Requisitos: um modelo aplicado de descrição


Autores:
Edna Pacheco Zanlorenci - GPT   Robert Carlisle Burnett - PUC-PR

RESUMO

O modelo apresenta uma aplicação prática de descrição, qualificação, análise e validação do requisito, resultando num quadro de avaliação de riscos de implementação. Para isso tem o foco sobre dois elementos: fonte de informação e requisito.

Palavras-chave: análise, descrição, qualificação, requisito, risco, stakeholder, validação.

1. INTRODUÇÃO

Este trabalho trata no contexto do processo de desenvolvimento de software, as razões e motivação de qualificação da fonte de informação e do requisito em uma abordagem de descobrimento de requisitos.

Para o processo de produção de software efetivar-se, é necessário ter a definição clara do que se vai construir. Esta definição deverá estar fundamentada num trabalho inicial de conhecimento do problema, para a proposição das alternativas de solução.

Para a caracterização da finalidade de um produto ou serviço, é essencial que se qualifique a fonte de informação e a exigência das necessidades ou desejos expressos a fim de possibilitar a seleção, priorização e decisão sobre o que implementar.

O foco da proposta está orientado ao comprometimento da fonte de informação em definir quem está produzindo ou consumindo informação e com que características, independente do privilégio de posição e poder de decisão no domínio da aplicação.

A abrangência do trabalho tem como ponto forte o conhecimento da representatividade da fonte de informação como formadora de opinião na área de interesse.

A motivação para a realização deste trabalho é a característica do modelo em ser uma proposta inovadora na abordagem de análise e validação de requisitos. A relação cliente e usuário é substituída pelo enfoque de produtor e consumidor de produto ou serviço.

O trabalho trata os aspectos de relacionamento e dependência entre os requisitos levando em consideração a funcionalidade dos mesmos. Constitui-se numa alternativa para redução quantitativa de passos do processo comparativo entre requisitos.

Propõe a aplicação de critérios de valor e peso à informação dos stakeholder para estabelecer condições de análise e validação dos requisitos e a definição de prioridade de implementação de forma indireta, ou seja, pela média obtida da representatividade da fonte de informação no processo.

2. MODELO PARA QUALIFICAÇÃO DO REQUISITO E DA FONTE DE INFORMAÇÃO

O modelo de descrição e qualificação de requisitos é aplicável à análise e validação das informações obtidas da fonte de informação (stakeholder). As informações recebem valor e peso constituindo-se em médias que são avaliadas através dos critérios determinados para apuração do grau de risco de implementação do requisito, conforme modelo proposto.

Para a fonte de informação, o modelo propõe, primeiro, identificar a pessoa responsável pela declaração do requisito sob o ponto de vista de produtor ou consumidor; segundo, visualizar o papel que a pessoa ocupa na organização ou para que finalidade usa a informação (operacional, gerencial, estratégica) e terceiro, qualificar o nível de demanda (essencial, expectativa, excedente) para a satisfação do requisito. Para o requisito, o modelo propõe, primeiro, identificar a área de aplicação (operacional, gerencial, estratégica); segundo, identificar a área de origem do requisito (interna, externa, ordem legal) e terceiro, identificar o relacionamento de dependência entre os requisitos no contexto em estudo (grupo, dependente, individual).

Para o melhor entendimento do que vem a ser requisito e qual a sua importância no contexto, é detalhada, na seqüência, uma abordagem recursiva (requisitos para o conhecimento dos requisitos para o desenvolvimento de software).

O contexto de descrição de requisitos, conforme apresentado na figura 2.1[ZAN99], compreende a base do modelo. Foram utilizadas figuras geométricas para diferenciar a representação e o significado dos elementos:

  • os círculos representam os quatro elementos fundamentais, quais sejam, ambiente ou domínio da aplicação, problemas, requisitos e stakeholder;

  • os retângulos representam as características associadas aos elementos do modelo;

  • o cilindro representa os processos da engenharia de requisitos;

  • o papiro representa o produto resultante, o documento de requisitos.

Requi1.gif (251554 bytes)

Figura 2.1 - Uma Abordagem de Requisitos

2.1 O que é o Modelo Proposto?

O modelo constitui a proposta do trabalho e uma abordagem para consolidar a idéia de orientar o foco de estudo sobre o conhecimento do problema e definição dos requisitos.

O tratamento da fonte de informação considera a importância da pessoa comprometida com as informações prestadas como agente consumidor, produtor ou conhecedor da informação na determinação do produto ou serviço.

O requisito é originado pela descrição do problema com a atuação do stakeholder nos processos iterativos de descobrimento, negociação e consolidação das idéias. Deve ser caracterizado pela sua funcionalidade, identificada a origem da informação e o relacionamento de dependência entre si.

Constitui-se numa proposta inovadora na abordagem de análise e validação de requisitos. Sua característica básica é a utilização de um método que possibilite qualificar o agente fonte de informação e seu posicionamento sobre o requisito e agregar parâmetros para validação do mesmo.

2.2 Taxonomia dos Elementos do Modelo

A classificação dos elementos componentes do modelo de qualificação fundamenta-se nos aspectos do ambiente ou domínio da aplicação (Universo de Discurso, [LEI94]), da fonte de informação (stakeholder) [BOE96, 98], da visualização do problema [JAC95b, GAU90] e da definição do requisito [ FP98,GAU89, JAC95a, RYA98].

O modelo de qualificação representa, na figura 2.2 [ZAN98, 99], o relacionamento entre os quatro elementos: ambiente, stakeholder, problema e requisito.

