Organizações como Prisões Psíquicas
Autor: Luiz Fernando Ballin Ortolani
A Análise Organizacional estuda as organizações segundo diferentes metáforas, com a finalidade de permitir interpretações e contribuir para o sucesso das organizações. Neste contexto, analisar as organizações como prisões psíquicas nos auxilia a administrar e compreender processos de mudanças, como procuramos explorar neste artigo.
O título prisão psíquica é muito adequado porque define a organização como um fenômeno psíquico, ou seja, aquilo que existe na cabeça das pessoas, formado por processos conscientes e inconscientes quanto à criação e à manutenção. Às prisões, os indivíduos estão confinados por imagens, idéias, pensamentos e ações para os quais esses processos fazem sentido.
Os processos classificados como conscientes estão intimamente relacionados com a maneira de pensar das organizações, pela aceitação do que parece lógico sem um julgamento mais acurado. Isto caracteriza um aprisionamento do pensamento que pode conduzir a armadilhas cujas formas mais comuns são:
- armadilha pelo sucesso: quando uma empresa encontra-se num elevado nível de sucesso, não imagina, não percebe a infiltração de concorrentes com alta capacidade de expansão no mercado. Um exemplo de conhecimento comum é da indústria automobilística americana frente à japonesa.
- armadilha da organização "frouxa": institucionalização da ineficiência como no caso do controle de qualidade que permite taxas de defeitos ao invés de exigir "zero defeitos".
- armadilha pelo pensamento coletivo: o pensamento do "consenso assumido" inibe as pessoas de expressar suas dúvidas, levando a decisões precipitadas e posteriormente, melhor analisadas, julgadas insensatas.
Com relação aos processos inconscientes, as maiores contribuições provêm de Sigmund Freud. Segundo sua teoria, o inconsciente é criado pela repressão humana dos desejos e pensamentos próprios. Torna-se um reservatório de impulsos reprimidos e traumas que podem entrar em erupção a qualquer momento.
Freud estabeleceu uma separação muito importante entre o inconsciente e a cultura, que na realidade são dois lados de uma mesma moeda, ocultando ou manifestando formas de repressão. O inconsciente é a repressão oculta enquanto a cultura é a repressão manifesta que permite a socialização humana. A essência da sociedade é a repressão do individual e a essência do individual é a repressão de si mesmo. Portanto, o indivíduo é reprimido pela sociedade, manifestando-se pela cultura, e reprimido por si mesmo ocultando-se no inconsciente.
Cultura, segundo Freud, é o resultado da repressão de desejos e pensamentos ocultos no inconsciente. Estes, devem ser buscados numa análise mais profunda da cultura organizacional de uma empresa.
Seus estudos com relação às organizações como prisões psíquicas resultaram na linha denominada "organizações e sexualidade reprimida". Recebeu críticas de mulheres do movimento feminista por entenderem que, como um homem, abordou valores masculinos caindo na armadilha de seu próprio inconsciente de preocupações sexuais.
Na abordagem das organizações como prisões psíquicas, ressalta-se o aspecto que não são simplesmente moldadas pelo ambiente onde estão inseridas, mas também pelos conceitos inconscientes de seus membros e de forças inconscientes que modelam as sociedades nas quais existem.
Ao estudar psicanaliticamente as organizações procura-se observar os laços que unem o indivíduo a elas e não apenas materiais, morais, ideológicos ou sócio-econômicos, mas sobretudo de natureza psicológica.
Na atualidade, as organizações constituem a via de acesso do indivíduo para o reconhecimento que nada mais é do que o "desejo de ser desejado". Nelas, cada indivíduo busca a realização de seus projetos e desejos, adaptando-se aos sistemas de controle impostos por aquelas, tornando-se fonte de angústia e prazer.
Esse duplo aprimoramento, das estruturas organizativas do trabalho e da própria conduta, coloca a organização como ideal do Ego (objeto de amor) e do Superego (instância punitiva).
O pensamento crítico propiciado pela metáfora das organizações como prisões psíquicas permite penetrar em complexos organizacionais, identificando barreiras às mudanças.
