Trabalhando em Redes Locais
Autor: David de Carvalho
Introdução
1995 foi o ano da explosão das redes locais em todo o Estado do Paraná, com várias dezenas de instalações, bem ou mal executadas. Se por um lado isso lembra produtividade, por outro vemos ambientes mal projetados, desorganizados e potencialmente perigosos para a saúde dos dados dos usuários.
Vamos neste pequeno texto dar uma olhada em como a rede deve ser administrada e utilizada, visando a produtividade e a segurança.
Vantagens da Rede
Em relação a um micro isolado, a rede oferece várias vantagens, dentre as quais podemos citar:
* Compartilhamento de dados - Consiste em dois ou mais usuários acessarem a mesma área ao mesmo tempo. Já existe hoje a possibilidade de vários usuários editarem o mesmo documento ao mesmo tempo, um vendo as alterações do outro.
* Compartilhamento de aplicativos - Similar ao anterior, se existirem 10 estações isoladas, serão necessárias 10 licenças de editor de texto, planilha, banco de dados, etc. Com a rede pode-se adquirir um número de licenças proporcional ao uso real, por exemplo 4 editores de texto, 3 planilhas, 2 bancos de dados, e assim por diante.
* Segurança - Apesar de todas as recomendações e advertências, são muito raros os usuários que se preocupam em fazer backups periódicos ou em usar programas anti-vírus com regularidade. Em um ambiente de rede bem administrado, um técnico (ou equipe, dependendo do tamanho) é responsável por essas rotinas, liberando o usuário dessas tarefas estranhas ao seu trabalho.
* Compartilhamento de recursos - Recursos em uma rede podem ser tanto os próprios dados e aplicativos como impressoras, placas de comunicação, faxes, scanners e outros. O ambiente rede permite otimizar o uso de recursos caros, diminuindo custos e aumentando a produtividade.
* Administração unificada e descentralizada - Sistemas Operacionais modernos permitem descentralizar a administração da rede através de vários servidores, de maneira transparente para o usuário, ao mesmo tempo em que uma pequena equipe administra o ambiente como um todo a partir de qualquer ponto da rede.
Riscos da Rede
À medida que aumenta o ambiente rede, também os riscos de perdas são potencializados. Na prática, a maioria das redes tem que sofrer algum desastre antes que esse assunto seja sequer considerado digno de discussão. Vejamos alguns dos riscos mais comuns e perigosos:
* Contaminação por vírus - Mesmo que sejam raros os casos de contaminação de vírus em servidores de rede, estes são grandes difusores potenciais de contaminação, devido ao grande número de usuários compartilhando áreas comuns. O uso de vacinas apenas diminui o risco, e depende da disciplina do usuário de usá-las sempre. A melhor solução continua sendo limitar e controlar as estações com drives. Por outro lado, o acesso cada vez mais fácil à Internet, com facilidades de transferência de arquivos, amplia enormemente a probabilidade de contaminação.
* Pirataria - Aqui não apenas citamos o problema de usuários levarem cópias de programas da rede, mas, principalmente o oposto, quando os usuários copiam programas piratas para dentro da rede. A maneira de evitar este problema é limitar as áreas da rede onde o usuário tem direitos de gravação, além do controle de estações com drives. Da mesma forma que com os vírus, o acesso descontrolado à Internet também facilita a pirataria.
* Perda de dados - Com a rede armazenando os dados de vários usuários, qualquer perda de dados é muito mais grave. Os dados podem ser perdidos por problemas de hardware (p.e. falhas de disco) ou software (p.e. bugs, vírus, apagamento acidental ou intencional). Para diminuir esse tipo de risco, o bom e velho backup é obrigatório, com bastante redundância e mídia confiável. Além disso, deve-se exigir alta qualidade no hardware adquirido, especialmente no servidor e seus periféricos.
* Parada do servidor - Em um ambiente rede, a parada do servidor implica em parada do trabalho de todos os usuários. Como no item anterior, deve-se exigir hardware da melhor qualidade, além de dispor de equipamento de backup e assistência técnica rápida e competente. Para demonstrar essa economia inútil, basta calcular quanto custa uma ou duas horas sem trabalhar de todos os usuários da rede. Certamente será mais do que custa a aquisição de um servidor de primeira linha.