Requi2.gif (151485 bytes)

Figura 2.2 - Taxonomia do Modelo de Qualificação

O modelo tem basicamente dois blocos de informação: o stakeholder e o requisito. A interligação dos elementos é representada de um lado, pela hierarquia ocupacional da fonte de informação na organização com a funcionalidade do requisito e, de outro, pela relação do requisito com a definição de exigência do mesmo.

O ambiente ou domínio da aplicação é a parte do contexto onde os fatos e os fenômenos ocorrem. A abrangência da fronteira do ambiente é determinada pela definição dos objetivos e do foco do problema em estudo.

O stakeholder é o corpo constituinte do qual são obtidas as informações. Interage com o ambiente e expressa seu ponto de vista sobre problemas, define os requisitos e os critérios das exigências. A contribuição também é requerida sob os aspectos de definição de preferências, expectativas e restrições no atendimento aos requisitos. O principal enfoque da participação do stakeholder é como elemento produtor ou consumidor das informações. Desempenha uma função no ambiente organizacional (operacional gerencial ou estratégico) e o diferencial no processo de qualificação da fonte de informação é a emissão de opinião sobre a exigência do requisito (essencial, expectativa ou excedente).

O problema é um elemento que faz parte do ambiente. A natureza do problema é de origem humana. E, sob este enfoque, só existe sob a perspectiva dos sentidos humanos na percepção dos fatos e fenômenos ambientais que não estão sintonizados com a vontade e o querer da pessoa no contexto ao qual está relacionado.

O requisito é a condição ou exigência expressa para satisfação dos objetivos relacionados ao problema. É um elemento que tem funcionalidade, atributos de qualidade e características de restrição. Abrange os aspectos operacional, gerencial e estratégico e tem origem na demanda (interna, externa ou de ordem legal) relacionados entre si.

2.3 Base de Representação (Léxico) de Requisitos

A base de representação das informações deve ser um meio que permita a comunicação mais facilitada para o entendimento do problema. O que estiver documentado deve representar e ser interpretado à luz do ambiente cultural que o originou.

A opção adotada pelo modelo proposto é representar requisitos através de sentenças simples em linguagem natural. A princípio, talvez tenha-se um grande volume, com ambigüidades a eliminar e dados a complementar. No entanto, por motivo da abordagem no tratamento da informação ser orientada ao tratamento de problemas, isto deve facilitar o surgimento de idéias de forma mais espontânea.

A forma de expressão do requisito é proposta no modelo pelo Documento de Descrição de Requisitos [docto.1, item 1.07], representado abaixo. O preenchimento pelo stakeholder, deve seguir a estrutura da frase: nome (sujeito) + verbo (ação) + objeto (sobre o quê) + complemento que caracterize a funcionalidade associada ao problema [ZAN99].

Requi3.gif (165751 bytes)

O enfoque que o modelo propõe através do documento de descrição de requisitos é o questionamento e a discussão sobre "o que é e o porquê" do problema (1.08) e qual é o requisito (1.07) do stakeholder a ser atendido no contexto do domínio da aplicação (1.02). Na seqüência, devem ser identificados qual produto (1.09), qual a aplicação (1.10) e para quem. Isto permite ao engenheiro de requisitos, esclarecer a funcionalidade do requisito para visualizar possíveis relacionamentos entre os demais.

A parte inicial do documento (itens 1.02 a 1.06) objetiva documentar o contexto e as características que envolvem o requisito, as quais podem ser previamente determinadas durante o processo de captura.

As informações finais no documento, são complementares, incluindo as características de qualidade: quais condições e atributos (1.11), restrições (1.12), preferências (1.13) e expectativas (1.14).

2.4 Heurística para Extração e Documentação de Requisitos

O processo de descobrimento e documentação de requisitos é estruturado em várias atividades distintas, iterativas, distribuídas nas etapas do processo, gerando versões complementares do documento de requisitos.

O modelo propõe onze etapas, cada qual gerando um documento intermediário. A figura 2.3 [ZAN99] representa a heurística e o ciclo evolutivo do modelo de qualificação.

 

Requi4.gif (24441 bytes)

Figura 2.3 - Heurística Aplicável ao Modelo de Qualificação

O processo agrega as etapas em cinco fases: descrição do requisito, qualificação do requisito, qualificação da fonte de informação, aplicação de parâmetros de qualificação e composição do quadro de avaliação de risco de implementação do requisito.

2.4.1 Descrição do Requisito

Corresponde às etapas (0 a 6) de planejamento, pesquisa inicial do material existente, identificação dos stakeholder, descrição inicial dos requisitos, estruturação dos dados e composição da versão inicial do documento de requisitos.

Etapa.0 - Planejar o processo de descobrimento de requisitos

0

o que

para que

quem ou fonte

quando

processo

produto

resumo negociar contratação definição do foco e abrangência do trabalho responsável pela definição do produto ou serviço nos contatos iniciais de negociação planejamento de atividades plano de trabalho e recursos a serem alocados

Etapa.1 - Acessar o material disponível na organização

1

o que

para que

quem ou fonte

quando

processo

produto

resumo conhecer o ambiente ou domínio da aplicação embasamento teórico dos trabalhos a serem desenvolvidos legislação, regimento interno da organização, documentos nos contatos iniciais de negociação pesquisa de material existente material de sistemas e requisitos, documentação da organização

Etapa.2 - Identificar os stakeholder componentes da estrutura organizacional formal

  • utiliza a técnica apontada por Leite, em [LEI94], referindo-se a Burstin com uma série de heurísticas para identificar usuários e compor uma árvore a que denominou abstract user tree, utilizada para mapeamento de usuários envolvidos no processo;

2

o que

para que

quem ou fonte

quando

processo

produto

resumo comprometer a fonte de informação interna à organização prover representativi-dade interna na participação da definição do problema e dos requisitos responsável pela contratação do produto ou serviço na organização no processo de planejamento de reuniões de trabalho identifica stakeholder interno lista interna de stakeholder e agenda de compromissos com o processo

Etapa.3 - Identificar os stakeholder externos à estrutura organizacional formal

3

o que

para que

quem ou fonte

quando

processo

produto

resumo comprometer o universo da fonte de informação externa à organização prover representativi-dade externa na participação da definição do problema e dos requisitos responsável pela contratação do produto ou serviço na organização no processo de planejamento de reuniões de trabalho identifica stakeholder externo lista externa de stakeholder e agenda de compromissos com o processo

Etapa.4 - Listar os requisitos, a partir do ponto de vista dos stakeholder sobre os problemas existentes.

