Telesomething

Autora: Nádia Pádua de Mattos - GAC 
  

A tecnologia hoje disponível no mundo todo, possibilita aproximar pessoas das mais diversas formas, interagindo em tempo real, transmitindo informações ou comunicando-se de forma eletrônica. A Internet contribuiu significativamente para esta disseminação. Os recursos tecnológicos de acesso, velocidade e segurança na transmissão das informações também fizeram crescer as Intranets. As redes garantem hoje a comunicação entre as instituições. Todas as áreas têm se beneficiado com o avanço tecnológico.

Na área da saúde, a tecnologia tem possibilitado que pessoas ou profissionais que vivem em áreas rurais ou desprovidas de determinados especialistas, tenham acesso a cuidados em saúde com qualidade.

Em países desenvolvidos, o cidadão pode contar com outros recursos para a saúde, como a teleradiologia, telepatologia e telecardiologia, entre outras "teles" que fazem parte da Telemedicina.

A Telemedicina é definida como a troca do uso da informação médica de um lugar a outro, usando a comunicação eletrônica para a educação do paciente ou profissional, e para os cuidados à saúde.

Também pode ser definida como o uso da telecomunicação para prover informações médicas e serviços (Peredina e Allen 1995) ou ainda, a transferência eletrônica com imagens de alta resolução, som, vídeo e registro de paciente de um local a outro.

Dependendo da aplicação e dos meios disponíveis para a transferência de dados médicos, existe uma variedade de tecnologias de comunicação que poderão ser utilizadas, incluindo linhas telefônicas, ISDN (Integrated Services Digital Network), ATM (Asynchronous Transfer Mode), Internet, Intranet ou satélites.

Os especialistas estão geralmente localizados em centros urbanos maiores e a tecnologia permite aproximar os profissionais dos cidadãos, independente de estarem em áreas geograficamente distintas. A Telemedicina tem sido empregada para consultas à distância em centros de referência, com profissionais especializados ou em centrais móveis de tratamento e diagnóstico. Uma das aplicações da Telemedicina nos cuidados à saúde é quando o paciente recebe o atendimento em casa, e pode significar redução de tempo e custo no transporte do paciente, que é definido como "Health Home Care".

Histórico

A Telemedicina já é empregada há 30 anos. A NASA teve uma grande contribuição para o desenvolvimento da Telemedicina (Bashshur and Lovett, 1977), quando os homens começaram a ir para o espaço. Parâmetros fisiológicos eram analisados durante a viagem ao espaço, transmitidos via satélite. A NASA como provedora de tecnologia foi pioneira em demonstrações de telemedicina.

Então, outros projetos começaram a ser desenvolvidos. Um livro de Rashid L. Bashshur, publicado em 1975, listou 15 projetos de telemedicina. Podemos citar, como exemplo, o projeto do Nebraska Medical Center, um Instituto de Psiquiatria, que utilizava um circuito fechado de TV junto com o Nosfolk State Hospital, em 1955. Era utilizado para educação e consultas de médicos generalistas à especialistas.

Desde 1977 o Memorial University of Newfoundland (MUN), através do Centro de Telemedicina, tem trabalhado no desenvolvimento de redes interativas para programas educacionais e na transmissão de dados médicos. Uma das regras básicas para a instituição é utilizar tecnologia simples, barata, flexível, que procura envolver os usuários desde o início do projeto, fornece suporte administrativo aos hospitais e clínicas, e se preocupa com a evolução tecnológica. O Memorial University of Newfoundland é modelo na utilização de tecnologia para Telemedicina com baixo custo e adequado juridicamente (House and Robert, 1977).

Em 1994, em Portland/Oregon, foi formado o "Telemedicine Research Center (TRC)" com a missão de aplicar recursos de alta qualidade em aplicações médicas, utilizando tecnologia de telecomunicações, agregando o conhecimento já existente e aplicando no mundo real, incluindo recursos de serviços clínicos e de informação. Tem como uma de suas atividades manter a página web "Telemedicine Information Exchange", que dispõe de informações sobre o assunto desde fevereiro de 1995.

Tecnologias Recentes

Novas tecnologias aparecem no mercado, como um instrumento para imagem digital 3D com aplicação na oftalmologia (Duncan Technologies, Inc), que utiliza a imagem da retina para diagnóstico da renopatia diabética e a degeneração macular. Trata-se de uma inovação em câmera digital, que suporta procedimentos e diagnósticos avançados, permitindo seu uso em aplicações de telemedicina.