A Administração da Rede
A administração da rede é capacitada e encarregada de garantir a integridade e continuidade do ambiente da rede. Para tanto, deve ser dedicada exclusivamente a essa tarefa, devendo ser uma equipe de trabalho no caso de redes médias a grandes. A administração deve ter autonomia para gerir a rede segundo critérios técnicos (e não políticos), e suas tarefas incluem:
* Rotinas administrativas - A administração deve definir e executar as rotinas do dia-a-dia da rede, tais como backup, execução de vacinas, auditorias, coleta de lixo (remoção de arquivos velhos), etc.
* Planejamento de recursos - A rede oferece recursos como espaço em disco, linhas de comunicação, impressoras e outros. O problema é que nenhum desses recursos é inesgotável, e deve ser utilizado com critério e permanentemente acompanhado quanto à necessidade de ampliação. O caso mais típico é o da Lei da Entropia do Disco Rígido, que diz que todo espaço livre será ocupado. No caso de redes administradas politicamente, o planejamento de recursos é perda de tempo.
* Prevenção e recuperação de desastres - De acordo com a conhecida Lei de Murphy, se algo pode dar errado, dará. E a preocupação da administração da rede não é SE um desastre vai acontecer, mas QUANDO, e O QUE fazer a respeito. A administração da rede deve ter planos para casos de perda de disco, do próprio servidor ou de componentes essenciais do cabeamento (placas de rede do servidor, hubs, etc.). A disponibilidade de equipamento reserva de pontos críticos é praxe em redes corporativas.
* Auxílio aos usuários - A administração da rede, queira ou não, torna-se referência para os usuários em relação aos aplicativos utilizados, e deve dispor de suporte capacitado ou ser treinada para tal. O uso de ferramentas de tele-suporte também pode agilizar bastante o atendimento.
O Usuário da Rede
O usuário é, sem dúvida nenhuma, o componente central da rede, e é em torno dele que a rede deve ser projetada. Em função disso, a rede deve ser apresentada ao usuário da maneira mais transparente possível, de modo que ele possa se preocupar exclusivamente com o seu trabalho.
Por outro lado, a rede é um ambiente público, e o usuário deve ser adequadamente preparado para trabalhar nesse tipo de ambiente. Essa preparação não implica meramente em ensinar um ou outro comando simples, mas principalmente na "etiqueta" do uso da rede. Vejamos alguns exemplos:
* Espaço em disco - A maior briga do usuário com a administração é o motivo por que um memorando de requisição de clips deve ficar na rede, pois "pode ser necessário um dia". O que esse usuário esquece é que o espaço ocupado por esse arquivo vai fazer falta para alguma coisa útil de fato. Dessa forma, o usuário deve se habituar a apagar arquivos inúteis e compactar (se a própria rede já não fizer isso) os arquivos que não estão sendo usados mas vão ser necessários mais tarde. A administração, por sua vez, estabelecerá um prazo de vencimento adequado para os arquivos a serem retirados em uma coleta de lixo periódica.
* Impressão - Alguns usuários desconhecem a utilidade de máquinas xerox, e insistem em mandar imprimir várias cópias do mesmo arquivo na principal impressora da rede, atrapalhando o andamento do trabalho dos outros. Além disso é comum o envio de trabalhos de impressão mal configurados (tamanho de papel, tipo de impressora, etc.), desperdiçando quilos de papel e paciência dos demais usuários. O usuário deve exigir da administração da rede uma boa padronização dos serviços de impressão, devendo também, por outro lado, conhecer os procedimentos para evitar erros na impressão.
* Comunicações - A administração normalmente utiliza algum tipo de correio eletrônico para comunicar mudanças, paradas programadas, dicas e outras informações importantes para os usuários. No sentido oposto, o usuário deve utilizar esse mesmo meio para fazer solicitações, tirar dúvidas, criticar ou até mesmo elogiar a administração da rede. Apesar disso, alguns usuários preferem ignorar esse tipo de comunicado, e depois são pegos de surpresa quando as coisas acontecem e não sabem o que se passa.
Conclusão
Através dos tópicos acima podemos ver que as redes são instrumentos poderosos de produtividade e segurança, mas dependem de uma administração técnica adequada e um comportamento coerente dos seus usuários em relação ao trabalho em equipe.
