Após 1993, quando retomei a carreira docente como professor da disciplina de Planejamento de Informática na Empresa, na Fundação de Estudos Sociais do Paraná, passei a interessar-me pela formação do perfil do profissional de informática exigido pelo mercado. Este interesse aprofundou-se a partir de 1995, quando passei a desenvolver o trabalho com estagiários aqui na CELEPAR.
Interesses comuns aproximam pessoas e, após algumas publicações nesta área, travei conhecimento com o prof. Denis Alcides Rezende, através da Internet, que desenvolvia pesquisa sobre o assunto.
Algumas semanas atrás finalmente nos conhecemos pessoalmente no casamento de um amigo em comum e, em pouco tempo, após as apresentações de praxe e de falarmos um pouco sobre amenidades, a conversa social tornou-se uma vigorosa e instrutiva discussão sobre a profissão, o profissional de informática e tendências de mercado.
Passados mais alguns dias, recebi o material sobre a pesquisa desenvolvido pelo prof. Denis, tratando da questão título de forma abrangente e esclarecedora.
A proposta era para estudar o material para, juntos, montarmos um artigo sobre o assunto.
Após analisá-lo, concluí que ficaria feliz em apresentar o prof. Denis aos leitores do Bate Byte através do seu artigo, na íntegra, pois qualquer adendo nada acrescentaria ao brilhantismo do seu trabalho.
PERFIL DO PROFISSIONAL DE INFORMÁTICA, MERCADO DE TRABALHO E TENDÊNCIAS DE ATUAÇÃO
RESUMO
O objetivo deste artigo é apresentar pesquisa elaborada junto às empresas sobre o perfil profissional requerido pelo mercado de trabalho, com contribuição de várias entidades vinculadas à informática empresarial, requerentes de uma postura moderna, contemplando as habilidades técnica, de negócios e comportamental. Bem como, relatar sobre as formas de atuação dos profissionais de informática junto ao mercado e suas respectivas tendências, contextualizadas na exigência da qualidade e produtividade, capacitação e geração de soluções profícuas dos informáticos.
Palavras-chave:Perfil profissional, qualidade e produtividade, mercado e tendências de informática.
I. QUESTÕES PRELIMINARES
O mercado de trabalho para os profissionais de informática é promissor, porém, as empresas requerem um perfil profissional qualificado, exigindo habilidades que vão além da capacitação técnica. É muito grande o número de profissionais formados a cada ano em Instituições de Ensino de 3º Grau, com cursos superiores relacionados diretamente com informática, levando-nos a uma reflexão significativa quanto à formação e atuação destes.
a ) Entidades de informática
Tendo em vista que as profissões de informática não são reconhecidas, muitas entidades atuam nesta área, visando complementar e sustentar algumas regras respeitantes destas profissões, cada uma com seus objetivos próprios. Entre elas, destacam-se a SUCESU (Sociedade dos Usuários de Informática e Telecomunicações), a ASSESPRO (Associação das Empresas Brasileiras de Software e Serviços de Informática), o CITS (Centro Internacional de Tecnologia de Software), a MOREI (Movimento de Reconhecimento da Profissão de Informáticos), a ABES (Associação Brasileira de Empresas de Software) e ainda, alguns sindicatos. Portanto, a profissão de informático não é legalmente reconhecida, permitindo que qualquer pessoa a exerça, independente do local, tempo e qualidade de formação.
b) Iniciativa da pesquisa
Esta pesquisa iniciou-se no Grupo de Interesse em Qualidade e Produtividade em Informática, constituído em 1991, em Curitiba-PR, na SUCESU-PR, onde um grupo de informáticos e de profissionais da área organizacional de empresas tinham como objetivos o estudo, discussão, reflexão e trocas de experiências de temas de qualidade e produtividade em informática, contemplando as questões técnica e do comportamento humano.
