Norma - Processos do Ciclo de Vida de Software
Autores: Cristina Angela Filipak Machado
Raghu Singh
Space and Naval Warfare Systems Command
Uma nova norma, Processos de Ciclo de Vida (ISO/IEC 12207), desenvolvida durante os últimos 6 anos, foi recentemente aprovada pela JTC1 (Joint Technical Committee 1 of the International Organization for Standardization and the International Electrotechnical Commission) nos Estados Unidos. Enquanto o software tem sido estabelecido como uma parte integrante das disciplinas de ciência e de negócios, os ambientes para desenvolvimento e gerenciamento de software têm proliferado sem uma estrutura comum e uniforme para o Ciclo de Vida de Software. Esta norma fornece uma estrutura para que os praticantes de software possam "falar a mesma linguagem", quando criam e gerenciam software. Os praticantes podem usar a estrutura para adquirir, fornecer, desenvolver, operar e manter software.
Os processos
O novo padrão estabelece uma arquitetura de alto nível para o Ciclo de Vida do Software, desde a definição de conceitos até o seu descarte. A arquitetura é construída através de um conjunto de processos e interfaces entre esses processos. Os processos são providos e identificados com base nos princípios de modularidade e responsabilidade. Cada processo é colocado sob a responsabilidade de uma parte (ou participante) dentro do ciclo de vida do software.
Os 17 processos são agrupados dentro de três classes gerais: primária, suporte e organizacional. Os cinco principais processos são: aquisição, suprimento, desenvolvimento, operação e manutenção; eles são as alavancas primordiais dentro do ciclo de vida. Os oito processos de suporte são: documentação, gerência de configuração, garantia de qualidade, revisão conjunta, auditoria, verificação, validação e resolução de problemas. Um processo de suporte apoia outro processo com um propósito distinto. Os quatro processos organizacionais são: gerenciamento, infra-estrutura, melhoria e treinamento. Uma organização pode usar estes processos no nível da corporação para estabelecer, implementar, gerenciar e melhorar seus processos de ciclo de vida.
Cada processo é definido em termos das suas próprias atividades constituintes, e cada um destes é definido em termos das suas tarefas constituintes. Há 74 atividades e 224 tarefas. Um tarefa é expressada como um requisito, uma declaração própria, uma recomendação, ou uma ação permissível.
Atributos
O padrão de Processos de Ciclo de Vida de Software estabelece o elo necessário entre o software e seu sistema origem, definindo um espectro para o ciclo de vida do sistema e colocando o ciclo de vida do software dentro dele. O software é separado do sistema, projetado e implementado, e integrado novamente dentro do sistema. Assim, engenheiros de software participam na engenharia dos sistemas.
O padrão também implementa princípios de TQM (gerenciamento da qualidade total). Equipa cada processo com um ciclo PDCA "Planejar-fazer-checar-agir" embutido e apropria tarefas relacionadas com qualidade para cada processo.
Além disso, o padrão é flexível no uso. Uma organização, um projeto, ou as partes de um acordo podem selecionar os processos, atividades e tarefas apropriadas para realizar um propósito específico de negócio. Uma organização pode executar mais do que um processo, e um processo pode ser executado por mais do que uma organização. E a norma pode ser aplicada internamente por uma organização ou contratualmente por 2 ou mais partes. As tarefas são expressas em linguagem contratual. Quando aplicada unicamente dentro de uma organização ou por um indivíduo, a linguagem contratual é interpretada como tarefas propriamente impostas a si mesmas.
A ISO/IEC 12207 reage às tecnologias de software em rápida evolução. Ela pode ser usada com modelos de engenharia de software, métodos, e ambientes conhecidos. Além disso, fornece ao adquirente uma forma de especificar um produto ou serviço, enquanto encoraja o fornecedor a ser criativo usando uma tecnologia apropriada. De acordo com o padrão, certas saídas dos processos são documentadas. Contudo, os detalhes para métricas especificadas e indicadores, e os formatos para as saídas são deixadas para os usuários da norma.
