O ministério da saúde avisa: Fumar pode causar perda de memória
Autor: Toshikazu Hassegawa - DECOM
Nos tempos gloriosos do processamento de dados e do cérebro eletrônico, havia um poderoso UNIVAC 1004, ao qual o Arno Müller já fez referências em outro artigo, instalado no SERPRO, onde iniciei minha não tão gloriosa carreira. Ao seu lado, a modernidade das modernidades - um possante IBM/360 modelo vinte, cujos 16 kbytes de memória eram uma estupidez perto do 1 ká da primeira máquina.
Mas a diferença não ficava apenas nos recursos de uma e de outra. De um lado, a futura Big Blue, com seus técnicos sempre vestidos a caráter, de paletó e gravata, impecáveis - um cearense falante, outro, de poucas palavras e um terceiro, sempre alegre, também conhecido como "Mil e Um", por uma característica odontológica. De outro, talvez como um presságio para os atuais técnicos de manutenção dos micros, o Kurt (como seria seu verdadeiro nome? Nunca se soube, mas este era seu apelido, na verdade uma simplificação de Kurt Circuitz, em razão de uma piadinha infame da época). Totalmente esculhambado, camisa metade para fora das calças, estas também ligeiramente abaixo da linha da cintura, gravata torta e meio ensebada. Uma figura exótica completada com os óculos do tipo fundo-de-garrafa. Para completar, um cachimbo. Destes de madeira escura, reta, com a ponta de plástico preto um tanto quanto marcada pelas inúmeras mordidas que por certo já tinha levado.
Mas, a exemplo dos seus colegas da IBM, competente. Não havia defeito que não resolvesse depois de algumas horas literalmente enfiado dentro da máquina. Pois não é que um dia o Kurt aparece sem seu cachimbo? Teria parado de fumar? Só se por algum problema, pois naquele tempo o Ministério da Saúde ainda não alertava os fumantes para o fato de que fumar durante a gravidez pode provocar problemas no seu filho, etc. Não resisti à curiosidade e resolvi perguntar o motivo, ao que ele respondeu:
"Pois é... Desde a última vez em que eu estive aqui, meu cachimbo sumiu e não consegui encontrar outro com o qual eu me adaptasse e então parei temporariamente de fumar..."
Efeito fade. Legenda "algum tempo depois". Estou eu passando o aspirador na máquina (obrigação de operador principiante) e, voilà! Em cima de algum conjunto de componentes que não sei até hoje para que servia (nos micros atuais seria uma placa qualquer), lá está, totalmente empoeirado, o objeto de estimação do Kurt. Recuperado, limpo e guardado o cachimbo, continuamos a limpeza, mas a verdade é que depois disto, nunca mais a máquina funcionou direito. Dizem que ela viciou em cachimbo.
Nos tempos gloriosos do processamento de dados e do cérebro eletrônico, havia um poderoso UNIVAC 1004, ao qual o Arno Müller já fez referências em outro artigo, instalado no SERPRO, onde iniciei minha não tão gloriosa carreira. Ao seu lado, a modernidade das modernidades - um possante IBM/360 modelo vinte, cujos 16 kbytes de memória eram uma estupidez perto do 1 ká da primeira máquina.
Mas a diferença não ficava apenas nos recursos de uma e de outra. De um lado, a futura Big Blue, com seus técnicos sempre vestidos a caráter, de paletó e gravata, impecáveis - um cearense falante, outro, de poucas palavras e um terceiro, sempre alegre, também conhecido como "Mil e Um", por uma característica odontológica. De outro, talvez como um presságio para os atuais técnicos de manutenção dos micros, o Kurt (como seria seu verdadeiro nome? Nunca se soube, mas este era seu apelido, na verdade uma simplificação de Kurt Circuitz, em razão de uma piadinha infame da época). Totalmente esculhambado, camisa metade para fora das calças, estas também ligeiramente abaixo da linha da cintura, gravata torta e meio ensebada. Uma figura exótica completada com os óculos do tipo fundo-de-garrafa. Para completar, um cachimbo. Destes de madeira escura, reta, com a ponta de plástico preto um tanto quanto marcada pelas inúmeras mordidas que por certo já tinha levado.
Mas, a exemplo dos seus colegas da IBM, competente. Não havia defeito que não resolvesse depois de algumas horas literalmente enfiado dentro da máquina. Pois não é que um dia o Kurt aparece sem seu cachimbo? Teria parado de fumar? Só se por algum problema, pois naquele tempo o Ministério da Saúde ainda não alertava os fumantes para o fato de que fumar durante a gravidez pode provocar problemas no seu filho, etc. Não resisti à curiosidade e resolvi perguntar o motivo, ao que ele respondeu:
"Pois é... Desde a última vez em que eu estive aqui, meu cachimbo sumiu e não consegui encontrar outro com o qual eu me adaptasse e então parei temporariamente de fumar..."
Efeito fade. Legenda "algum tempo depois". Estou eu passando o aspirador na máquina (obrigação de operador principiante) e, voilà! Em cima de algum conjunto de componentes que não sei até hoje para que servia (nos micros atuais seria uma placa qualquer), lá está, totalmente empoeirado, o objeto de estimação do Kurt. Recuperado, limpo e guardado o cachimbo, continuamos a limpeza, mas a verdade é que depois disto, nunca mais a máquina funcionou direito. Dizem que ela viciou em cachimbo.