A Análise Organizacional estuda as organizações segundo diferentes metáforas, com a finalidade de permitir interpretações e contribuir para o sucesso das organizações. Neste contexto, analisar as organizações como prisões psíquicas nos auxilia a administrar e compreender processos de mudanças, como procuramos explorar neste artigo.
O título prisão psíquica é muito adequado porque define a organização como um fenômeno psíquico, ou seja, aquilo que existe na cabeça das pessoas, formado por processos conscientes e inconscientes quanto à criação e à manutenção. Às prisões, os indivíduos estão confinados por imagens, idéias, pensamentos e ações para os quais esses processos fazem sentido.
Os processos classificados como conscientes estão intimamente relacionados com a maneira de pensar das organizações, pela aceitação do que parece lógico sem um julgamento mais acurado. Isto caracteriza um aprisionamento do pensamento que pode conduzir a armadilhas cujas formas mais comuns são:
- armadilha pelo sucesso: quando uma empresa encontra-se num elevado nível de sucesso, não imagina, não percebe a infiltração de concorrentes com alta capacidade de expansão no mercado. Um exemplo de conhecimento comum é da indústria automobilística americana frente à japonesa.
- armadilha da organização "frouxa": institucionalização da ineficiência como no caso do controle de qualidade que permite taxas de defeitos ao invés de exigir "zero defeitos".
- armadilha pelo pensamento coletivo: o pensamento do "consenso assumido" inibe as pessoas de expressar suas dúvidas, levando a decisões precipitadas e posteriormente, melhor analisadas, julgadas insensatas.
Com relação aos processos inconscientes, as maiores contribuições provêm de Sigmund Freud. Segundo sua teoria, o inconsciente é criado pela repressão humana dos desejos e pensamentos próprios. Torna-se um reservatório de impulsos reprimidos e traumas que podem entrar em erupção a qualquer momento.
Freud estabeleceu uma separação muito importante entre o inconsciente e a cultura, que na realidade são dois lados de uma mesma moeda, ocultando ou manifestando formas de repressão. O inconsciente é a repressão oculta enquanto a cultura é a repressão manifesta que permite a socialização humana. A essência da sociedade é a repressão do individual e a essência do individual é a repressão de si mesmo. Portanto, o indivíduo é reprimido pela sociedade, manifestando-se pela cultura, e reprimido por si mesmo ocultando-se no inconsciente.
Cultura, segundo Freud, é o resultado da repressão de desejos e pensamentos ocultos no inconsciente. Estes, devem ser buscados numa análise mais profunda da cultura organizacional de uma empresa.
Seus estudos com relação às organizações como prisões psíquicas resultaram na linha denominada "organizações e sexualidade reprimida". Recebeu críticas de mulheres do movimento feminista por entenderem que, como um homem, abordou valores masculinos caindo na armadilha de seu próprio inconsciente de preocupações sexuais.
Na abordagem das organizações como prisões psíquicas, ressalta-se o aspecto que não são simplesmente moldadas pelo ambiente onde estão inseridas, mas também pelos conceitos inconscientes de seus membros e de forças inconscientes que modelam as sociedades nas quais existem.
Ao estudar psicanaliticamente as organizações procura-se observar os laços que unem o indivíduo a elas e não apenas materiais, morais, ideológicos ou sócio-econômicos, mas sobretudo de natureza psicológica.
Na atualidade, as organizações constituem a via de acesso do indivíduo para o reconhecimento que nada mais é do que o "desejo de ser desejado". Nelas, cada indivíduo busca a realização de seus projetos e desejos, adaptando-se aos sistemas de controle impostos por aquelas, tornando-se fonte de angústia e prazer.
Esse duplo aprimoramento, das estruturas organizativas do trabalho e da própria conduta, coloca a organização como ideal do Ego (objeto de amor) e do Superego (instância punitiva).
O pensamento crítico propiciado pela metáfora das organizações como prisões psíquicas permite penetrar em complexos organizacionais, identificando barreiras às mudanças.