Produtividade da tecnologia da informação
Autor: Luiz Fernando Ballin Ortolani
" Pavimentando trilhas de vacas" foi a expressão utilizada por Michael Hammer, um dos atuais gurus da administração, para representar sua observação com relação ao uso de computadores pelas empresas.
" A maior parte das organizações estava usando computadores para práticas antiquadas de trabalho burocrático. Estavam simplesmente pavimentando trilhas de vacas." [Byr92]
Consciente de que o uso de novas tecnologias exigia das empresas um repensar da forma como operavam, Hammer largou seu posto no MIT (Massachusetts Institute of Technology), abrindo sua empresa de consultoria.
Em 1987, graças às experiências como engenheiro de software da IBM, utilizou o termo "reengineering" (reequipamento) para descrever as mudanças organizacionais necessárias às empresas, frente ao mercado altamente competitivo, conclamando-as a organizarem-se em torno de processos - o atendimento do pedido de um cliente ou renovação da habilitação de um motorista, por exemplo - em vez de departamentos funcionais como finanças e marketing ou legislação, tesouraria e aplicação de exames médicos.
Como resposta às suas idéias e experiências, mais de 1,5 mil executivos e administradores participaram de seus seminários, além de contratos de consultoria para Aetna Life & Casualty, Hallmark Cards e Texas Instruments.
Sobrepondo suas idéias às de Hammer, outro atual guru da administração, George Stalk - vice-presidente da Boston Consulting - pelo princípio da competição em base de tempo, acredita na velocidade como vantagem competitiva da empresas. A administração do tempo, como os custos, medindo e monitorando processos - como o desenvolvimento de um novo produto ou a entrega de um serviço - é uma fonte de vantagem competitiva em todo processo de organização. Trata-se de uma derivação do ditado "Tempo é dinheiro" acrescido dos fatores produtividade, qualidade e inovação.
O reconhecimento de suas idéias resultou em contratos de consultoria para GE, IBM, Square D e Wausau Paper e outros grandes clientes atendidos por mais de 100 consultores, por honorários da ordem de US$250,00 por hora.
A receptividade dos administradores por novas idéias decorre das alterações no ambiente de atuação das empresas: globalização da economia, competição internacional, novas tecnologias, parcerias e informação.
"No entanto, a paisagem empresarial está mudando rapidamente: a competição é cada vez mais globalizada, a tecnologia se desenvolve rapidamente e a força de trabalho vem sofrendo alterações profundas." [Byr92]
"O pensador japonês Keinichi Ohmae (outro guru da administração atual) esteve entre os primeiros a alegar que parcerias entre empresas americanas asiáticas e européias eram necessárias." [Byr92]
"As companhias devem buscar maneiras de se expandir para além de seus recursos existentes, por meio de acordos de licenciamento, alianças estratégicas e relações com fornecedores. Um caso a destacar: a aliança entre a Apple Corp. e a Sony Inc. para a produção da bem-sucedida linha de Powerbook da Apple, que juntou a habilidade da Apple para projetar produtos fáceis de utilizar com a miniaturização e o Know-how de produção da Sony, necessários à fabricação de produtos compactos" [Byr92]
"Mais e mais, a produção em escritórios e fábricas depende de computadores e sistemas de informações de larga escala que podem controlar cada vez mais complexos conjuntos de dados." [Zub82].
As organizações de sucesso dos anos 90 devem atender seus clientes, exigentes com relação a qualidade e conscientes de suas necessidades, com rapidez e elevados padrões de atendimento, buscando despertar interesses crescentes em seus produtos e serviços através de inovações e aprimoramento constantes.
"Os lemas da nova década são: inovação e velocidade, serviço e qualidade."[Ham90]
Tal fato, exige das organizações a reorganização de seus processos e tempos de desenvolvimento de produtos e serviços, fatores altamente influenciados pela tecnologia utilizada e pela forma como é utilizada.
A tecnologia significa "saber fazer" através da aplicação sistemática de conhecimentos científicos e conhecimentos originados pela experiência na produção de bens e serviços. O planejamento para a utilização - prospecção, avaliação, disseminação e monitoramento do uso de tecnologias - compreende o processo de gestão de tecnologia. Este, significa "saber escolher" e "saber usar", refletindo-se nas relações de trabalho.
"Novas formas de tecnologias inevitavelmente alteram as maneiras como as pessoas são mobilizadas para trabalhar, bem como os tipos de habilidades e comportamento que são críticos para a produtividade." [Zub82]
O uso inteligente da tecnologia da informação (TI) tem proporcionado diferencial competitivo a inúmeras empresas, pela inovação ou especialização em mercados estabelecidos, pela exploração de nichos de mercado e, principalmente, pela adição de valor a seus produtos e serviços.
