Projetos de Informatização na Agricultura
Sempre encontramos o Paraná em qualquer lista dos maiores produtores agrícolas do País. De fato, a importância da agricultura e da pecuária para a economia do Paraná é enorme, sendo relevante também como fator de fixação do homem do campo na área rural, contribuindo para a produção de alimentos sem aumentar a pobreza nas metrópoles industrializadas.
A informática é um instrumento de que o Estado pode dispor para melhorar as condições do setor agropecuário, prestando serviços de maneira mais ágil e eficiente e contribuindo para a melhoria da nossa qualidade de vida.
O Paraná tem desenvolvido vários projetos associando à agricultura e à informática. Neste artigo trataremos de 2 deles, que contam com a participação da Celepar.
Emissão de Certificados de Classificação
A Empresa Paranaense de Classificação de Produtos - CLASPAR, é uma empresa vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento - SEAB e que efetua a certificação da qualidade dos produtos agrícolas. Podemos observar o resultado deste trabalho quando compramos arroz ou feijão no supermercado. Por exemplo: se observarmos a embalagem, ela tem a classificação do produto, tipo 1 ou tipo 2, classe, categoria, etc., que indicam a qualidade do produto que estamos comprando. Quem faz a classificação destes produtos, no Paraná, é a Claspar.
Para realizar a classificação, a Claspar conta com uma estrutura de 56 Postos de Classificação, localizados em rodovias, portos, aduanas e outros locais de intenso tráfego de produtos agrícolas. Nestes postos são emitidos os Certificados de Classificação, após o fiscal do Posto retirar amostras das cargas para análise e classificação. De posse do Certificado, o produto pode ser vendido aos estabelecimentos comerciais e, quanto melhor a qualidade expressa no Certificado, melhor o preço obtido.
Cada Certificado emitido é cobrado, para efetuar a manutenção da estrutura de fiscalização e classificação, sendo que parte das receitas obtidas deve ser repassada ao Ministério da Agricultura até o dia 10 do mês seguinte. Para conseguir em 10 dias o montante faturado no mês, são processados manualmente os dados de todos os Certificados (aproximadamente 950.000 anuais, média de 80.000 mensais), apenas no que se refere aos valores financeiros, pois se fossem apurados os dados dos produtos agrícolas classificados, não haveria tempo para o repasse ao Ministério.
No final de agosto de 1995, a Claspar e a Celepar iniciaram o levantamento de dados para desenvolvimento do sistema de Emissão de Certificados de Classificação. Atualmente, com o Projeto Lógico do sistema já concluído, está sendo elaborada a licitação para a contratação do desenvolvimento do sistema. Pelo Projeto elaborado, será desenvolvido um sistema para os Postos de Classificação, em ambiente Windows, que permitirá a digitação dos dados dos Certificados e sua emissão. Ao final do dia, os arquivos serão transmitidos via linha discada para a sede da Claspar, em Curitiba. Na sede poderão ser obtidas as informações consolidadas do Estado, tanto financeiras quanto técnicas, possibilitando um repasse mais ágil para o Ministério e a obtenção quase instantânea dos dados dos produtos classificados, seu volume, qualidade, locais do Estado, etc.
A melhoria dos processos administrativos, financeiros e técnicos será bastante acentuada e, além disso, a comunidade agrícola do Estado também sairá ganhando, não só pelo banco de dados mais completo sobre a qualidade da produção do Estado como pela maior eficiência e precisão nos serviços prestados nos Postos de Classificação, que é uma das linhas de frente do relacionamento entre o Estado e os produtores agrícolas.
Sistema de Informações em Sanidade Animal
A Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento - SEAB presta variados serviços à comunidade agropecuária do Paraná. Dentro da sua estrutura administrativa existe a Divisão de Defesa Sanitária Animal (DDSA), que atua para manter a sanidade dos rebanhos das propriedades rurais de todo o Estado. O trabalho da DDSA é a vigilância sanitária e epidemiológica, procurando zelar pela saúde de bovinos, suínos, aves e outras espécies animais, algumas até pouco conhecidas de nós, como o bicho-da-seda. Este trabalho é que garante a sanidade dos rebanhos que nos alimentam e geram divisas importantes para o Brasil pelas exportações.
Só para se ter uma idéia da importância dessas atividades para a economia paranaense, estima-se que o abate médio mensal de animais no Estado chegue a valores superiores a R$ 75.000.000,00 e as exportações mensais de carne do Paraná superam os US$ 15,000,000.00. Muitas empresas que geram milhares de empregos dependem destes recursos. Se houver ocorrências de febre aftosa ou peste suína, por exemplo, as exportações poderão ser suspensas e o impacto sobre a economia será muito grande.
Deste modo, é muito mais barato para o Estado investir na estrutura de fiscalização e defesa sanitária, controlando vacinações dos rebanhos e problemas sanitários que ocorrem nas propriedades rurais, granjas, abatedouros, frigoríficos, cooperativas e estabelecimentos agrícolas em geral, o que permite uma qualidade muito maior dos animais e o crescimento desta importante atividade econômica.
Para realizar este trabalho, a DDSA dispõe atualmente de uma estrutura de 96 Unidades Veterinárias espalhadas pelo Paraná. Cada Unidade deve possuir um Veterinário, um Auxiliar de Campo e um Auxiliar Administrativo (algumas estão com quadro de pessoal incompleto). Enquanto o Auxiliar Administrativo permanece no Escritório da Unidade, o Veterinário e seu Auxiliar deslocam-se entre os vários municípios de abrangência da Unidade realizando suas tarefas.
Estas tarefas de campo merecem um parêntese. Quando efetuávamos o Levantamento de Dados para definição do escopo do sistema, passamos 3 dias inteiros só para mapear superficialmente as atividades que se realizam no campo. Elas são tantas e tão variadas que dão até um certo grau de aventura à profissão. Quem imaginaria um acampamento noturno na saída de cavernas para capturar morcegos transmissores da raiva dos herbívoros? Ou então, um Veterinário vestido como um astronauta para inspecionar laboratórios e instalações de última geração tecnológica que se encontram nas nossas empresas avícolas ?
O Projeto de Informatização da DDSA prevê um computador e uma impressora em cada Unidade Veterinária, onde um sistema em ambiente Windows será instalado e através do qual serão mantidos os cadastros de cada propriedade rural da região, detalhes do seu rebanho, histórico de enfermidades, vacinações, entradas/saídas de animais da propriedade, dados de abatedouros, laboratórios e outros estabelecimentos agropecuários da região, além de relatórios que permitam à Unidade extrair preciosas informações destes bancos de dados.
As informações arquivadas na Unidade serão transmitidas via linha discada para a sede da SEAB em Curitiba e comporão um cadastro com todas as propriedades do Estado e seus rebanhos, além de outras informações coletadas no campo, banco de dados este que se constituirá em importante fonte de pesquisas e que embasará as futuras ações de defesa e vigilância sanitária animal no Paraná.
A segunda fase deste projeto inicia-se agora em janeiro, com a contratação do desenvolvimento do sistema com base no Projeto Lógico elaborado pela Celepar, compra e instalação de equipamentos, treinamento de pessoal e uma série de ações integradas para a implantação gradual do projeto. Quando ele estiver em pleno funcionamento, o Paraná terá a melhor estrutura de Defesa Sanitária Animal do País, além de oferecer a este dinâmico setor da economia, serviços com maior eficiência e qualidade.