Finalmente, a norma permite conformidade a nível do projeto e a nível da organização. Processos, atividades e tarefas são selecionados e adaptados para contemplar um projeto em particular. A nível da organização, como uma condição comercial, uma declaração pública especifica um conjunto de processos, atividades e tarefas da norma com a qual os fornecedores concordam.
A norma de Processos de Ciclo de Vida de Software não é um substituto para gerenciamento sistemático, disciplinado e engenharia de sistemas de software. A norma meramente fornece uma estrutura dentro da qual os processos, atividades e tarefas podem ser judiciosamente selecionados, planejados e executados. Um ponto chave para lembrar é que a norma contém somente um conjunto de blocos de construção bem definidos (processos); o usuário da norma deve selecionar, adaptar e juntar estes processos apropriadamente e com um custo razoável para o projeto ou organização. No entanto, a norma fortemente recomenda que tal adaptação preserve a arquitetura, intenção e integridade da norma.
Reconhecimentos
Esta norma foi desenvolvida sob o patrocínio do Subcomitê 7 (Engenharia de Software) do Joint Technical Commitee 1 (Information Technology) da ISO e IEC. O organizador do grupo de trabalho foi James R. Roberts dos E.E.U.A. ( afiliado com a Bell Communications Research) e o editor desta norma foi o autor deste artigo. Os seguintes países participaram no desenvolvimento desta norma : Austrália, Brasil, Canadá, Checoslováquia, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Hungria, Irlanda, Itália, Japão, Coréa, Holanda, Espanha, Suíça, Inglaterra e os Estados Unidos.
No Brasil
Existe uma comissão da ABNT que se reúne todas as primeiras terças-feiras de cada mês, normalmente aqui na Celepar, que está tratando da adaptação desta norma internacional para a realidade brasileira. Os interessados em participar do grupo ou de saber mais a respeito podem entrar em contato com Cristina Ângela Filipak Machado pelo e-mail.
Texto traduzido por : Cristina Ângela Filipak Machado - Presidente da Comissão de Estudos da ABNT que trata de Processos de Ciclo de Vida
Raghu Singh
Space and Naval Warfare Systems Command
Uma nova norma, Processos de Ciclo de Vida (ISO/IEC 12207), desenvolvida durante os últimos 6 anos, foi recentemente aprovada pela JTC1 (Joint Technical Committee 1 of the International Organization for Standardization and the International Electrotechnical Commission) nos Estados Unidos. Enquanto o software tem sido estabelecido como uma parte integrante das disciplinas de ciência e de negócios, os ambientes para desenvolvimento e gerenciamento de software têm proliferado sem uma estrutura comum e uniforme para o Ciclo de Vida de Software. Esta norma fornece uma estrutura para que os praticantes de software possam "falar a mesma linguagem", quando criam e gerenciam software. Os praticantes podem usar a estrutura para adquirir, fornecer, desenvolver, operar e manter software.
Os processos
O novo padrão estabelece uma arquitetura de alto nível para o Ciclo de Vida do Software, desde a definição de conceitos até o seu descarte. A arquitetura é construída através de um conjunto de processos e interfaces entre esses processos. Os processos são providos e identificados com base nos princípios de modularidade e responsabilidade. Cada processo é colocado sob a responsabilidade de uma parte (ou participante) dentro do ciclo de vida do software.
Os 17 processos são agrupados dentro de três classes gerais: primária, suporte e organizacional. Os cinco principais processos são: aquisição, suprimento, desenvolvimento, operação e manutenção; eles são as alavancas primordiais dentro do ciclo de vida. Os oito processos de suporte são: documentação, gerência de configuração, garantia de qualidade, revisão conjunta, auditoria, verificação, validação e resolução de problemas. Um processo de suporte apoia outro processo com um propósito distinto. Os quatro processos organizacionais são: gerenciamento, infra-estrutura, melhoria e treinamento. Uma organização pode usar estes processos no nível da corporação para estabelecer, implementar, gerenciar e melhorar seus processos de ciclo de vida.
