causas urgentes), estas sonoplastias entraram corretas!!
O ocorrido foi devidamente explicado pelo nosso diretor, após o espetáculo:
Ele estava com a lista dos sons, todos numerados, era só apertar o número da música no momento certo e pronto. Mas alguém havia mexido no equipamento e desprogramou tudo (desculpa dele????), pois parecia que aquele equipamento tinha vida própria. O sonoplasta apertava a música n. 2 o aparelho tocava a 5, apertava a 5 ele tocava a 8. (Seria Santo Expedito tentando ajudar mas não muito atualizado com o equipamento??)
Imaginem o desespero e o suador que o diretor passou até descobrir ativada aquela maldita tecla "Random", que era o problema de tudo. (Valeu Santo Expedito!!).
O povo que assistiu à peça naquele dia de estréia, gostou e se divertiu muito, e aqueles que voltaram a ver a peça em outro dia da temporada, até comentaram que preferiram a versão "escracho" do primeiro dia.
Bem, o diretor do grupo ainda é o mesmo até hoje, mas, por via das dúvidas, ele está "proibido" de fazer a sonoplastia das nossas próximas peças!!