4

o que

para que

quem ou fonte

quando

processo

produto

resumo descrever o problemas e os requisitos funcionais e não-funcionais registrar formalmente os fatos e fenômenos do ambiente em estudo stakeholder interno durante a fase de captura de requisitos descrição de requisitos associados a problemas existentes Documento de Descrição de Requisitos

Etapa.5 - Estruturar dados de requisitos obtidos

5

o que

para que

quem ou fonte

quando

processo

produto

resumo analisar dados dos requisitos descritos identificar ausência de representatividade da fonte de informação stakeholder e engenheiro de requisitos após a etapa 3, descrição dos requisitos internos e externos verificar conteúdo de informação e a quem está associada; ausência ambigüidades,.. docto.1 Documento de Descrição de Requisitos (revisado)

Etapa.6 - Compor o documento de requisitos

6

o que

para que

quem ou fonte

quando

processo

produto

resumo obter versão inicial do documento de requisitos para estruturar as idéias sobre os requisitos engenheiro de requisitos após etapa 5, descrição e comparação dos requisitos compõe versão do documento de requisitos docto.3 Quadro Descritivo de Requisitos

O Documento Descritivo de Requisitos é especificado por:

3.01 - identificação numérica do requisito;
3.02 - inicialmente deixado em branco, a ser completado na etapa 7;
3.03 - qualificação funcionalidade do requisito (1-operacional, 2-gerencial, 3-estratégico);
3.04 - qualificação da origem da informação (1-interna, 2-externa, 3-ordem legal);
3.05 - qualificação de dependência entre requisitos (1-grupo, 2-dependente, 3-individual);
3.06 - descrição formal do requisito (frase = sujeito + verbo + objeto + complemento);
3.07 - descrição do problema associado ao requisito;
3.08 - identificação do produto desejado;
3.09 - definição da aplicação do produto: para que e para quem.

Quadro descritivo de requisitos [docto.3]

Documento Resumo Descritivo de Requisito - Biblioteca Especializada Empresa de Informática

Requisito Funcional

Contexto Organizacional

3.01 3.02 3 4 5 3.06 3.07 3.08 3.09
 

idrq

rqdp f or d descrição requisito problema produto aplicação
001

001

3

1

1

a empresa quer maximizar o uso da informação desconhece uso informação informação .corpo funcional

.cliente externo

.sociedade

002

002

3

1

1

a empresa quer identificar qual trabalho científico está inserido num projeto pesquisa bibliográfica projetos   corpo funcional
003

001

003

2

1

1

a biblioteca quer medir o uso da informação tratada de forma especial (indexação de matéria /artigo de publicações) desconhece total de acesso a inf. tratada especial total de acesso à informação em: qualidade e quantidade avaliação de uso da forma de tratamento
004

001

004

2

1

1

a biblioteca quer medir o resultado de acesso à informação não atendido desconhece a necessidade de informação do usuário e Celepar total de acesso avaliação da deficiência do acervo
005

002

005

2

1

1

a biblioteca quer conhecer necessidade de informação da empresa como um todo desconhece o que está ocorrendo no processo produtivo perfil da empresa pró-atividade para disponibilizar recursos e uso de novas tecnologias
006

002

006

2

1

1

a biblioteca quer ter autonomia na proposta de aquisição de material bibliográfico - burocracia na aquisição

- compra através da solicitação usuário

pró-atividade para adiantar aquisição - agilizar disponibilidade de informação

- beneficiar usuário acesso informação

007

003

1

1

2

a biblioteca deve disponibilizar acesso às informações atualizadas sobre soluções de software e de hardware atraso na circulação, respeito à hierarquia e outros critérios, desprezando a necessidade técnica informação de fornecedor, ferramentas, aplicação e clientes (como contatá-los) elaborar soluções informatizadas para projetos de infra-estrutura de sw e de hw
008

005

008

1

1

1

a biblioteca deve formalizar divulgação seletiva da informação conhecimento parcial da necessidade de informação perfil cliente/ usuário disponibilização específica por interesses individuais
009

009

010

1

1

1

a biblioteca quer controlar assinatura de periódicos - dificuldade de renovação com ocorrência falha

- dados de contato do fornecedor não padronizado

- aviso de alerta de vencimento

- aviso alerta não recebimento de fascículos

- auxílio a procedimentos internos

- acesso à informação recente pelo usuário

010

001

010

1

1

1

a biblioteca quer integrar processos internos consulta múltiplas fontes informação, existência de bases dados dispersas resposta rápida ao usuário consulta ao acervo
011

010

1

1

2

a Biblioteca quer registrar empréstimo de publicação em processo automático manuseio de ficha do arquivo manual para entrada de dados posterior ao empréstimo - informações de empréstimo

- consulta com data esperada de retorno, se a publicação está emprestada

- obter situação da publicação

- manutenção do acervo e da disciplina de uso

012

010

1

1

2

a Empresa deve disponibilizar cadastro único de funcionário, associado aos dados da área de Recursos Humanos utilização de nome de guerra como registro cadastro confiável de funcionários cadastro confiável de funcionários
013

-

1

1

3

a Biblioteca deve viabilizar acesso à informação disponível em CD-ROM subutilização do acervo CD em rede serviço ambiente em rede identificação do funcionário
014

005

1

1

2

a Biblioteca deve disponibilizar informações sobre histórico de clientes informações estão dispersas e com difícil acesso - informação - saber exatamente o que o cliente quer - para funcionários no relacionamento com clientes, aumentarem o conhecimento sobre os mesmos

2.4.2 Qualificação do Requisito

Corresponde à etapa (7) de qualificação do requisito e determinação do relacionamento de dependência entre requisitos.