A importância da TI para as organizações é percebida quando se avaliam os investimentos nessa tecnologia.
"Têm havido níveis crescentes de investimentos em equipamentos de tecnologia da informação. Estes investimentos atualmente superam 10% dos novos investimentos de capital realizados pelas empresas americanas em equipamentos." [Byr92]
"Alguns estudos estimam que mais de 50% dos recentes investimentos em equipamentos são em TI." [Bry92]
Dependendo da natureza e porte da empresa, os valores envolvidos atingem a ordem de grandeza de milhões de dólares e, quanto mais significativos, maiores são os questionamentos por parte dos proprietários/executivos dessas organizações sobre o retorno para a empresa desses investimentos.
"Ao mesmo tempo em que se divulga amplamente a utilização de TI como vantagem competitiva por algumas empresas, a literatura especializada vem produzindo recentemente estudos que sugerem pouco, se algum, relacionamento positivo entre investimentos em TI e resultados financeiros em termos globais." [Gla93]
As evidências acumuladas desses estudos em contrapartida aos relatos de sucesso de aplicação de TI têm se tornado uma das maiores preocupações dos gerentes com responsabilidades em tomar decisões sobre tal tecnologia.
A organização pública não está isenta desta preocupação. A partir do momento que elevadas parcelas dos orçamentos anuais são direcionados para informática, ao invés de aplicadas nas atividades-fim do governo, uma argumentação convincente é exigida pelo administrador público.
A escassez de recursos na administração pública é uma constante e seus efeitos são percebidos na redução do alcance, níveis e qualidade dos serviços providos.
"Na ausência de melhorias de produtividade, reduções de gastos dos governos locais conduzem inevitavelmente a uma redução no alcance dos serviços providos, nos níveis de serviços oferecidos e/ou na qualidade dos serviços entregues."[Ste84]
Portanto, o fator produtividade permite manter ou aprimorar a qualidade dos serviços prestados pela administração pública em função de orçamentos cada vez mais restritivos, tornando-se importante objeto de estudo.
A capacidade de um país melhorar seu nível de vida no correr do tempo depende quase inteiramente de sua capacidade de aumentar a produção por trabalhador, ou seja, aumentar a produtividade.
Pesquisas realizadas nos EUA demonstram que as taxas de produtividade têm crescido de forma extremamente lenta nos últimos 20 anos e são inferiores aos resultados apresentados nos anos do pós-guerra até início dos anos setenta.
Segundo Tom Peters [Pet89], o declínio americano pode ser avaliado pela desaceleração da taxa de produtividade média de negócios: crescia 3% ao ano no período de 1950 a 1965, 2% no período de 1965 a 1973 e manteve-se em 1% de lá para cá. O setor de manufatura apresentou resultados ainda piores: 2,5% ao ano de 1950 a 1985, enquanto a do Japão cresceu 8,4%, a da Alemanha e Itália 5,5%, a da França 5,3%, Canadá 3,5% e da Inglaterra 3,1%.
"O crescimento da produtividade global tem sido lento, significativamente desde o início dos anos 70 e o crescimento da produtividade medida tem caído marcadamente no setor de serviços, o qual consome acima de 80% de TI." [Bry92]
No setor burocrático/administrativo (white collar workers), observam-se os piores resultados, com a produtividade praticamente estagnada.
"Estatísticas de produtividade de burocratas (white collar productivity) têm estado essencialmente estagnadas por 20 anos." [Bry92]
O que desperta interesse nesse tema é o fato que o período de menores taxas de produtividade coincide com a proliferação e massificação de uso da TI, principalmente os microcomputadores, o que nos leva a refletir:por que se investem elevadas quantias em TI se ela não aumenta a produtividade, pelo menos em termos globais?
Explorando um pouco mais este raciocínio seria lógico que, se não existem ganhos significativos de produtividade com TI, os investimentos nessa tecnologia deveriam ocorrer de forma proporcional aos ganhos verificados. Contudo, os valores aplicados em TI cresceram (e continuam crescendo) com taxas superiores à produtividade verificada.
Por estas razões, é importante analisar a relação entre TI e produtividade, procurando identificar o tipo de relação existente a nível das empresas privadas, através dos resultados financeiros, e organizações sem fins lucrativos, através da avaliação dos serviços prestados e qualidade de vida do cidadão.
Portanto, justificar o uso de TI para aumentar a produtividade é altamente questionável. Os fatores mais importantes para argumentar o uso da TI são: respostas mais rápidas às necessidades dos clientes, maior personalização de produtos e serviços, maior variedade de escolhas, conforto, qualidade dos serviços prestados e, num sentido mais amplo, melhorias na qualidade de vida da sociedade como um todo.