Introdução
1995 foi o ano da explosão das redes locais em todo o Estado do Paraná, com várias dezenas de instalações, bem ou mal executadas. Se por um lado isso lembra produtividade, por outro vemos ambientes mal projetados, desorganizados e potencialmente perigosos para a saúde dos dados dos usuários.
Vamos neste pequeno texto dar uma olhada em como a rede deve ser administrada e utilizada, visando a produtividade e a segurança.
Vantagens da Rede
Em relação a um micro isolado, a rede oferece várias vantagens, dentre as quais podemos citar:
* Compartilhamento de dados - Consiste em dois ou mais usuários acessarem a mesma área ao mesmo tempo. Já existe hoje a possibilidade de vários usuários editarem o mesmo documento ao mesmo tempo, um vendo as alterações do outro.
* Compartilhamento de aplicativos - Similar ao anterior, se existirem 10 estações isoladas, serão necessárias 10 licenças de editor de texto, planilha, banco de dados, etc. Com a rede pode-se adquirir um número de licenças proporcional ao uso real, por exemplo 4 editores de texto, 3 planilhas, 2 bancos de dados, e assim por diante.
* Segurança - Apesar de todas as recomendações e advertências, são muito raros os usuários que se preocupam em fazer backups periódicos ou em usar programas anti-vírus com regularidade. Em um ambiente de rede bem administrado, um técnico (ou equipe, dependendo do tamanho) é responsável por essas rotinas, liberando o usuário dessas tarefas estranhas ao seu trabalho.
* Compartilhamento de recursos - Recursos em uma rede podem ser tanto os próprios dados e aplicativos como impressoras, placas de comunicação, faxes, scanners e outros. O ambiente rede permite otimizar o uso de recursos caros, diminuindo custos e aumentando a produtividade.
* Administração unificada e descentralizada - Sistemas Operacionais modernos permitem descentralizar a administração da rede através de vários servidores, de maneira transparente para o usuário, ao mesmo tempo em que uma pequena equipe administra o ambiente como um todo a partir de qualquer ponto da rede.
Riscos da Rede
À medida que aumenta o ambiente rede, também os riscos de perdas são potencializados. Na prática, a maioria das redes tem que sofrer algum desastre antes que esse assunto seja sequer considerado digno de discussão. Vejamos alguns dos riscos mais comuns e perigosos:
* Contaminação por vírus - Mesmo que sejam raros os casos de contaminação de vírus em servidores de rede, estes são grandes difusores potenciais de contaminação, devido ao grande número de usuários compartilhando áreas comuns. O uso de vacinas apenas diminui o risco, e depende da disciplina do usuário de usá-las sempre. A melhor solução continua sendo limitar e controlar as estações com drives. Por outro lado, o acesso cada vez mais fácil à Internet, com facilidades de transferência de arquivos, amplia enormemente a probabilidade de contaminação.
* Pirataria - Aqui não apenas citamos o problema de usuários levarem cópias de programas da rede, mas, principalmente o oposto, quando os usuários copiam programas piratas para dentro da rede. A maneira de evitar este problema é limitar as áreas da rede onde o usuário tem direitos de gravação, além do controle de estações com drives. Da mesma forma que com os vírus, o acesso descontrolado à Internet também facilita a pirataria.
* Perda de dados - Com a rede armazenando os dados de vários usuários, qualquer perda de dados é muito mais grave. Os dados podem ser perdidos por problemas de hardware (p.e. falhas de disco) ou software (p.e. bugs, vírus, apagamento acidental ou intencional). Para diminuir esse tipo de risco, o bom e velho backup é obrigatório, com bastante redundância e mídia confiável. Além disso, deve-se exigir alta qualidade no hardware adquirido, especialmente no servidor e seus periféricos.
* Parada do servidor - Em um ambiente rede, a parada do servidor implica em parada do trabalho de todos os usuários. Como no item anterior, deve-se exigir hardware da melhor qualidade, além de dispor de equipamento de backup e assistência técnica rápida e competente. Para demonstrar essa economia inútil, basta calcular quanto custa uma ou duas horas sem trabalhar de todos os usuários da rede. Certamente será mais do que custa a aquisição de um servidor de primeira linha.
