Universidade do Campo e as Organizações na era da Informática
Escrito por Antonio Carlos Rodrigues da Silva Coord. Programa Univer. do Campo IAPAR Londrina PR (043) 326-1525
Uma das características mais marcantes da atualidade é, sem dúvida, o aumento do nível de consciência do cidadão com relação aos seus direitos e, entre esses, o do acesso à informação.
Isto não significa linearmente que ele esteja mais bem informado mas, sim, que as empresas que não estiverem atentas a essas exigências do cidadão, provavelmente terão dificuldades.
Atesta-se, assim, a veracidade de algumas megatendências para esse final de século apontadas na década passada e, entre elas, o triunfo do indivíduo e a informação como uma das principais matérias-primas.
Certamente, lidar com esses novos valores ou novos paradigmas não é muito simples, como não o foi aceitar a teoria da evolução no século passado ou a afirmação de Galileu de que não era o sol que girava em torno da terra mas, o inverso.
À medida em que negam verdades até então aceitas, os novos paradigmas trazem desconforto, mas se apresentam como referenciais importantes para o avanço da humanidade.
A rede internacional de redes, a Internet, é uma ferramenta que consolida estas megatendências à medida em que permite o acesso do cidadão à informação numa velocidade e qualidade inéditas.
Em sintonia com essas tendências, o governo do Paraná pretende, nos próximos meses, modernizar todo o parque de informática do setor público.
No que diz respeito ao setor rural, uma das idéias é disponibilizar, via informática, as informações geradas e disponíveis nas instituições que integram o agronegócio paranaense.
Com a denominação de Programa Universidade do Campo, através do endereço http://www.pr.gov.br/ucampo, já estão disponibilizadas informações institucionais de várias entidades que interagem com a realidade agrosilvopastoril do Estado.
Num segundo momento, é de se esperar que todas as instituições alimentem o sistema com informações referentes aos seus principais produtos e serviços, assim como, mantenham uma interação dinâmica com o seu ambiente.
Com a estrutura de informática modernizada em todo o Estado nos próximos meses, também estará em curso a capacitação de pessoas - tanto para a geração de informações dentro das instituições, como para usuários da Universidade do Campo, ou seja, para aqueles que estiverem nos terminais das organizações que o produtor rural, e demais interessados, tenham acesso: as prefeituras municipais, as cooperativas agropecuárias, os sindicatos rurais, os escritórios regionais da SEAB e da Emater, as estações experimentais do Iapar, as unidades regionais do Ceasa, da Claspar e da Codapar e os Centros de Ciências Agrárias das Universidades e Escolas de Agronomia, Zootecnia, Medicina Veterinária e outras.
Enquanto a atenção estiver voltada para as informações institucionais, não há muito com que se preocupar, pois as organizações estão muito bem preparadas culturalmente para isso.
É a alimentação constante desse sistema que exigirá maior esforço das organizações, pois implica num rompimento com o padrão convencional de interação com o ambiente de cada uma e na integração muito forte entre as organizações que compõem o agronegócio paranaense. E isso, convenhamos, não faz muito parte da nossa cultura organizacional.
Por ser este um processo complexo, deve ser encarado e entendido como uma oportunidade de aprendizado que exige um repensar da missão de cada organização integrante; obriga a uma avaliação dos modelos mentais que predominam nas empresas. Exige, ainda, o reconhecimento do coletivo como fonte de aprendizagem e a importância do pensar futuro.
A denominação universidade para esse Programa advém da oportunidade de aprendizagem que esse processo oferece a todos integrantes das principais cadeias produtivas do Paraná.
É impossível, hoje, saber como esse processo vai se dar. Mas, não é tão difícil imaginar o que acontecerá com as instituições que não estiverem atentas a essas novas exigências do seu público consumidor.
É por isso que, ao acessar hoje a home-page da Universidade do Campo, o usuário, verá no item “Apresentação”, os aspectos conceituais dessa idéia-força. Sinteticamente, é destacada a importância do reconhecimento de que as organizações atuais integram “redes”, ou seja, fazem parte de uma malha composta de inúmeras organizações interdependentes.
Conceitualmente, o Programa Universidade do Campo é, também, uma política pública, na qual devem ser observados o discurso, sua sustentabilidade, a estrutura organizacional para sua implementação e o seu orçamento.
Enquanto observa-se a existência de sintonia entre as duas primeiras categorias, atenção especial deve ser dada à estrutura organizacional, pois o sucesso de qualquer política pública depende da harmonia entre essas categorias interdependentes.
Essa desejável sintonia depende, certamente, das organizações integrantes, em função do seu real comprometimento com os objetivos do Programa e, assim, manter o seu público não só informado, mas muito bem informado.
É sempre oportuno alertar para a importância do setor público adequar-se a essa realidade e tomar as medidas com competência e antecipadamente. E, se não puder fazê-lo, é bem possível que o setor privado o faça, mas sem a ênfase no social, que é prerrogativa de uma boa gestão pública.