Um pendrive clean
Autor: Pedro Luis Kantek Garcia Navarro (*)
Temos a felicidade de contar entre nós com uma enciclopédia viva sobre a informática. Enquanto em outros lugares as pessoas que querem conhecer qualquer coisa sobre computadores, linguagens, informática em geral têm que ir a livros ou sites, nós temos esta tarefa facilitada: basta perguntar ao Arno Müller.
O Müller, embora faça questão de se apresentar como conservador (adora um programa em Assembler), no fundo, no fundo, é bem novidadeiro, desde que ninguém fique sabendo, é claro.
Na última semana apareceu aqui com um pendrive. Não sei se todos conhecem, mas esta tralha é um dispositivo do tamanho de uma caneta que as pessoas plugam no micro (numa porta USB) e a engenhoca passa a funcionar como se fosse um disco rígido. Mas, melhor que este, não tem nenhum componente móvel, é puro circuito de memória. Rápido, e não muito caro, os mais comuns têm a capacidade de 128 megabytes, mais ou menos o equivalente a 100 disquetes.
Nosso personagem não ia deixar por menos, comprou logo um de 512 megabytes, com opção de guardar músicas MP3, ouvir rádio AM/FM, só faltou fazer pipoca de microonda. Como uma criança com seu autorama novo, lá ia o Müller para cima e para baixo com o brinquedinho. Que alías é bem pequeno de tamanho, característica essa que já vai mostrar a sua importância na história.
Na sexta-feira passada, ao olhar uma aglomeração de pessoas que manuseavam alguns arquivos, logo se lembrou do pendrive e não deixou por menos: vou copiar estes arquivos também!
Meteu a mão no bolso da camisa e nada de pendrive. No da calça idem idem. Olhou dentro do sapato e menos ainda. Não se apoquentou: devo ter deixado na pasta, vou buscar...
Para encurtar a história, não estava na mesa, nem na pasta, nem no outro sapato. Já com uma pulga atrás da orelha, ligou para casa. Pediu para a mulher olhar as roupas de ontem. Todas estavam no armário, exceto uma: a camisa. Que já estava sendo batida, rebatida e tribatida pela máquina de lavar, bastante água e sabão abundante. Adivinhem onde estava o pendrive?
Claro que no bolso desta camisa. Que decepção, associado a ganas assassinas em relação à assistente doméstica que botou a camisa na água sem antes salvar a engenhoca.
Hoje, depois de um fim de semana, é um risonho Müller que conta:
Cheguei em casa, e graças a Deus a assistente já havia se escafedido, prevendo o pior. Salvei o brinquedinho e coloquei ele sob um banho de luz forte (e quente) para tirar a água. Depois deixei horas sobre o monitor do micro, para concluir a secagem.
A assistência, nessa altura, grande e toda interessada no desfecho, não se conteve: E, voltou a funcionar?
Depois de um tempo de suspense, a resposta: Voltou. Ficou perfeito. Nada se perdeu. O único problema é que quando esquenta, vem um cheiro de OMO...
(*) O autor é analista da Celepar