II. PREMISSAS DA PESQUISA
a) Ênfase no desenvolvedor de soluções
A pesquisa focou-se principalmente nos profissionais que desenvolvem soluções, ou seja, analistas de sistemas, engenheiros de software, analistas de negócios e/ou informações e correlatos. Com vertente investigatória e com densidade científica, pois relata sobre uma nova postura da informática no desenvolvimento de sistemas e de soluções.
b) Dados da pesquisa
Os números iniciais de 1991/92 com pesquisas junto a 117 empresas, de todos os tamanhos, setores, origens, e também junto a 8 instituições de ensino de 3º grau da Região Metropolitana de Curitiba-PR. Em 1995/96 foram elaboradas mais de 250 pesquisas. Em julho de 1997, foram consultadas algumas empresas, diversos sites e documentações correlatas, junto ao escritório do CITS/SOFTEX 2000, em Pembroque Pines, Flórida, Estados Unidos da América, onde identificou-se que o perfil do Desenvolvedor de Soluções americano é semelhante ao brasileiro. Todos estes dados forneceram a base para as conclusões referente à Pesquisa Junto às Empresas, à Pesquisa junto às Instituições de Ensino de 3º Grau e à Pesquisa sobre as Tendências de Atuação dos Informáticos.
III. REFERENCIAL TEÓRICO
a) Quadro anterior das empresas
As "Empresas" e os "Sistemas" já existem há muito tempo, pois Jacó e Labão 4.000 A.C. já possuíam um sistema de controle quantitativo de ovelhas, e os Egípcios e Babilônios 3.000 A.C. registravam num sistema em pedras de transações, salários e impostos. Desta forma fica evidente que os informáticos não inventaram os sistemas. A Revolução Industrial (em torno de 1700) exigia o esforço físico do homem, diferenciando da atualidade onde temos as revoluções intelectual e da informação. O administrador Taylor (em torno de 1890) evidenciava a produtividade como processo mecânico e o elemento humano não era considerado, e Fayol (em torno de 1900) tinha a administração de cúpula e responsa-bilidades do topo, defesa da centralização e organização, surgindo Weber (em torno de 1910) com a teoria da burocracia como modelo de organização formal e impessoal, e a documentação. Infelizmente em algumas empresas, ainda hoje, esta forma de gestão de administração ainda está presente.
b) Quadro atual das empresas
Atualmente as empresas têm uma abordagem sistêmica, integrativa e corporativa, como uma visão da floresta, combinando ciência administrativa com comportamental, envolvendo sistemas como conjunto de partes que interagem entre si para atingir objetivos, onde toda empresa é um grande sistema com vários subsistemas, inclusive de informática, contemplando software, hardware e recursos humanos. As empresas também têm como objetivos a racionalização do trabalho, para minimizar esforços e eliminar o uso de forma não econômica de componentes, o aumento da produtividade e a qualidade e, ainda, a maximização do lucro. Neste caso, fica evidente a redução de níveis hierárquicos e de pessoas, carecendo de maior capacitação dos recursos humanos e principalmente dos profissionais de informática que nelas atuam. Antes de informatizar a empresa é necessário sua organização, pois a informática nem sempre "resolve" problemas nas empresas, devendo ser uma ferramenta de trabalho e suporte à tomada de decisões. Organizar abrange ciência, metodologias de trabalho, técnicas, ferra-mentas e envolvimento comprometedor das pessoas. Sendo assim, devem estar primordialmente organizadas e sedimentadas todas as funções empresariais (produção e/ou serviços, comercial, financeira, de materiais, recursos humanos e jurídico legal), com seus respectivos sistemas de informações contemplando todas as características e personalizações da empresa, em conseqüência, formalizadas as atribuições e responsa-bilidades, normas e procedimentos. As pessoas têm recebido mais atenção dentro das empresas, pois o ser humano é que faz as "engrenagens empresariais" funcionarem, sendo integrador das informações e constantemente buscando relacionamento cooperativo e satisfatório para ambas as partes, com objetivos comuns, pois o cliente humano (interno e externo) está muito mais exigente. Facilitam o intercâmbio de estrutura e comportamento para integração do homem à empresa: a antropologia, sociologia, filosofia, psicologia organizacional, embasamento espiritual, etc., tendo em vista que estes conceitos pessoais estão presentes no cotidiano das empresas. As organizações dependem dos indivíduos que nela atuam e vice-versa, e esta união e mudanças fazem com que seja maior a valorização do ser humano, a ampliação das emoções e a elevação da consciência, aplicadas nas atividades dos profissionais de informática. Como resultado esperado temos: pessoas que ousam e com visão de futuro, investimento em pesquisas e agilidade de implementar mudanças. Todas as pessoas possuem um repertório individual, que é o conjunto de valores, conhecimentos, experiências, cultura, códigos de comunicação, habilidades, traços de personalidade, que cada sujeito possui como resultado de sua formação e desenvolvimento (LYRA,1991). Estamos na era da revolução tecnológica, onde prevalecem o intelecto, o conhecimento, a informação, tornando a informatização inexorável e irreversível, juntamente com os avanços tecnológicos e a sociedade informatizada e automatizada. Para tanto, há necessidade de planejamento conjunto, de definição da missão, forma de atuação e objetivos da empresa e informática, em estágios de cultura crescentes, modernos e perenes. A informatização das empresas e a utilização efetiva dos recursos da informática oferece oportunidades de maximizar a produtividade, alavancar seus ciclos de negócios, melhorar o relacionamento com agentes externos, melhorar o posicionamento no mercado e, conseqüentemente, obter maior lucro. O informático deve observar estas citações para melhor atuar profissionalmente.