Etapa.7 - Qualificar o Requisito

7

o que

para que

quem ou fonte

quando

processo

produto

resumo obter a qualificação do requisito e a relação de dependência entre eles associar ao requisito critérios de avaliação engenheiro de requisitos e o stakeholder após montagem do documento de descrição de requisitos qualifica funcionalidade do requisito e define a relação de dependência entre eles docto.4 Documento de Qualificação de Requisitos docto.2 Documento de Comparação de Dependência de Requisito

A forma proposta para qualificação e validação do requisito define três aspectos que caracterizam e personalizam os requisitos: a qualificação funcional, a área de origem e a relação de dependência entre eles.

A tabela 2.3 [ZAN99] é a referência para a qualificação da fonte de informação.

Requisito Funcional (atributo x categoria) categoria.1 categoria.2 categoria.3

1. qualificação funcional do requisito

operacional (op) gerencial (ge) estratégico (es)

2. área de origem do requisito

interno (in) externo (ex) ordem legal (lg)

3. relação de dependência de requisitos

grupo (gr) dependente (dp) individual (iv)

Tabela 2.3 - Quadro Demonstrativo: Requisito e Atributos de Qualificação

O conjunto de atributos e categorias constitui um rol de combinações alternativas de respostas para o requisito, do qual se pode compor o quadro demonstrativo completo, totalizando 27 (vinte e sete) colunas de possibilidades, conforme exposto na tabela 2.4 [ZAN99], na combinação de todas as categorias e atributos 3 a 3.

Requi16.gif (83572 bytes)

Tabela 2.4 - Quadro Demonstrativo de Caracterização de Requisito Funcional

A qualificação do requisito constitui-se numa etapa exaustiva para se obter consenso entre os stakeholder.

  • o requisito, neste momento, deve estar bem esclarecido e conceituado quanto à sua funcionalidade, à sua origem e relacionamento de dependência em relação aos demais;

  • para minimizar o esforço de comparação entre os requisitos, estes devem ser agrupados pela respectiva característica de funcionalidade (estratégica, gerencial e operacional), reduzindo o universo e a quantidade de comparações;

  • a proposta é que se considere a relação entre requisitos intracategoria e intercategorias e não de todo o universo, requisito a requisito, conforme mostrado na figura 2.4 [ZAN99];

  • o relacionamento intercategorias deve ser restrito à relação estratégica versus gerencial e gerencial versus operacional;

Requi17.gif (50825 bytes)


Figura 2.4 - Estrutura Hierárquica de Relacionamento de Requisitos

Documento de comparação dependência de requisito [docto.2]
legenda: (gr) = grupo (dp) = dependente (iv) = individual

idrq

001

002

003

004

005

006

007

008

009

010

011

012

013

014

015

016

017

.....

001

gr

                                 

002

 

gr

                               

003

dp

 

gr

                             

004

dp

   

gr

                           

005

 

dp

   

gr

                         

006

 

dp

     

gr

                       

007

   

dp

                             

008

       

dp

   

gr

                   

009

               

gr

dp

               

010

dp

               

gr

               

011

                 

dp

               

012

                 

dp

               

013

                       

iv

         

014

       

dp

                         

O Documento de Qualificação do Requisito é especificado por:

4.01 - identificação numérica do requisito;
4.02 - observação sobre o universo da fonte de informação t = total, e = estimado, acrescido do número quantitativo do universo conhecido;
4.03 - qualificação stakeholder, ponto de vista (1-operacional, 2-gerencial, 3-estratégico)
4.04 - qualificação da origem da informação (1-interna, 2-externa, 3-ordem legal)
4.05 - qualificação de dependência entre requisitos (1-grupo, 2-dependente, 3-individual)

Documento de Qualificação do Requisito [docto.4]

Requisitos

Qualificação: Requisito

4.01

4.02

4.03

4.04

4.05

id.rq

universo

funcionalidade

origem

dependência

001

t1

1

1

1

Na qualificação dos requisitos os pesos de 1 a 9, tabela 2.5 [ZAN99], são atribuídos aos três grupos: operacional, gerencial e estratégico.

Requi20.gif (83959 bytes)

Tabela 2.5 - Opções de Atribuição de Peso ao Requisito

2.4.3 Qualificação da Fonte de Informação

Corresponde à etapa (8) de qualificação da fonte de informação e determinação da exigência do requisito em atendimento à demanda de necessidades e/ou desejos.

Etapa.8 - Qualificar a fonte de informação

A forma de qualificação e validação da fonte de informação proposta define três aspectos que caracterizam e personalizam o stakeholder como agente da informação: o ponto de vista, a qualificação ocupacional na organização e a exigência da informação.

8

o que

para que

quem ou fonte

quando

processo

produto

resumo obter a qualificação da fonte de informação associar à fonte de informação os critérios de avaliação stakeholder após a etapa 7, qualificação do requisito qualifica fonte de informação docto.5 Documento de Qualificação da Fonte de Informação

A tabela 2.1 [ZAN99] é a referência para a qualificação da fonte de informação.