" Pavimentando trilhas de vacas" foi a expressão utilizada por Michael Hammer, um dos atuais gurus da administração, para representar sua observação com relação ao uso de computadores pelas empresas.
" A maior parte das organizações estava usando computadores para práticas antiquadas de trabalho burocrático. Estavam simplesmente pavimentando trilhas de vacas." [Byr92]
Consciente de que o uso de novas tecnologias exigia das empresas um repensar da forma como operavam, Hammer largou seu posto no MIT (Massachusetts Institute of Technology), abrindo sua empresa de consultoria.
Em 1987, graças às experiências como engenheiro de software da IBM, utilizou o termo "reengineering" (reequipamento) para descrever as mudanças organizacionais necessárias às empresas, frente ao mercado altamente competitivo, conclamando-as a organizarem-se em torno de processos - o atendimento do pedido de um cliente ou renovação da habilitação de um motorista, por exemplo - em vez de departamentos funcionais como finanças e marketing ou legislação, tesouraria e aplicação de exames médicos.
Como resposta às suas idéias e experiências, mais de 1,5 mil executivos e administradores participaram de seus seminários, além de contratos de consultoria para Aetna Life & Casualty, Hallmark Cards e Texas Instruments.
Sobrepondo suas idéias às de Hammer, outro atual guru da administração, George Stalk - vice-presidente da Boston Consulting - pelo princípio da competição em base de tempo, acredita na velocidade como vantagem competitiva da empresas. A administração do tempo, como os custos, medindo e monitorando processos - como o desenvolvimento de um novo produto ou a entrega de um serviço - é uma fonte de vantagem competitiva em todo processo de organização. Trata-se de uma derivação do ditado "Tempo é dinheiro" acrescido dos fatores produtividade, qualidade e inovação.
O reconhecimento de suas idéias resultou em contratos de consultoria para GE, IBM, Square D e Wausau Paper e outros grandes clientes atendidos por mais de 100 consultores, por honorários da ordem de US$250,00 por hora.
A receptividade dos administradores por novas idéias decorre das alterações no ambiente de atuação das empresas: globalização da economia, competição internacional, novas tecnologias, parcerias e informação.
"No entanto, a paisagem empresarial está mudando rapidamente: a competição é cada vez mais globalizada, a tecnologia se desenvolve rapidamente e a força de trabalho vem sofrendo alterações profundas." [Byr92]
"O pensador japonês Keinichi Ohmae (outro guru da administração atual) esteve entre os primeiros a alegar que parcerias entre empresas americanas asiáticas e européias eram necessárias." [Byr92]
"As companhias devem buscar maneiras de se expandir para além de seus recursos existentes, por meio de acordos de licenciamento, alianças estratégicas e relações com fornecedores. Um caso a destacar: a aliança entre a Apple Corp. e a Sony Inc. para a produção da bem-sucedida linha de Powerbook da Apple, que juntou a habilidade da Apple para projetar produtos fáceis de utilizar com a miniaturização e o Know-how de produção da Sony, necessários à fabricação de produtos compactos" [Byr92]
"Mais e mais, a produção em escritórios e fábricas depende de computadores e sistemas de informações de larga escala que podem controlar cada vez mais complexos conjuntos de dados." [Zub82].
As organizações de sucesso dos anos 90 devem atender seus clientes, exigentes com relação a qualidade e conscientes de suas necessidades, com rapidez e elevados padrões de atendimento, buscando despertar interesses crescentes em seus produtos e serviços através de inovações e aprimoramento constantes.
"Os lemas da nova década são: inovação e velocidade, serviço e qualidade."[Ham90]
Tal fato, exige das organizações a reorganização de seus processos e tempos de desenvolvimento de produtos e serviços, fatores altamente influenciados pela tecnologia utilizada e pela forma como é utilizada.
A tecnologia significa "saber fazer" através da aplicação sistemática de conhecimentos científicos e conhecimentos originados pela experiência na produção de bens e serviços. O planejamento para a utilização - prospecção, avaliação, disseminação e monitoramento do uso de tecnologias - compreende o processo de gestão de tecnologia. Este, significa "saber escolher" e "saber usar", refletindo-se nas relações de trabalho.
"Novas formas de tecnologias inevitavelmente alteram as maneiras como as pessoas são mobilizadas para trabalhar, bem como os tipos de habilidades e comportamento que são críticos para a produtividade." [Zub82]
O uso inteligente da tecnologia da informação (TI) tem proporcionado diferencial competitivo a inúmeras empresas, pela inovação ou especialização em mercados estabelecidos, pela exploração de nichos de mercado e, principalmente, pela adição de valor a seus produtos e serviços.