A Sony também lançou um compacto sistema para Telemedicina, que pode ser usado com qualquer monitor NTSC (National Television Systems Committee). O equipamento oferece funções de câmera, auto-tracking para detecção de movimentos, compensação automática back-light, autofoco, zoom 12 X e resolução mínima de 460 linhas de TV, captura objetos em 3D e tem capacidade "wireless". O Powerpoint ou outro software de apresentação também pode ser integrado em uma videoconferência (Source: Sony Press Release, April 18, 1999).

Padrões de Comunicação Utilizados

Entre os padrões utilizados para a transferência de dados e imagens médicas, podemos citar:

HL7 – Health Level 7: interface entre sistemas de informações hospitalares. O padrão HL7 define o formato para a troca de informações entre bases de dados da área de saúde.

DICOM – Digital Imaging and Communication in Medicine: padrão para conexão e comunicação de imagens médicas. A mais recente versão é o DICOM 3.

ACR-NEMA – American College of Radiology and the National Equipment Manufactures Association: padrão para imagem utilizado na teleradiologia. Foi substituído pelo padrão DICOM.

A Telemedicina podem representar benefícios para o paciente, como facilitar o acesso aos serviços de saúde, o conforto, a segurança, a agilidade e a não necessidade de deslocamento ou visita ao Hospital com freqüência, e para os serviços de saúde, a centralização e otimização de atividades complexas, o treinamento e atualização de profissionais, a melhoria da qualidade dos serviços, a busca de solução de baixo custo dos serviços prestados e a possibilidade de rateio em áreas de excelência nacionais, regionais e locais.

No East Carolina University, mais de 2500 consultas foram realizadas utilizando recursos de Telemedicina entre 1992 e 1998, em 32 especialidades médicas. As grandes barreiras com relação ao uso da tecnologia continuam sendo os aspectos legais e éticos, a responsabilidade pelas conseqüências e a confiabilidade das informações.

O uso da Telemedicina exige alguns requisitos a mais para o paciente, para o provedor do serviço de saúde e para o uso da tecnologia. Por exemplo, antes do paciente ingressar em um programa de "Health Home Care" ele assina um termo de responsabilidade, e deve demonstrar habilidade para o uso e manutenção dos equipamentos que ficarão instalados em sua casa, recebe treinamento para executar alguns procedimentos e, obrigatoriamente, a primeira e última consulta devem ser presenciais, a fim de garantir qualidade no atendimento prestado e resolutividade. No lado do provedor dos serviços também existem critérios rigorosos: o serviço deve funcionar 24 horas e estar preparado para atendimentos de emergência, independente do acesso às visitas via vídeo. Quanto aos equipamentos instalados na casa do paciente, devem garantir boa qualidade e segurança na transmissão das imagens e informações.

Sobre a Telemedicina muitos aspectos podem ser abordados, mas Ronald C. Merrel, em 1995, conseguiu definir bem sobre a aplicação da tecnologia na área da saúde: "As inovações que iremos encontrar adiante vai além da possibilidade e são deslumbrantes em seu potencial. O futuro da Telemedicina nos próximos 10 anos está fora da nossa imaginação."

Referências Bibliográficas

[1] AMERICAN Telemedicine Association. Disponível na Internet.   http://atmeda.org

[2] GODBERG, A . S.; GORDON, J. F. Telemedicine: emerging legal issues. Disponível na Internet. http://www.healthlawyer.com

[3] HAYES, T.; KINSELLA, A.; BROWN, N. A.; PEREDNIA, D. A. The Telemedicine Information Exchange (TIE). The Journal of Telemedicine and TeleHealth. 1996.

[4] KURTUZ, G. L. The future of telecommunications in rural health care. Healthcare Information Management. 1994.

[5] PEREDNIA, D. A.; ALLEN, A. Telemedicine technology and clinical applications. 1995.

[6] REID, J. A. Telemedicine primer: understang the issues. Disponível na Internet. http://www.telemedprimer.com

[7] SOFTmedical's Ubimed Software Integrades HIS, PACS S&F Consultations. Disponível na Internet. http://www.softmedical.com

[8] SONY Eletronics. Disponível na Internet. http://www.sony.com

[9] TELEMEDICINE Information System. Disponível na Internet. http://telemed.org