Fonte de Informação (atributo x categoria) categoria.1 categoria.2 categoria.3
1. ponto de vista do sh quanto à informação produtor (pr) consumidor (co) neutro (ne)
2. qualificação ocupacional do sh operacional (op) gerencial (ge) Estratégica (es)
3. exigência da informação pelo sh essencial (ss) expectativa (xp) excedente (xc)

Tabela 2.1 - Quadro Demonstrativo: Fonte de Informação e Atributos de Qualificação

O conjunto de atributos e categorias constitui um rol de combinações alternativas de respostas procedentes do stakeholder, do qual se pode compor o quadro demonstrativo completo, totalizando 27 (vinte e sete) colunas de possibilidades, conforme exposto na tabela 2.2 [ZAN99], na combinação de todas as categorias e atributos 3 a 3.

Requi23.gif (178619 bytes)

Tabela 2.2 - Quadro Demonstrativo Possibilidades de Respostas do Stakeholder

A qualificação da fonte de informação é expressa no preenchimento do documento 5:

5.01 - identificação numérica do requisito;
5.02 - observação adicional sobre o requisito;
5.03 - qualificação do stakeholder, ponto de vista (1-produtor, 2-consumidor, 3-neutro)
5.04 - qualificação da ocupação funcional (1-operacional, 2-gerencial, 3-estratégica)
5.05 - qualificação da exigência da informação (1-essencial, 2-expectativa, 3-excedente)

Documento de qualificação da fonte de informação [docto.5]

Requisitos

Qualificação Fonte Informação

5.01

5.02

5.03

5.04

5.05

id.req observação adicional

stakeholder

ocupação

exigência

001  

1

2

1

Na qualificação da fonte de informação os pesos de 1 a 9, tabela 2.6 [ZAN99], são divididos em três grupos: a(9,6,3), b(8,5,2) e c(7,4,1) para as possibilidades de respostas dos stakeholder. O requisito operacional comanda a atribuição de peso, na ordem de funcionalidade (a,b,c): operacional, gerencial e estratégico. O requisito gerencial atribui o peso (b,a,c): gerencial, operacional e estratégico. O requisito estratégico atribui o peso (c,b,a): operacional, gerencial e estratégico.

Requi25.gif (195960 bytes)

Tabela 2.6 - Opções de Atribuição de Peso à Fonte de Informação

2.4.4 Aplicação de Parâmetros para Qualificação do Requisito e da Fonte Informação

Corresponde à etapa (09) de apuração dos parâmetros de qualificação do requisito e da fonte de informação para validação dos requisitos.

Etapa.9 - Aplicar Parâmetros de Qualificação

A aplicação do modelo compreende a apropriação dos resultados das etapas de qualificação do requisito, qualificação da fonte de informação e o comparativo dos resultados para avaliação dos riscos.

9

o que

para que

quem ou fonte

quando

processo

produto

resumo obter o cálculo resultante do enquadramento das respostas dos stakeholder para os requisitos calcular a média de respostas obtidas para o requisito engenheiro de requisitos após a etapa 8, qualificação da fonte de informação aplica tabela de atribuição de valor e de ponderação sobre as respostas obtidas e calcula a qualificação docto.6 Planilha de Apuração de Respostas da Fonte de Informação

De posse das respostas obtidas do docto.5 é feita a apuração das respostas na Planilha de Apuração de Respostas da Fonte de Informação, por requisito, com o preenchimento do documento 6:

6.01 - tipo de resposta para o requisito (ocorrências de 01 a 27);
6.02 - quantidade de respostas para o requisito;
6.03 - percentual do tipo de resposta sobre o total de respostas;
6.04 - qualificação do stakeholder, ponto de vista (1-produtor, 2-consumidor, 3-neutro);
6.05 - qualificação da ocupação funcional (1-operacional, 2-gerencial, 3-estratégica);
6.06 - qualificação da exigência da informação (1-essencial, 2-expectativa, 3-excedente);
6.07 - valor atribuído ao tipo de resposta para classificação (tabela 2.2);
6.08 - peso atribuído ao tipo de resposta em relação ao requisito (tabela 2.6);
6.09 - produto resultante [6.02 (quantidade) x 6.07 (valor) x 6.08 (peso)];
6.10 - média R resultante {x[6.02 (quantidade) x 6.07 (valor) x 6.08 (peso)] / x[6.02 (qtde)]}
         - média M resultante {x[6.02 (quantidade) x 6.07 (valor) x 6.08 (peso)] / 792}

O exemplo a seguir é para o requisito n.001

Planilha de apuração de respostas da fonte de informação [docto.6]
Requisito - 001 (estratégico)

Requisitos

Qualificaç:Fonte Informação

Atribuição

Resultado

6.01

6.02

6.03

6.04

6.05

6.06

6.07

6.08

6.09

6.10

tipo.rp

qtde.rp

%resp

stakeholde

ocupação

exigência

valor

peso

produto

média

01

2

25,00

1

1

1

8

7

112

 

10

2

25,00

2

1

1

8

7

112

 

11

1

12,50

2

1

2

4

4

16

 

13

1

12,50

2

2

1

8

8

64

 

16

1

12,50

2

3

1

8

9

72

 

20

1

12,50

3

1

2

4

4

16

 

médiaR

8

100

-

-

-

-

-

392

49,00

médiaM

27

100

-

-

-

-

-

792

49,49

2.4.5 Composição do Quadro de Avaliação de Riscos

Corresponde à etapa (10) de composição do quadro de avaliação de riscos para validação dos requisitos.

Etapa.10 - Compor o quadro de avaliação de riscos

A aplicação do modelo conclui com o quadro de avaliação de risco de implementação de requisitos, correspondendo à última etapa de um ciclo de discussão que tende a ocorrer sempre em forma de espiral, ou seja, evolutiva de versões do Quadro Descritivo de Requisitos [docto.3] (etapa.6).