c) Qualidade e produtividade em informática
Tema de inexorável relevância, onde qualidade e produtividade devem ser palavras de ordem, que indubitavelmente implicam em novas abor-dagens: tecnologia competente, economia atraente, sistemas efetivos e completos, mudança no papel da área de informática e exigência dos profissionais de uma excelente capacitação. Conceitualmente, qualidade é conformidade com os requisitos funcionais, e sua existência aparece quando a informática está adequada ao uso e ao cliente. Produti-vidade é a relação entre os resultados obtidos e os recursos disponíveis consumidos, conside-rando o cumprimento de planejamento de tem-po, independente dos recursos de hardware e software disponíveis. Efetividade é a soma da eficiência e eficácia, baseada na regularidade, praticidade, durabilidade e constância, conside-rando também o fator econômico envolvido. Em informática, qualidade e produtividade é 80% composta de atitudes e comportamentos e o restante é complementado por técnicas e pro-gramas. Trata-se de uma mudança de cultura organizacional, que implica, necessariamente, em novas concepções de valores e sobretudo de atitudes pessoais (LYRA, 1991). Onde apenas ISO 9000 isoladamente é diferente e está longe da Qualidade Total.
d) Anticrises
Anticrise da informática, é o trabalho conjunto entre a administração da empresa, área de informática e o usuário; e, no ensino, é a união entre: administração da instituição, professor e o aluno. Para tanto, deve-se evitar a dicotomia entre estas partes e trabalhar harmoniosamente em equipes e em conjunto para atingir objetivos comuns.
e) Postura da Informática
Nos anos 60, os recursos de hardware e soft-ware eram precários, onde surgiram os Centros de Processamento de Dados (CPD), que eram órgãos misteriosos e enclausurados, utilizando-se de "digiprogramalistas", profissionais excêntricos, robóticos e endeusados, gerando resultados fechados e questionáveis aos usuários. Infelizmente este conceito de CPD ainda está presente em algumas empresas. Nos anos 70, o hardware e o software ficaram um pouco melhores, os profissionais dividiam-se em 4 categorias: digitadores, operadores, progra-madores e analistas, mas ainda não geravam muitas soluções efetivas. Nos anos 80, o hardware e o software ficaram melhores, iniciou-se a cultura de informática nas empresas e nos usuários, os profissionais começaram a ser conhecidos e mais organizados, principiou-se a desmistificação da informática; o mercado era carente de profissionais devido ao crescimento desordenado do país e a falta de estruturação educacional. Nos anos 90, surgiu uma nova postura, onde hardware e o software tiveram menor custo, passaram a ser mais confiáveis, amigáveis e efetivos; a informática começa a ser efetivamente aplicável ao mercado e aos negócios das empresas, como prestadora de serviços (interna e externa) transparente, atuante e desmistificada. Ficou mais evidente o envolvimento dos usuários (da concepção à implantação total do sistema), com utilização de metodologias para desenvolvimento de siste-mas (com fases, subfases, produtos, equipe, responsabilidades, avaliação e aprovações) e normas e padrões técnico-operacionais (proce-dimentos, programas, manuais, etc.). O CPD é substituído por Unidades de Informática, com as atividades de desenvolvimento, suporte, produção, racionalização, Organização e Métodos, etc., caracterizando-se como uma função empresarial informática, geradora de informações para suporte e tomada de decisões em todos os níveis. Sendo assim, evidenciou-se a necessidade de formação complementar dos profissionais, com habilidades além da técnica em informática, ou seja, capacitação integral para soluções empresarias integradas.