Cada processo é definido em termos das suas próprias atividades constituintes, e cada um destes é definido em termos das suas tarefas constituintes. Há 74 atividades e 224 tarefas. Um tarefa é expressada como um requisito, uma declaração própria, uma recomendação, ou uma ação permissível.
Atributos
O padrão de Processos de Ciclo de Vida de Software estabelece o elo necessário entre o software e seu sistema origem, definindo um espectro para o ciclo de vida do sistema e colocando o ciclo de vida do software dentro dele. O software é separado do sistema, projetado e implementado, e integrado novamente dentro do sistema. Assim, engenheiros de software participam na engenharia dos sistemas.
O padrão também implementa princípios de TQM (gerenciamento da qualidade total). Equipa cada processo com um ciclo PDCA "Planejar-fazer-checar-agir" embutido e apropria tarefas relacionadas com qualidade para cada processo.
Além disso, o padrão é flexível no uso. Uma organização, um projeto, ou as partes de um acordo podem selecionar os processos, atividades e tarefas apropriadas para realizar um propósito específico de negócio. Uma organização pode executar mais do que um processo, e um processo pode ser executado por mais do que uma organização. E a norma pode ser aplicada internamente por uma organização ou contratualmente por 2 ou mais partes. As tarefas são expressas em linguagem contratual. Quando aplicada unicamente dentro de uma organização ou por um indivíduo, a linguagem contratual é interpretada como tarefas propriamente impostas a si mesmas.
A ISO/IEC 12207 reage às tecnologias de software em rápida evolução. Ela pode ser usada com modelos de engenharia de software, métodos, e ambientes conhecidos. Além disso, fornece ao adquirente uma forma de especificar um produto ou serviço, enquanto encoraja o fornecedor a ser criativo usando uma tecnologia apropriada. De acordo com o padrão, certas saídas dos processos são documentadas. Contudo, os detalhes para métricas especificadas e indicadores, e os formatos para as saídas são deixadas para os usuários da norma.
Finalmente, a norma permite conformidade a nível do projeto e a nível da organização. Processos, atividades e tarefas são selecionados e adaptados para contemplar um projeto em particular. A nível da organização, como uma condição comercial, uma declaração pública especifica um conjunto de processos, atividades e tarefas da norma com a qual os fornecedores concordam.
A norma de Processos de Ciclo de Vida de Software não é um substituto para gerenciamento sistemático, disciplinado e engenharia de sistemas de software. A norma meramente fornece uma estrutura dentro da qual os processos, atividades e tarefas podem ser judiciosamente selecionados, planejados e executados. Um ponto chave para lembrar é que a norma contém somente um conjunto de blocos de construção bem definidos (processos); o usuário da norma deve selecionar, adaptar e juntar estes processos apropriadamente e com um custo razoável para o projeto ou organização. No entanto, a norma fortemente recomenda que tal adaptação preserve a arquitetura, intenção e integridade da norma.
Reconhecimentos
Esta norma foi desenvolvida sob o patrocínio do Subcomitê 7 (Engenharia de Software) do Joint Technical Commitee 1 (Information Technology) da ISO e IEC. O organizador do grupo de trabalho foi James R. Roberts dos E.E.U.A. ( afiliado com a Bell Communications Research) e o editor desta norma foi o autor deste artigo. Os seguintes países participaram no desenvolvimento desta norma : Austrália, Brasil, Canadá, Checoslováquia, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Hungria, Irlanda, Itália, Japão, Coréa, Holanda, Espanha, Suíça, Inglaterra e os Estados Unidos.
No Brasil
Existe uma comissão da ABNT que se reúne todas as primeiras terças-feiras de cada mês, normalmente aqui na Celepar, que está tratando da adaptação desta norma internacional para a realidade brasileira. Os interessados em participar do grupo ou de saber mais a respeito podem entrar em contato com Cristina Ângela Filipak Machado pelo e-mail.
Texto traduzido por : Cristina Ângela Filipak Machado - Presidente da Comissão de Estudos da ABNT que trata de Processos de Ciclo de Vida