10

o que

para que

quem ou fonte

quando

processo

produto

resumo obter o mapa de avaliação de riscos de implementação do requisito avaliar a representativi-dade das respostas obtidas engenheiro de requisitos após etapa 9, apuração de planilha de respostas dos stakeholder comparar as médias obtidas em relação aos parâmetros docto.7 Quadro de Avaliação de Risco

A apuração de requisito é feita pelo engenheiro de requisitos na Planilha de Apuração de Riscos na Implementação do Requisito [docto.7, colunas 7.01 a 7.06], a partir da transcrição das informações do Documento de Qualificação de Requisitos [docto.4]:

7.01 - identificação numérica do requisito;
7.02 - qualificação funcionalidade do requisito (1-operacional, 2-gerencial, 3-estratégica);
7.03 - qualificação da área de origem do requisito (1-interna, 2-externa, 3-ordem legal);
7.04 - qualificação de dependência entre requisitos (1-grupo, 2-dependente, 3-individual); 7.05 - valor atribuído para classificação grupo de informação (grupo, 8 = 23; dependente 4 = 22; individual, 2 = 21);
7.06 - peso atribuído na qualificação pela funcionalidade do requisito 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1 correspondendo à terceira linha da tabela 2.5 [ZAN99];
7.07 - cálculo do produto 7.05 por 7.06, corresponde ao valor médio do requisito.

A apuração da fonte de informação é feita pelo engenheiro de requisitos, na Planilha de Apuração de Riscos na Implementação do Requisito [docto.7, colunas 7.08 a 7.12], a partir da transcrição das informações obtidas com o preenchimento da Planilha de Apuração de Respostas da Fonte de Informação [docto.6]:

7.08 - identificação do universo de stakeholder t=total ou e=estimado;
7.09 - quantificação do universo de stakeholder
7.10 - produto obtido do peso e valor atribuídos ao requisito no total do docto.6;
7.11 - média obtida do produto total pelo número de respostas obtidas do docto.6;
7.12 - média obtida do produto fixo 792 pelo produto total do docto.6;

Planilha de apuração de riscos na implementação do requisito [docto.7]

Requisitos Fonte Informação

Grau

7.01

7.02

7.03

7.04

7.05

7.06

7.07

7.08

7.09

7.10

7.11

7.12

7.13

7.14

id.rq

Func

orig

dp.rq

vlr

peso

resultado

qtde

univ

produto

médiaR

médiaM

riscoR

riscoM

001

es

in

gr

8

9

72,00

t

1

392

49,00

49,49

   
  • o risco em relação ao requisito 7.13 compreende o resultado da comparação das colunas 7.07 (requisito) e 7.11(fonte de informação), conforme os critérios comparativos do valor de risco representados na tabela 2.7 abaixo;

  • o risco em relação à média 7.14 compreende o resultado da comparação do conteúdo das colunas 7.07(requisito) e 7.12(fonte de informação), conforme os critérios comparativos do valor de risco representados na tabela 2.7.

    comparação

    x)fonte de informação

    y)requisito

    (<20) 1

    (20a<40) 2

    (>=40) 3

    (<20) 1

    alto (2)

    alto (3)

    médio (4)

    (20a<40) 2

    alto (3)

    médio (4)

    baixo (5)

    (>=40) 3

    médio (4)

    baixo (5)

    baixo (6)

Tabela 2.7 - Quadro de Avaliação Risco

O resultado obtido com os indicadores de risco para todo e qualquer requisito relacionado, é o balizador de avaliação no processo de captura de requisitos, da representatividade do universo de stakeholder envolvido no processo e, principalmente, da qualidade do produto resultante, o documento de requisitos.

Planilha de apuração de riscos na implementação do requisito [docto.7]

Requisitos Fonte Informação

Grau

7.01

7.02

7.03

7.04

7.05

7.06

7.07

7.08

7.09

7.10

7.11

7.12

7.13

7.14

id.rq

func

orig

dp.rq

vlr

peso

resultado

qtde

univ

produto

médiaR

MédiaM

riscoR

riscoM

001

es

in

gr

8

9

72,00

8

t1

392

49,00

49,49

baixo

baixo

O indicador de risco baixo representa que o processo de descrição do requisito teve, na qualificação do requisito e da fonte de informação, uma participação efetiva do stakeholder no processo, em termos de representatividade do universo stakeholder e da exigência do requisito.

O indicador de risco médio representa um resultado satisfatório, mas não o suficiente em termos de discussão e de representatividade do universo de stakeholder no processo para a validade do requisito. As causas podem ser: a amostra das pessoas escolhidas para o trabalho ou o requisito não ser representativo da vontade das pessoas. É necessária a revisão do requisito e das pessoas envolvidas no processo até que resulte em índice baixo.

O indicador de risco alto representa um resultado crítico e significa possíveis problemas futuros sem a devida revisão do conteúdo dos requisitos em conjunto com os stakeholder. É essencial que se refaça todo o processo de descrição do requisito.

Os graus de riscos, risco R (7.13) e risco M (7.14), podem resultar divergentes. A ocorrência deste fato aponta a variação da participação das pessoas no trabalho fora do contexto de sua atuação. De posse do resultado, o que se tem a fazer é analisar para os riscos médio e alto, as causas que determinaram o enquadramento.

3. APLICAÇÃO DA PRÁTICA DO MODELO

A aplicação prática do modelo para qualificação da fonte de informação e do requisito abrange o ambiente de uma biblioteca especialista em informática, no apoio às atividades técnicas na infra-estrutura de suporte a pesquisa, desenvolvimento, produção e comercialização de produtos e serviços de informática de uma grande empresa de informática.