IV.PESQUISA JUNTO ÀS EMPRESAS
A pesquisa centrou-se na região metropolitana de Curitiba-PR, utilizando-se os meios: mala direta da SUCESU-PR, da Nove D Consultoria em Informática, de alunos voluntários das faculdades e visitas pessoais nas empresas com questionários, entrevistas e observações. Com a abrangência de todos os segmentos de mercado, todas as origens e todos os tamanhos de empresas, com contextualização do profissi-onal de informática, respeitando a cultura, filosofia e políticas de atuação empresarial e respectivos talentos internos.
O questionário respondido pelas empresas contempla as seguintes perguntas:
1. A informática passa por uma transformação na sua forma de atuação?
Tanto em 1991/92 como em 1995/96/97: 100% responderam que sim, destacando a evolução conjunta da informática com a sociedade, a necessidade de acompanhamento das tecnologias, o atendimento às exigências das pessoas e por estarmos na era da informação.
2. A informática deve ser desmistificada, aberta, transparente? O usuário deve ser devidamente envolvido nos sistemas? Projetos?
Em 1991/92: 82% e em 1995/96/97: 90% responderam que sim, relatando que mesmo assim, trata-se de uma perspectiva ideal, e que não acontece na prática e na sua totalidade,
aparecendo ainda a dicotomia entre o informá-tico e o usuário, gerando a necessidade de estabelecer na empresas, as políticas, metodologias, responsabilidades e normas para favorecer esta desmistificação.
3. As questões da qualidade e da produtividade são consideradas importantes?
Em 1991/92: 82% e em 1995/96/97: 99% responderam que sim, evidenciando que qualidade e produtividade estão ainda em voga, que é uma exigência dos consumidores (interno ou externo à empresa), relatando a necessidade de "contagiar todos" na empresa, onde a informática deve estar neste contexto (não isolada).
4. Deve ser exigida qualidade e produtividade dos profissionais de informática?
Em 1991/92: 94% e em 1995/96/97: 99% responderam que sim, independente dos recursos de hardware e software disponíveis, porém observando as devidas proporções destes recursos. Relata-se ainda a neces-sidade da capacitação efetiva da mão-de-obra, contemplando a qualidade e produti-vidade, com um programa abrangente e atuante na empresa e constante reciclagem e aquisição de experiência e prática.
5. É importante que profissionais de informática tenham conhecimento sedimentado em informática?
Em 1991/92: 80% e em 1995/96/97: 90% responderam que sim, porém reiteraram que o foco está direcionado ao gerador de soluções, dando um peso menor para atividades administrativas e complementares. Cons-tatou-se, também, que é exagero conhecer tudo em informática, pois esta área é complexa e necessita de diversas funções e profissões .
6. Para que os profissionais de informática obtenham a competência integral para a empresa, devem ter apenas conhecimentos de informática?
Em 1991/92: 94% e em 1995/96/97: 97% responderam que não, onde inicia-se a reflexão no tocante à nova postura do informático, e as empresas começaram a preocupar-se com outras habilidades, sendo uma evolução natural da informática e de seus recursos não focar apenas na parte técnica.
7. O conhecimento do negócio da empresa é necessário para os profissionais de informática?
Em 1991/92: 93% e em 1995/96/97: 96% responderam que sim. Para o conhecimento do negócio, que é a principal função da empresa, as mesmas normalmente exigem e fornecem subsídios para aquisição desta habilidade, e observou-se que é considerada uma exigência normal, denotando que a atuação dos informáticos fica prejudicada sem esta habilidade. Muitas empresas segmentam as suas equipes em unidades de negócio, porém, focam principalmente seus esforços no negócio principal. Para facilitar o entendi-mento, integram também o conhecimento do negócio: as funções empresariais (produção ou serviços, materiais, comercial, financeira, recursos humanos, jurídica legal), as funções da administração (planejamento, organização, direção e controle, e processos, procedi-mentos, gestão, etc.), os idiomas (desta-cando-se no Brasil o inglês, espanhol, francês e nos EUA os idiomas da Europa, Ásia, URSS).