A importância da TI para as organizações é percebida quando se avaliam os investimentos nessa tecnologia.
"Têm havido níveis crescentes de investimentos em equipamentos de tecnologia da informação. Estes investimentos atualmente superam 10% dos novos investimentos de capital realizados pelas empresas americanas em equipamentos." [Byr92]
"Alguns estudos estimam que mais de 50% dos recentes investimentos em equipamentos são em TI." [Bry92]
Dependendo da natureza e porte da empresa, os valores envolvidos atingem a ordem de grandeza de milhões de dólares e, quanto mais significativos, maiores são os questionamentos por parte dos proprietários/executivos dessas organizações sobre o retorno para a empresa desses investimentos.
"Ao mesmo tempo em que se divulga amplamente a utilização de TI como vantagem competitiva por algumas empresas, a literatura especializada vem produzindo recentemente estudos que sugerem pouco, se algum, relacionamento positivo entre investimentos em TI e resultados financeiros em termos globais." [Gla93]
As evidências acumuladas desses estudos em contrapartida aos relatos de sucesso de aplicação de TI têm se tornado uma das maiores preocupações dos gerentes com responsabilidades em tomar decisões sobre tal tecnologia.
A organização pública não está isenta desta preocupação. A partir do momento que elevadas parcelas dos orçamentos anuais são direcionados para informática, ao invés de aplicadas nas atividades-fim do governo, uma argumentação convincente é exigida pelo administrador público.
A escassez de recursos na administração pública é uma constante e seus efeitos são percebidos na redução do alcance, níveis e qualidade dos serviços providos.
"Na ausência de melhorias de produtividade, reduções de gastos dos governos locais conduzem inevitavelmente a uma redução no alcance dos serviços providos, nos níveis de serviços oferecidos e/ou na qualidade dos serviços entregues."[Ste84]
Portanto, o fator produtividade permite manter ou aprimorar a qualidade dos serviços prestados pela administração pública em função de orçamentos cada vez mais restritivos, tornando-se importante objeto de estudo.
A capacidade de um país melhorar seu nível de vida no correr do tempo depende quase inteiramente de sua capacidade de aumentar a produção por trabalhador, ou seja, aumentar a produtividade.
Pesquisas realizadas nos EUA demonstram que as taxas de produtividade têm crescido de forma extremamente lenta nos últimos 20 anos e são inferiores aos resultados apresentados nos anos do pós-guerra até início dos anos setenta.
Segundo Tom Peters [Pet89], o declínio americano pode ser avaliado pela desaceleração da taxa de produtividade média de negócios: crescia 3% ao ano no período de 1950 a 1965, 2% no período de 1965 a 1973 e manteve-se em 1% de lá para cá. O setor de manufatura apresentou resultados ainda piores: 2,5% ao ano de 1950 a 1985, enquanto a do Japão cresceu 8,4%, a da Alemanha e Itália 5,5%, a da França 5,3%, Canadá 3,5% e da Inglaterra 3,1%.
"O crescimento da produtividade global tem sido lento, significativamente desde o início dos anos 70 e o crescimento da produtividade medida tem caído marcadamente no setor de serviços, o qual consome acima de 80% de TI." [Bry92]
No setor burocrático/administrativo (white collar workers), observam-se os piores resultados, com a produtividade praticamente estagnada.
"Estatísticas de produtividade de burocratas (white collar productivity) têm estado essencialmente estagnadas por 20 anos." [Bry92]
O que desperta interesse nesse tema é o fato que o período de menores taxas de produtividade coincide com a proliferação e massificação de uso da TI, principalmente os microcomputadores, o que nos leva a refletir:por que se investem elevadas quantias em TI se ela não aumenta a produtividade, pelo menos em termos globais?
Explorando um pouco mais este raciocínio seria lógico que, se não existem ganhos significativos de produtividade com TI, os investimentos nessa tecnologia deveriam ocorrer de forma proporcional aos ganhos verificados. Contudo, os valores aplicados em TI cresceram (e continuam crescendo) com taxas superiores à produtividade verificada.
Por estas razões, é importante analisar a relação entre TI e produtividade, procurando identificar o tipo de relação existente a nível das empresas privadas, através dos resultados financeiros, e organizações sem fins lucrativos, através da avaliação dos serviços prestados e qualidade de vida do cidadão.
Portanto, justificar o uso de TI para aumentar a produtividade é altamente questionável. Os fatores mais importantes para argumentar o uso da TI são: respostas mais rápidas às necessidades dos clientes, maior personalização de produtos e serviços, maior variedade de escolhas, conforto, qualidade dos serviços prestados e, num sentido mais amplo, melhorias na qualidade de vida da sociedade como um todo.