Planilha de Apuração de Riscos na Implementação do Requisito [docto.7]

Requisitos Fonte Informação

Grau Risco

7.01

7.02

7.03

7.04

7.05

7.06

7.07

7.08

7.09

7.10

7.11

7.12

7.13

7.14

id.rq

func

orig

dp.rq

vlr

peso

resultado

qtde

univ

produt

médiaR

médiaM

riscoR

riscoM

001

es

in

gr

8

9

72,00

8

t1

392

49,00

49,49

baixo

 
002

es

in

gr

8

9

72,00

9

t1

272

30,22

34,34

baixo

 
003

ge

in

gr

8

9

72,00

4

t2

180

45,00

22,72

baixo

médio

004

ge

in

gr

8

9

72,00

7

t2

332

47,43

41,91

baixo

 
005

ge

in

gr

8

9

72,00

8

t2

292

36,50

36,86

baixo

 
006

ge

in

gr

8

9

72,00

9

t2

404

44,88

51,01

baixo

 
007

op

in

dp

4

8

32,00

8

e3

512

64,00

64,64

baixo

 
008

op

in

gr

8

9

72,00

7

t4

388

55,43

48,98

baixo

 
009

op

in

gr

8

9

72,00

9

t4

592

65,77

74,74

baixo

 
010

ge

in

gr

8

9

72,00

6

t4

250

41,66

31,56

baixo

 
011

op

in

dp

4

8

32,00

8

t4

520

65,00

65,65

baixo

 
012

op

in

dp

4

8

32,00

6

t4

280

46,66

35,35

baixo

médio

013

op

in

iv

2

7

14,00

10

t4

336

33,60

42,42

alto

médio

014

op

in

dp

4

8

32,00

7

t4

238

34,00

30,05

médio

 

3.1 Benefícios da Aplicação

O fator mais importante de aplicação do modelo de qualificação de requisito foi a abordagem de tratamento da informação. Define-se um requisito quando se tem um problema e a vontade de solucioná-lo.

Isto exige um empenho particular do engenheiro de requisitos em motivar o responsável pela contratação do serviço a interessar-se pelos problemas e, principalmente, conhecê-los. Também negociar o comprometimento de uma amostra de pessoas que são fundamentais como fonte de informação no processo de descobrimento de requisitos.

3.2 Significância para a Engenharia de Requisitos

Do ponto de vista prático, a significância está alinhada aos princípios defendidos na Engenharia de Requisitos sobre o foco no conhecimento do problema e a busca pela aproximação da teoria com a prática.

Os esforços em qualificar as informações obtidas no processo de descobrimento aproxima o responsável pela contratação do produto ou serviço, para a importância a ser dada ao fator opinião, obtenção de consenso e a tomada de decisão sobre o que realmente é essencial para uma organização ou negócio.

3.3 Contribuição para a Pesquisa

A proposta do modelo enfatiza a qualificação da fonte de informação e do requisito como um procedimento que precede à priorização ou seleção de requisito.

Comparando com as contribuições pesquisadas, o modelo de qualificação proposto aproxima-se da abordagem de Karlsson & Ryan [FP98], na técnica de assinalamento numérico para enquadramento importância absoluta do requisito (no caso, a exigência do requisito). No entanto, vai além porque enfatiza o ponto de vista do stakeholder como produtor e/ou consumidor da informação gerada.

Nas pesquisas de priorização e de seleção de requisitos para implementação, o critério de formulação da questão apresentou dois aspectos:

  • a importância absoluta do requisito - tem-se a atribuição de assinalamento numérico da intensidade de importância num intervalo de 1 a 5;

  • a importância relativa do requisito - tem-se a seleção da intensidade de importância num intervalo de 1 a 9, comparado aos demais dois a dois;

Em ambos, não é tratado formalmente quem é o stakeholder e o que ele representa no ambiente organizacional; daí a dúvida para saber se o resultado é representativo. O modelo proposto no trabalho viabiliza a recuperação da informação, principalmente, para um futuro gerenciamento de requisitos.

Um fato importante do modelo em relação à priorização de requisitos é o resultado da média obtida, tanto para o requisito quanto para a fonte de informação, constitui um parâmetro que prioriza a informação (Planilha de Apuração de Riscos de Implementação do Requisito, docto.7, coluna 7.11).

Na literatura sobre relacionamento de requisitos é tratada a hierarquia de requisitos, mas não sob os aspectos de funcionalidade dos mesmos. O modelo proposto permite a redução de comparações de requisitos e também checa a estrutura da informação que eles representam, com a proposta de redução de número de comparações.

No processo de descobrimento de requisitos, independente do uso de técnicas de reuniões conjuntas, a proposta prevê uma participação individual e exclusiva do agente da informação ao emitir parecer. O resultado será apropriado para o rol de informações sobre o requisito e comporá a média sobre a qual incidirá a ponderação que quantificará o grau de risco de representatividade do requisito.

A meta é atingir uma participação e colaboração efetiva do maior número de representantes de fonte de informação que são afetados pelo requisito ou que o definem. Por esta razão, a qualificação da fonte de informação e das características do requisito, durante o processo de descobrimento, constitui-se fator essencial para a validação do requisito.

CONCLUSÃO

Com este trabalho conclui-se que o processo de descobrimento e o embasamento do documento de requisitos é fundamental para a proposta de solução de problemas, antes do início do processo de desenvolvimento de software. Daí o objeto final deste trabalho ser o esforço em produzir o documento de requisitos que reflita as informações exigidas pelo universo de stakeholder comprometido com a solução do problema e pela representatividade dos mesmos no processo.