A Administração da Rede
A administração da rede é capacitada e encarregada de garantir a integridade e continuidade do ambiente da rede. Para tanto, deve ser dedicada exclusivamente a essa tarefa, devendo ser uma equipe de trabalho no caso de redes médias a grandes. A administração deve ter autonomia para gerir a rede segundo critérios técnicos (e não políticos), e suas tarefas incluem:
* Rotinas administrativas - A administração deve definir e executar as rotinas do dia-a-dia da rede, tais como backup, execução de vacinas, auditorias, coleta de lixo (remoção de arquivos velhos), etc.
* Planejamento de recursos - A rede oferece recursos como espaço em disco, linhas de comunicação, impressoras e outros. O problema é que nenhum desses recursos é inesgotável, e deve ser utilizado com critério e permanentemente acompanhado quanto à necessidade de ampliação. O caso mais típico é o da Lei da Entropia do Disco Rígido, que diz que todo espaço livre será ocupado. No caso de redes administradas politicamente, o planejamento de recursos é perda de tempo.
* Prevenção e recuperação de desastres - De acordo com a conhecida Lei de Murphy, se algo pode dar errado, dará. E a preocupação da administração da rede não é SE um desastre vai acontecer, mas QUANDO, e O QUE fazer a respeito. A administração da rede deve ter planos para casos de perda de disco, do próprio servidor ou de componentes essenciais do cabeamento (placas de rede do servidor, hubs, etc.). A disponibilidade de equipamento reserva de pontos críticos é praxe em redes corporativas.
* Auxílio aos usuários - A administração da rede, queira ou não, torna-se referência para os usuários em relação aos aplicativos utilizados, e deve dispor de suporte capacitado ou ser treinada para tal. O uso de ferramentas de tele-suporte também pode agilizar bastante o atendimento.
O Usuário da Rede
O usuário é, sem dúvida nenhuma, o componente central da rede, e é em torno dele que a rede deve ser projetada. Em função disso, a rede deve ser apresentada ao usuário da maneira mais transparente possível, de modo que ele possa se preocupar exclusivamente com o seu trabalho.
Por outro lado, a rede é um ambiente público, e o usuário deve ser adequadamente preparado para trabalhar nesse tipo de ambiente. Essa preparação não implica meramente em ensinar um ou outro comando simples, mas principalmente na "etiqueta" do uso da rede. Vejamos alguns exemplos:
* Espaço em disco - A maior briga do usuário com a administração é o motivo por que um memorando de requisição de clips deve ficar na rede, pois "pode ser necessário um dia". O que esse usuário esquece é que o espaço ocupado por esse arquivo vai fazer falta para alguma coisa útil de fato. Dessa forma, o usuário deve se habituar a apagar arquivos inúteis e compactar (se a própria rede já não fizer isso) os arquivos que não estão sendo usados mas vão ser necessários mais tarde. A administração, por sua vez, estabelecerá um prazo de vencimento adequado para os arquivos a serem retirados em uma coleta de lixo periódica.
* Impressão - Alguns usuários desconhecem a utilidade de máquinas xerox, e insistem em mandar imprimir várias cópias do mesmo arquivo na principal impressora da rede, atrapalhando o andamento do trabalho dos outros. Além disso é comum o envio de trabalhos de impressão mal configurados (tamanho de papel, tipo de impressora, etc.), desperdiçando quilos de papel e paciência dos demais usuários. O usuário deve exigir da administração da rede uma boa padronização dos serviços de impressão, devendo também, por outro lado, conhecer os procedimentos para evitar erros na impressão.
* Comunicações - A administração normalmente utiliza algum tipo de correio eletrônico para comunicar mudanças, paradas programadas, dicas e outras informações importantes para os usuários. No sentido oposto, o usuário deve utilizar esse mesmo meio para fazer solicitações, tirar dúvidas, criticar ou até mesmo elogiar a administração da rede. Apesar disso, alguns usuários preferem ignorar esse tipo de comunicado, e depois são pegos de surpresa quando as coisas acontecem e não sabem o que se passa.
Conclusão
Através dos tópicos acima podemos ver que as redes são instrumentos poderosos de produtividade e segurança, mas dependem de uma administração técnica adequada e um comportamento coerente dos seus usuários em relação ao trabalho em equipe.