8. Que características comportamentais organi-zacionais são indispensáveis para um bom desempenho?
Em todos os anos, destacaram-se entre 60% e 90% as seguintes habilidades comporta-mentais: adaptabilidade, assiduidade, atenção, comunicabilidade, concentração, criatividade, eloqüência, iniciativa, pontua-lidade, proação (iniciativa, execução e conclusão), responsabilidade e sociabilidade. E aparecem outras características compor-tamentais que variaram entre 5 a 20%: agente mudança, compreensão, comprometimento, disciplina, empatia, equilíbrio, futurismo, humildade, liderança, organização, paciência, percepção, pesquisa e sensatez. Ou seja, são necessárias também habilidades que envol-vam o ser humano, pois as atitudes, compor-tamentos e emoções fazem parte das atividades cotidianas da informática e as pessoas é que fazem computadores e respectivos sistemas trabalharem.
9. Você concorda com essa afirmação: "Um pro-fissional de informática qualificado e apto para o mercado de trabalho deve ter conhecimento técnico em informática, conhecimento do negócio da empresa e conhecimento do comportamento humano? Comportamental"?
Em 1991/92: 82% e em 1995/96/97: 95% responderam que sim. Com o direcionamento ao solucionador de informática, evidenciou-se que as empresas exigem competência integral para os profissionais que atuam no mercado. Deve-se então, também focar esforços no negócio da empresa, pesquisar e reciclar constantemente os conhecimentos, praticar e acumular experiências, gostar da profissão informática, ser agente de mudança incansável que corrobora com os objetivos empresariais e de crescimento profissional coletivo e individual.
A partir destas respostas pode-se elaborar algumas considerações, tais como: o mercado exige profissionais com habilidades que vão além do conhecimento técnico de informática, e devem ser agregados conhecimentos complementares à sua formação acadêmica. As empresas, sem dúvida, requerem profissionais com comportamentos voltados à qualidade e produtividade nas suas atividades cotidianas. Buscam permanência no mercado, perenidade, continuidade, crescimento e maximização dos lucros mas, infelizmente, não necessariamente preparam o profissional para isso, transferindo para terceiros esta responsabilidade.
V. PESQUISA JUNTO ÀS INSTITUIÇÕES DE ENSINO DE 3º GRAU
Em 1991/92, na região metropolitana de Curitiba-PR, foram discutidos nestas instituições os seguintes itens: currículo do curso (grade), a distribuição das disciplinas nas 3 habilidades requeridas pelo mercado, laboratório, biblioteca, atividades paralelas, tais como: seminários, estágios, convênios com empresas, etc., perfil dos professores, tais como: exigências de treinamentos, titulação, cursos extracurriculares, reciclagem, etc., esquema de aulas e o envolvimento dos alunos, tais como: forma de participação dos alunos nas atividades didáticas, tipos de aulas, etc. Merecem destaque e incentivo as atividades identificadas: empresa de Consultoria Júnior e equivalentes, convênios com empresas, projetos empresariais, acordos com forne-cedores, estágio supervisionado, seminários, feiras, palestras, laboratórios de pesquisas científicas e de práticas profissionais, biblioteca informatizada com renovação literária, treinamento para docentes, avaliação de professores e da administração, suporte a esquema de aulas diversificado e estrutura administrativa organizada. As entidades formadoras de informáticos, de maneira geral preocupam-se com as habilidades requeridas pelo mercado de trabalho, onde suprem uma forte formação técnica em informática. Em segundo plano a formação voltada aos negócios empresariais, com disciplinas ligadas à administração de um modo geral, programas de estágios e projetos vinculados a empresas. Em terceiro plano, com menor ênfase aparecem as disciplinas para as habilidades comporta-mentais, tais como: Psicologia Aplicada, Ética, Comunicação e Expressão, Dinâmica de Grupo, etc.