O trabalho não abrange a relação de custos de software. Outra característica não atendida é o gerenciamento do ciclo de vida do requisito ante as mudanças ambientais. Entretanto, permite visualizar a interdependência entre os requisitos para viabilizar um futuro rastreamento destas mudanças, como um pré-requisito para o gerenciamento.

O resultado da aplicação do modelo mostra, a partir do confronto das informações da qualificação da fonte de informação e da qualificação do requisito, um quadro comparativo dos riscos individuais de cada requisito (alto, médio, baixo).

Os níveis de risco de implementação do requisito refletem a variação da média obtida do requisito associada à média obtida da fonte de informação e permitem avaliar o processo de descobrimento de requisitos. As causas pertinentes são a falta de representatividade da amostra de pessoas envolvidas ou a não clareza de formulação do requisito e seus relacionamentos.

Uma conclusão particular do modelo é sobre a determinação dos pesos aplicáveis a cada condição de qualificação obtida da fonte de informação e do requisito, interligados via funcionalidade (operacional, gerencial e estratégica):

  • quanto ao requisito, a evidência de ponderação é enfatizar a complexidade da dependência entre os requisitos;

  • quanto à fonte de informação, os pesos são proporcionais ao nível de exigência atribuído para a informação;

  • quanto maior o número de participantes no processo de qualificação correspondente ao foco de decisão, maior será o índice médio obtido para o requisito e, conseqüentemente, melhor representado;

A comparação dos resultados é um processo que pode determinar a prioridade de requisitos, sendo a média o elemento classificador. Quanto maior a média, mais prioritário será o requisito.

O documento final de requisitos deve ser realmente um objeto de contratação de produtos e/ou serviços com maior grau de certeza de aplicação e garantia de atendimento dos requisitos dos stakeholder e, para isso, depende de requisitos válidos.

TRABALHOS FUTUROS

Além da aplicação prática do modelo em várias áreas do conhecimento para ajustes de atribuição de valor e ponderação, deve-se estender o estudo também:

  • às especificações que envolvem a solução do problema com a tecnologia de software, ou seja, características de qualidade;

  • aplicação de métricas de esforço na captura e qualificação de requisitos para cálculo de recursos e custos.

Outro fator importante a ser agregado ao modelo é o relacionamento quantitativo do universo de informações com o universo de fonte de informação utilizado no processo de extração de requisitos. A relação de proporcionalidade da representatividade da fonte de informação será também um qualificador do requisito descrito.

Finalmente, fazer a ligação do documento de requisitos gerado, ao processo de gerenciamento de requisitos em seu ciclo de vida. Para isso, é necessária, a agregação de alguns atributos de temporalidade aos requisitos, nominação e referência da origem da informação, pessoa e área, para o gerenciamento de mudanças.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[BOE96] BOEHM, Barry; IN, Hoh. Identifying quality-requirement conflicts. IEEE Software, p. 25-35, Mar./1996.

[BOE98] BOEHM, Barry. Software model conflicts and how to avoid them. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE ENGENHARIA DE SOFTWARE (1998: Maringá). Anais... Maringá: Sociedade Brasileira de Computação, 1998. p. 80. Disponível na Internet. www.sunset.usc.edu

[FP98] FOCALPOINT. Prioritizing requirements: what we want always exceeds what we can afford. Disponível na Internet. www.focalpoint.se/Metod/e_index.htmll

[GAU89] GAUSE, Donald C; WEINBERG, Gerald M. Are your lights on? How figure out what the problem really is. USA: Dorset House, 1990. p. 157.

[GAU90] GAUSE, Donald C; WEINBERG, Gerald M. Exploring requirements (quality before design). USA: Dorset House, 1989. p. 300.

[GAU98] GAUSE, Donald C. Seeing customer requirements: defining quality before design, assuring quality during design, improving quality after design. In: THIRD INTERNATIONAL CONFERENCE ON REQUIREMENTS ENGINEERING (1998: Colorado Springs). Tutorial... Los Alamitos: IEEE CSP, 1998. p. 22.

[JAC95a] JACKSON, Michael. Software requirements and specifications: a lexicon of pratice, principles and prejudices. Reading: Addison-Wesley, 1995. p. 228.

[JAC95b] JACKSON, Michael. Problems and requirements. In: SECOND INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON REQUIREMENTS ENGINEERING (1995: York) . Proceedings... Los Alamitos: IEEE, 1995. p. 2-8.

[LEI94] LEITE, Júlio C. S. P. Engenharia de requisitos. Rio de Janeiro: PUC-RIO, 1994. p. 63 (Notas de aula).

[LEI96] LEITE, Júlio C. S. P. Viewpoints on viewpoints. In: INTERNATIONAL WORKSHOP ON MULTIPLE PERSPECTIVES IN SOFTWARE DEVELOPMENT (1996: San Francisco). ACM Joint Proceedings... San Francisco: ACM, 1996. p. 285-288.

[RYA98] RYAN, Kevin. Requirements engineering - getting value for money. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE ENGENHARIA DE SOFTWARE (Maringá: 1998). Anais... Maringá: Sociedade Brasileira de Computação, 1998. p. 55.

[ZAN98] ZANLORENCI, Edna P.; BURNETT, Robert C. Modelo para qualificação da fonte de informação cliente e de requisito funcional. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE ENGENHARIA DE SOFTWARE (Maringá: 1998). Anais... Maringá: Sociedade Brasileira de Computação, 1998. v. 1, n. 1, p. 39-48.

[ZAN99] ZANLORENCI, Edna P.; BURNETT, Robert C. Descrição e qualificação de requisitos: um modelo aplicável à análise e validação da informação. Curitiba, 1999. Dissertação (Mestrado) Pontifícia Universidade Católica do Paraná. p. 229.