VI. PESQUISA SOBRE AS TENDÊNCIAS DE ATUAÇÃO DOS INFORMÁTICOS
A pesquisa sobre o perfil profissional do informático reitera que nas empresas estão acontecendo muitos trabalhos definidos por tarefas e/ou objetivos, com redução dos níveis hierárquicos e diminuição do número de funcionários, gerando a necessidade de melhor capacitação. Sendo assim, a forma de atuação dos profissionais de informática pode ser das seguintes formas:
a) Especialista segmentado
Com atuação, principalmente, nas empresas prestadoras de serviços de um negócio definido, como por exemplo: redes, Internet, adminis-trador de banco de dados, multimídia, compu-tação gráfica, treinamento, manutenção, vendas, etc.
b) Analista de negócios e/ou de informações
Com atuação nas empresas em Unidades de Negócios ou Departamentais, utilizando o conhecimento dos recursos de informática em um negócio específico, participando ativamente dos processos das empresa, como por exemplo: Analista de Sistemas Industriais, ISO 9000, Comercial, ou implantando pacotes de software empresarial, etc.;
c) Engenheiro de software focado no desenvolvedor de soluções
Com atuação principal nas Software-Houses, mas atua também nas empresas em geral, profissional de soluções integradas, que pode ser conhecido com a junção do programador e analista de sistemas. Detém as habilidades e as características relatadas nesta pesquisa.
d) CIO (Chief Information Officer)
Gestores de informática e/ou líder de unidade de negócios, assessor em staff ligado à alta administração, gerindo e fornecendo informa-ções para tomada de decisões.
e) ITM (Information Technology Manager)
Executivo que participa das decisões das empresas, fortemente embasado em tecnologias de informática e informações gerais.
Todas estas atividades podem ser exercidas como funcionário ou prestador de serviços (ou consultor). As empresas não são responsáveis pela carreira individual dos profissionais, e como dicas de uma boa atuação e crescimento profissional, pode-se relatar: atualização permanente (via Internet, livros, treinamentos, etc.), disposição para apreender e trabalhar em equipe, estudar idiomas estrangeiros, dominar o português (oral e escrito), estar sempre com um currículo atualizado e objetivo, ter postura pessoal e uma grande rede de relacionamentos.
VII. CONCLUSÃO
Este trabalho não teve pretensão de esgotar o tema, mas de estabelecer uma reflexão acerca deste assunto e de contribuir com a cultura de informática no país. As escolas e a sociedade não podem estar paradas e alienadas, devem fazer parte desse contexto contemporâneo, devem dar sua parcela de contribuição na formação de alunos e atenção à capacitação profissional integral. Nas escolas, a freqüente revisão e/ou ajustes na grade curricular e nas ementas das disciplinas, a reflexão na conduta da administração, dos professores e dos alunos, são fundamentais para adequação ao mercado e boa formação dos profissionais. As empresas têm constante preocupação com a organização e com a informação, visando a permanência no mercado, abertura de novos horizontes empresariais, a reflexão sobre sua cultura, política e filosofia de trabalho, a satisfação do cliente interno e externo com a qualidade e produtividade, visando a maximização dos lucros. A pesquisa junto às empresas, não deixa dúvida que o mercado espera a competência integral dos profissionais de informática, que consideram como parte de seu trabalho os requisitos funcionais de qualidade e produ-tividade. Constata-se que o mercado de trabalho oferece oportunidades e é carente de bons profissionais, com completa formação. Indubitavelmente, o sucesso na carreira profissional depende da absorção e da efetivação das três habilidades - técnica, do negócio e comportamental, onde o desafio é individual, de forma cotidiana e contínua. Será plenamente possível o destaque pessoal, na medida em que exista o esforço pessoal e o cuidado com a atuação não mediana nas empresas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LYRA, Cleila Elvira. Relatos sobre questões comportamentais na informática, Grupo de Interesse em Qualidade e Produtividade.
Curitiba : SUCESU/PR, 1991.
REZENDE, Denis Alcides. Pesquisa sobre perfil profissional do informático e tendências de atuação : pela SUCESU/PR, 1991/92/93 e pela Nove D Consultoria em Informática, 1995/96/97.
REZENDE, Denis Alcides. Engenharia de software empresarial. Rio de Janeiro : BRASPORT, 1997. 191 p.
SOCIEDADE DOS USUÁRIOS DE INFORMÁTICA E TELECOMUNICAÇÕES DO PARANÁ. Relatos e atas de reunião sobre qualidade e produtividade em informática. Curitiba : SUCESU/PR, 1991/92/93.
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